Microplásticos: cientistas dizem descobrir causa do aumento inexplicável nos casos de câncer

Estudo revela conexão entre os fragmentos de plástico e crescimento da doença.

Por Redação Epoch Times Brasil
09/01/2025 22:43 Atualizado: 09/01/2025 22:43

Um estudo publicado na revista Environmental Science & Technology pode explicar parte do aumento mundial nos casos de câncer, apontando a exposição a microplásticos — pequenos fragmentos de plástico, com 5 mm ou menos, cada vez mais presentes na natureza — como fator chave no crescimento de doenças como câncer de cólon e pulmão.

Liderada por cientistas da Califórnia, a pesquisa lança um alerta sobre os riscos desses materiais invisíveis, mas onipresentes, à saúde humana. O crescimento alarmante de novos casos de câncer, que em 2024 deve chegar a 2 milhões nos Estados Unidos, tem sido preocupante na medicina.

Embora fatores como genética, dieta e estilo de vida sejam conhecidos por estarem associados à doença, eles não explicam totalmente o crescimento dessa epidemia.

O estudo recente aponta para outra causa que até então não recebia a devida atenção. Os cientistas descobriram que as partículas microscópicas de plástico podem afetar diretamente órgãos vitais, como o cólon e o intestino delgado.

Na pesquisa, há a conclusão de que a exposição a microplásticos é “suspeita” de causar sérios danos à saúde, incluindo inflamações crônicas que desencadeiam doenças graves.

Além disso, as implicações do estudo vão além do sistema digestivo, sugerindo impactos no sistema imunológico e, possivelmente, no sistema reprodutivo.

Impactos reprodutivos e ambientais

Outro achado importante da pesquisa foi a possível relação entre microplásticos e a diminuição da fertilidade masculina. Indícios mostram que a presença dessas partículas poderia reduzir a contagem de espermatozoides, além de afetar negativamente o sistema reprodutivo feminino, comprometendo a saúde dos ovários e da placenta.

A presença generalizada dos microplásticos é um problema ainda maior, já que essas partículas foram detectadas em locais remotos como a Antártida e o Ártico, bem como em grandes centros urbanos.

Segundo os cientistas, elas estão em todos os lugares, desde o fundo dos oceanos até o ar que respiramos. Para a professora Tracey J. Woodruff, especialista em obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutivas, microplásticos são basicamente poluição particulada do ar.

Pulmão, cólon e produção de plástico

Sobre os perigos dos microplásticos, as partículas no ar podem provocar inflamações nas vias respiratórias, aumentando o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão. Esse fenômeno é preocupante, já que a poluição atmosférica já é uma causa bem estabelecida de doenças respiratórias e câncer.

A crescente produção de plástico agrava ainda mais a situação. Somente no último ano, foram produzidas 460 milhões de toneladas métricas de plástico. A expectativa é que esse número chegue a 1,1 bilhão de toneladas até 2050. Portanto, não apenas representa um problema ambiental, mas se revela como uma ameaça direta à saúde humana.

Autor principal do estudo, o cientista Nicholas Chartres destacou a necessidade de  órgãos reguladores e líderes políticos tomarem medidas urgentes para reduzir a produção e a exposição aos microplásticos. Ele ressalta que há evidências dos danos à saúde causados por esses materiais, incluindo o aumento do câncer de cólon e pulmão.