Milhões de casos de COVID teriam sido evitados com suplementação de vitamina D: estudo

Por Bill Pan
23/11/2022 19:30 Atualizado: 23/11/2022 19:30

Um estudo com veteranos americanos sugere que a distribuição nacional de suplementos de vitamina D poderia ter evitado mais de 110.000 mortes por COVID-19 e milhões de infecções pelo vírus.

A falta de vitamina D no corpo humano tem sido associada à baixa imunidade, o que torna as pessoas mais propensas a infecções virais. Vários estudos mostraram que aqueles com deficiência de vitamina D correm maior risco de contrair COVID-19 e apresentar sintomas graves. No entanto, não foi lançada muita luz sobre se o tratamento com vitamina D pode reduzir o risco de morte por COVID-19.

O estudo, publicado no início deste mês no Scientific Reports, um subjornal da Nature, analisa a relação entre a suplementação de vitamina D2 e ​​D3 e o risco de morrer de COVID-19 dentro de 30 dias após a infecção.

Usando dados fornecidos pelo Departamento de Assuntos de Veteranos (VA) dos EUA, a equipe de pesquisa conduziu uma análise de 199.498 veteranos tratados com vitamina D3 e 33.216 veteranos tratados com D2 entre o período pré-pandêmico de 1º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2020 e durante a pandemia de 1º de março de 2020 a 31 de dezembro de 2020. Cada paciente foi pareado individualmente com um paciente VA não tratado como controle.

Os pesquisadores também realizaram uma análise de subgrupo com base em raça e gênero. Sabe-se que as pessoas com pele mais escura normalmente têm níveis mais baixos de vitamina D do que aquelas com peles mais claras, uma vez que mais melanina reduz a capacidade das pessoas de sintetizar a vitamina D do sol. Também foi descoberto que as mulheres têm níveis sanguíneos de vitamina D maiores do que os homens.

As descobertas

De acordo com os pesquisadores, a suplementação de vitamina D2 e ​​D3 durante a pandemia reduziu a probabilidade de infecção por COVID-19 em 20 e 28 por cento, respectivamente. Com uma dosagem diária média de 50.000 UI, houve uma redução de 49% na infecção por COVID-19 em pacientes com níveis sanguíneos de vitamina D abaixo do normal.

O estudo também descobriu que a suplementação de vitamina D3 estava relacionada a um risco 33% menor de morrer em 30 dias após a infecção por COVID-19, embora o tratamento com vitamina D2 não tenha produzido resultados estatisticamente significativos a esse respeito.

Quando se trata de gênero, a equipe de pesquisa descobriu que a vitamina D3 é tão eficaz na redução das taxas de infecção por COVID-19 para homens quanto para mulheres. Eles também observaram uma redução maior nas taxas de infecção por COVID-19 em pacientes negros tratados com D3 (28%) do que em brancos (18%) quando comparados com controles não tratados.

“Quando extrapolamos nossos resultados para a suplementação de vitamina D3 para toda a população dos EUA em 2020, haveria aproximadamente 4 milhões a menos de casos de COVID-19 e 116.000 mortes evitadas”, escreveram os pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e das Universidades de Michigan e Chicago.

“Calculamos esses valores aplicando nossa redução média estimada de 20% na infecção e 33% na redução da mortalidade pela vitamina D3, após a infecção,  para um total de 19.860.000 casos e 351.999 mortes até 2020”, explicaram.

No VA, houve 343.094 casos e 14.981 mortes conhecidas de março a outubro de 2020. Usando o mesmo cálculo, os pesquisadores estimaram que haveria 69.000 casos a menos de veteranos infectados e 4.900 mortes a menos durante esse período.

Os pesquisadores admitiram, porém, que seu cálculo pode ter subestimado o benefício potencial de todos os americanos tomarem suplementos de vitamina D durante a pandemia. Por outro lado, suas estimativas também podem ser infladas se seus indivíduos tiverem uma prevalência maior de deficiência de vitamina D do que a população geral dos EUA.

“Ainda assim, dadas nossas descobertas, a ausência de efeitos colaterais graves e a ampla disponibilidade de vitamina D3 a baixo custo, a vitamina D3 apresenta uma oportunidade única para reduzir a propagação e a gravidade da pandemia de COVID-19”, concluíram.

Estudos anteriores

No início deste ano, uma equipe de pesquisadores do México descobriu que a suplementação de vitamina D pode ajudar a prevenir a COVID-19 sem eventos adversos graves, independentemente do status de vitamina D do indivíduo.

O estudo, publicado no Archives of Medical Research, envolveu 321 profissionais de saúde da linha de frente de quatro hospitais na Cidade do México, todos com teste negativo para COVID-19 entre 15 de julho e 30 de dezembro de 2020. Os participantes foram designados aleatoriamente para receber 4.000 UI de vitamina D ou placebo por dia, durante 30 dias.

Um total de 94 pessoas no grupo de vitamina D e 98 pessoas no grupo de placebo completaram o acompanhamento no estudo. Os pesquisadores encontraram uma taxa de infecção significativamente menor de COVID-19 no grupo de vitamina D (6,4%) do que no grupo de placebo (24,5%).

“Os resultados de nosso estudo prospectivo, duplo-cego, controlado por placebo, demonstram que a suplementação de vitamina D é eficaz na prevenção da infecção por SARS-CoV-2 em profissionais de saúde da linha de frente de alto risco”, diz o relatório.

 

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