Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Milhares de produtos químicos provenientes de embalagens de alimentos e utensílios foram detectados em corpos humanos, incluindo alguns conhecidos por serem perigosos para a saúde, de acordo com um novo estudo publicado no Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology.
Dos mais de 14.000 produtos químicos atualmente monitorados por possíveis riscos à saúde, 3.601 foram encontrados em corpos humanos, representando cerca de 25% do total, o que levanta preocupações sobre potenciais ligações com doenças não transmissíveis e problemas reprodutivos, descobriram os autores.
O estudo revisou dados de programas de biomonitoramento, estudos e bancos de dados de metabolômica.
Há evidências de que certos produtos químicos podem estar relacionados ao aumento do número de doenças não transmissíveis. Essas doenças, que são não contagiosas, como doenças cardíacas, câncer e diabetes, são a principal causa de morte globalmente e um problema de saúde crescente.
Benzofenona, usada na fabricação de embalagens plásticas, é um “presumido carcinógeno”, relataram os pesquisadores. Ela está entre vários produtos químicos de contato com alimentos detectados em humanos, incluindo estireno, formaldeído e cádmio.
Embora os pesquisadores tenham feito uma busca abrangente, Christopher Kassotis, professor assistente no Departamento de Farmacologia da Wayne State University, afirmou que a lista de produtos químicos prejudiciais é provavelmente maior, já que a pesquisa foi restrita a bancos de dados e programas de biomonitoramento específicos.
Kassotis, que dirige um laboratório de pesquisa que estuda produtos químicos perigosos, disse que há mais de 350.000 produtos químicos e misturas registrados no mercado global, sendo que centenas de milhares carecem de caracterização toxicológica suficiente.
Birgit Geueke, primeira autora do estudo, disse em um comunicado à imprensa que este estudo destaca produtos químicos que foram negligenciados em outros estudos focados no monitoramento de perigos ambientais.
“Isso oferece uma oportunidade importante para prevenção e proteção da saúde”, disse Geueke, cientista sênior do Food Packaging Forum, uma fundação sem fins lucrativos sediada em Zurique, Suíça. “Nossa pesquisa estabelece um vínculo entre produtos químicos de contato com alimentos, exposição e saúde humana.”
A equipe de pesquisa, que inclui quatro membros do Food Packaging Forum, identificou vários grupos de produtos químicos em produtos relacionados a alimentos com propriedades perigosas. Estes incluem bisfenóis (BPAs), metais, ftalatos e compostos orgânicos voláteis (COVs).
Uma abundância de produtos químicos inseguros
Os pesquisadores analisaram informações de bancos de dados contendo amostras humanas de fluidos corporais, cabelo e leite materno de diversas populações para identificar produtos químicos prejudiciais. Eles compararam 14.402 produtos químicos conhecidos com aqueles detectados em corpos humanos, conforme relatado por programas que monitoram a exposição a substâncias perigosas.
Eles também detectaram mais de 100 produtos químicos de contato com alimentos (FCCs) que são arriscados para a saúde humana.
Isso incluiu 25 pesticidas, 23 metais, 20 retardantes de chama, 51 COVs e outras substâncias potencialmente perigosas. Cem produtos químicos em contato com alimentos “têm propriedades de risco altamente preocupantes para a saúde humana” e 44 produtos químicos têm propriedades de preocupação moderada, relataram em seu estudo.
O estudo revelou que os produtos usados em contato com alimentos incluíam vários carcinógenos conhecidos, como estireno, benzofenona, formaldeído e cádmio — todos também encontrados em humanos.
“Dezenas de FCCs são classificados como tóxicos para a reprodução”, relataram os pesquisadores.
Regulamentação e alternativas seguras
Jane Muncke, coautora do estudo e diretora-gerente do Food Packaging Forum, afirmou no comunicado à imprensa: “Gostaríamos que essa nova base de evidências fosse usada para melhorar a segurança dos materiais em contato com alimentos — tanto em termos de regulamentação quanto no desenvolvimento de alternativas mais seguras.”
BPAs são proibidos em vários itens de contato com alimentos, incluindo mamadeiras, em muitos países. No entanto, ainda são regularmente observados em materiais que entram em contato com alimentos, segundo os pesquisadores. A Comissão Europeia propôs uma proibição total do uso de BPAs na produção de materiais de contato com alimentos (FCMs).
Nos Estados Unidos, a FDA proíbe o uso de BPA em materiais de contato com alimentos destinados a produtos infantis. A agência permite o uso da substância química em adesivos, revestimentos e polímeros de contato com alimentos.
Nenhum produto específico foi mencionado neste estudo de pesquisa, que foi financiado pela Adessium Foundation, MAVA Foundation, Stiftung Minerva, Sympany Stiftung e pelos próprios recursos do Food Packaging Forum.
Aumento do conhecimento sobre a exposição a produtos químicos perigosos
Martin Scheringer, coautor do estudo, do Instituto de Biogeoquímica e Dinâmica de Poluentes, disse que ficou surpreso com a quantidade de produtos químicos perigosos usados em materiais de contato com alimentos.
“Eles não ficam apenas lá, mas muitos deles acabam, até certo ponto, no corpo humano”, disse Scheringer.
Os pesquisadores afirmaram que esperam que seu trabalho amplie o conhecimento sobre a exposição humana a produtos químicos de contato com alimentos e seus potenciais efeitos na saúde.
Olwenn Martin, professora associada da University College de Londres e uma das autoras, disse que também ficou surpresa ao encontrar tantos produtos químicos que chegaram aos corpos humanos.
“Este [estudo] mostra que é necessário mais pesquisa sobre a toxicidade e a exposição a muitos produtos químicos e regulamentação sobre seu uso em embalagens de alimentos”, afirmou.
Kassotis disse acreditar que é necessário aumentar a atenção para a vasta diversidade de produtos químicos permitidos em materiais de contato com alimentos e seu impacto resultante na vida humana. Ele espera que esta revisão aumente a conscientização pública.
“Há, em geral, uma percepção de que produtos químicos inseguros não são permitidos em materiais de contato com alimentos ou outros produtos de consumo, e esta pesquisa lança luz sobre a enorme quantidade de produtos químicos usados nesses produtos que encontramos regularmente”, disse Kassotis.