Para os pacientes diagnosticados com câncer, a palavra “metástase” é o maior temor, pois indica o avanço do tumor pelo corpo, afetando múltiplos órgãos. Até agora, a ciência não havia encontrado uma resposta clara para explicar esse processo.
Agora, uma nova tecnologia, desenvolvida em parceria pela Escola de Medicina da Universidade de Cornell e pelo laboratório Cold Spring Harbor, ambos em Nova Iorque, nos Estados Unidos, marca um avanço para desvendar o mistério sobre a migração das células cancerígenas.
A equipe, liderada pelos professores Adam Siepel, do Cold Spring Harbor, e Dawid Nowak, da Cornell, usou como base o câncer de próstata.
O estudo contou com um novo modelo de camundongo chamado “Evolução no Câncer da Próstata” (EvoCaP), projetado para simular o desenvolvimento desse tipo de câncer e permitir a observação do comportamento das células cancerígenas e como se espalham pelo organismo.
Além disso, a equipe utilizou um sistema chamado “Rastreio de Linhagem Evolutiva em R” (EvoTraceR), que facilita a análise eficiente dos dados coletados, permitindo uma visão mais detalhada do comportamento das estruturas tumorais.
Com essa combinação, os pesquisadores empregaram sequências curtas de DNA que funcionam como códigos de barras genéticos, rastreando assim o movimento de células cancerígenas individuais.
O mapa virtual revelou que a maioria das células cancerígenas permanece no tumor, enquanto apenas um pequeno número de elementos agressivos inicia a migração do câncer da próstata para os ossos, fígado, pulmões e linfonodos.
“Estabelecemos a base fundamental da biologia molecular para muitas outras questões a serem respondidas”, disse Siepel. “Esta é a fase inicial de um projeto muito maior, em que nossos colegas estão expandindo esse trabalho para outros tipos de câncer e começamos a olhar para intervenções terapêuticas para metástase.”
No passado, para estudar como as células cancerígenas se espalham, os pesquisadores frequentemente utilizavam uma combinação de técnicas de imagem (como ressonância magnética ou tomografia computadorizada) e sequenciamento do genoma completo.
Isso significava mais tempo e dinheiro, além de não garantir leituras mais precisas. A nova tecnologia, publicada nesta segunda-feira (23) na revista Cancer Discovery, representa um avanço que poderá salvar milhares de vidas no futuro.
“Há um longo caminho pela frente, mas um dia, mapear a disseminação do câncer pode significar detê-lo”, concluiu Siepel.