Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Um famoso ajudante para um bom sono noturno pode estar atuando como guardião de sua visão.
Enquanto o espectro da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) — uma doença progressiva e atualmente incurável que, sem tratamento, pode resultar em perda permanente da visão — se aproxima, os pesquisadores encontraram um aliado na batalha contra a cegueira: a melatonina.
Os resultados de um grande estudo nos EUA mostram um risco reduzido de DMRI
Os pesquisadores analisaram dados do banco de dados TriNetX, uma rede nacional de registros eletrônicos de saúde, que abrangia registros médicos eletrônicos de mais de 121.500 pessoas com 50 anos ou mais nos Estados Unidos, sem histórico de DMRI. Os participantes usaram medicação com melatonina em novembro de 2008 e novembro de 2023.
A exposição à melatonina foi definida como pelo menos quatro instâncias registradas de uso, cada uma ocorrendo com pelo menos três meses de intervalo. As dosagens específicas não foram especificadas no estudo.
Os resultados, publicados no JAMA Ophthalmology, sugerem que as pessoas que tomaram melatonina tiveram 58% menos chances de desenvolver DMRI.
A DMRI ocorre quando os danos aos vasos sanguíneos afetam o centro da retina (mácula). Ela se apresenta de duas formas: DMRI seca ou em estágio inicial, que envolve anormalidades na retina ou acúmulo de resíduos, e DMRI úmida ou em estágio final, que inclui a morte das células da retina ou o crescimento anormal de vasos sanguíneos na mácula.
Os sintomas iniciais da DMRI incluem visão embaçada ou distorcida. Em estágios avançados, a visão central pode ser gravemente prejudicada.
Entre mais de 65.000 participantes que já tinham DMRI seca, o uso da melatonina foi associado a uma redução de 56% no risco de a doença progredir para DMRI em estágio avançado (úmida).
Esses benefícios foram consistentes em todas as faixas etárias, sugerindo os possíveis efeitos protetores da melatonina mesmo em populações mais velhas e de alto risco.
Os resultados se baseiam em evidências anteriores de um estudo prospectivo realizado na China, que associou a suplementação de melatonina a uma progressão mais lenta do dano macular e ao declínio da acuidade visual (grau de nitidez da visão à distância) em pacientes com DMRI. Pesquisas anteriores também sugeriram que a melatonina pode proteger os tecidos oculares ao reduzir a produção de radicais livres e mediadores pró-inflamatórios, como as citocinas secretadas pelas células do olho.
Especialista pede cautela na interpretação da relação entre melatonina e DAM
O novo estudo não prova definitivamente que a melatonina é responsável pela melhora da saúde dos olhos, disse o Dr. Khurram Chaudhary, cirurgião vitreorretiniano e diretor do Serviço de Retina da Stony Brook Medicine, ao Epoch Times.
Os pesquisadores observaram que os usuários de melatonina podem, em geral, ter estilos de vida mais saudáveis, o que poderia contribuir para reduzir o risco de doenças.
O que esse estudo faz é introduzir “a ideia de que esse medicamento pode prevenir ou retardar a degeneração macular”, disse o Dr. Chaudhary. Ele abre caminho para futuros estudos prospectivos e duplo-cegos para determinar se há uma diferença substancial na progressão da doença entre os pacientes que tomam melatonina e os que não tomam, observou ele.
Já existe um suplemento para tratar a DMRI
Pesquisas anteriores identificaram uma combinação de nutrientes ligados à prevenção da DMRI e à melhora dos sintomas.
De acordo com o Dr. Chaudhary, estudos clínicos do National Eye Institute mostram que suplementos AREDS 2 podem retardar a progressão da DMRI, especialmente em pessoas com DMRI intermediária.
Esses suplementos contêm vitaminas C e E, minerais como cobre e zinco, betacaroteno, luteína e zeaxantina.
A melatonina é promissora para outras doenças oculares
Um estudo de 2023 publicado na Biomedicine & Pharmacotherapy sugere que a suplementação com melatonina pode reduzir significativamente o risco de catarata ao inibir os danos causados pela luz UV ao cristalino do olho.
As cataratas, áreas turvas no cristalino do olho, são a principal causa de cegueira reversível em todo o mundo. Essa condição relacionada à idade reduz a nitidez da visão e causa sintomas como visão dupla, sensibilidade à luz, desbotamento ou amarelamento das cores e dificuldade de enxergar com pouca luz.A melatonina também se mostra promissora no tratamento da doença do olho seco, uma condição comum na qual os olhos não produzem lágrimas suficientes para se manterem adequadamente lubrificados. Os pesquisadores observaram aumento na produção de lágrimas e melhorias clínicas após a injeção de melatonina em camundongos com essa condição. Essas descobertas indicam o potencial da melatonina para proteger as células da córnea humana por meio de suas propriedades antioxidantes.