Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Pesquisadores descobriram, por meio de testes em animais, que um medicamento usado para tratar esclerose múltipla pode ajudar vítimas de ataque cardíaco a se recuperarem.
No estudo publicado em 26 de agosto na revista Nature Cardiovascular Research, camundongos receberam injeções diárias do medicamento para esclerose múltipla, o acetato de glatirâmer, após sofrerem ataques cardíacos. Os camundongos tratados apresentaram menos danos e cicatrizes no coração, conforme revelado por ultrassons. Mais sangue foi bombeado através das grandes artérias a cada batimento cardíaco, fornecendo sangue para órgãos vitais.
A Dra. Rachel Sarig, médica e líder do estudo, disse que este medicamento amplamente utilizado suprime a inflamação.
“Como o sistema imunológico desempenha papeis cruciais na reparação do coração, pensei que o Copaxone (acetato de glatirâmer) poderia ter um efeito benéfico no processo de cicatrização”, disse Sarig ao Epoch Times.
Sarig afirmou que ficou surpresa ao descobrir que o medicamento teve um impacto tão significativo no fluxo sanguíneo, um elemento essencial para a recuperação.
“Achávamos que ele teria um efeito benéfico, mas não esperávamos um efeito tão robusto”, disse ela.
Os pesquisadores disseram que suas descobertas mostraram que o acetato de glatirâmer é um “medicamento promissor para ensaios clínicos voltados ao tratamento de condições cardíacas” e que um ensaio clínico de fase 2 está em andamento, segundo um comunicado de imprensa.
Medicamento ajuda mesmo dias depois
Os pesquisadores também descobriram que o acetato de glatirâmer, comercializado como Copaxone e Glatopa, reduziu as cicatrizes e melhorou a função cardíaca nos camundongos, mesmo quando o tratamento começou 24 a 48 horas após o ataque cardíaco.
Eles relataram que essa foi uma descoberta importante, pois as vítimas de ataque cardíaco nem sempre buscam ajuda médica imediatamente.
Nos camundongos tratados, a área de cicatriz no músculo cardíaco foi reduzida. Eles apresentaram apenas pequenas cicatrizes insignificantes, enquanto os camundongos no grupo de controle, que não receberam tratamento, tiveram grandes cicatrizes cobrindo 30% ou mais de seus ventrículos esquerdos. O tecido cicatricial reduz a capacidade do coração de se contrair de forma eficaz e bombear sangue.
Os pesquisadores destacaram que a reutilização de medicamentos é uma alternativa atraente ao desenvolvimento de novos tratamentos, devido ao alto custo e à lentidão do processo de produção de novos fármacos.
Em outro experimento, ainda em fase de estudo, ratos ficaram sem tratamento por um período mais longo após o ataque cardíaco. O tratamento de um grupo começou quase um mês após os eventos, quando os ratos foram diagnosticados com insuficiência cardíaca crônica, enquanto o grupo de controle não recebeu tratamento.
Os ratos foram tratados por dois meses com acetato de glatirâmer. Após o tratamento, os ratos apresentaram uma taxa de bombeamento de sangue 30% maior a cada batimento, enquanto a capacidade dos ventrículos de se contrair melhorou em quase 60%. A capacidade do coração de se contrair é importante, pois é uma medida de sua habilidade de bombear sangue por todo o corpo.
Os camundongos e ratos usados nesses estudos não morreram, mas apenas sofreram com funções cardíacas prejudicadas, disse Sarig.
Embora os estudos em animais nem sempre se traduzam bem em estudos humanos, camundongos e ratos são as espécies preferidas para modelos animais em pesquisas biomédicas, devido à sua semelhança anatômica, fisiológica e genética com os humanos, segundo um estudo publicado no Journal of the Missouri State Medical Association. Os humanos compartilham cerca de 95% do mesmo DNA com ratos e camundongos.
Esperança de lançamento do medicamento reutilizado
Um dos efeitos mais surpreendentes do acetato de glatirâmer para os pesquisadores foi que ele protege diretamente as células musculares do coração.
Sarig explicou que, quando o fluxo sanguíneo é interrompido em áreas específicas do coração, isso leva à morte celular.
“O Copaxone ajuda as células existentes a sobreviverem e se contraírem de forma eficaz, aumenta a produção de vasos sanguíneos que as abastecem e retarda a criação de tecido cicatricial”, disse Sarig.
Com o vencimento da patente do Copaxone, já existem várias versões genéricas do medicamento no mercado. Tem sido difícil para os pesquisadores encontrar alguém na indústria farmacêutica que os ajude a continuar sua pesquisa.
“Sem uma licença exclusiva, isso se torna um investimento menos atraente para as empresas farmacêuticas, apesar de seu potencial para ajudar milhões de pessoas em todo o mundo e aumentar significativamente a receita”, explicou Sarig.
Sarig disse que está determinada a produzir e comercializar esse medicamento reutilizado .
“O processo de aprovação para medicamentos reutilizados também é mais rápido e simples em comparação com o desenvolvimento de novos medicamentos, como evidenciado pelas aprovações recentes, como a da colchicina para reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com doença cardiovascular estabelecida”, disse ela. “Vamos tentar arrecadar fundos de potenciais doadores, e podemos explorar opções para modificar ligeiramente a composição do GA ou desenvolver um tratamento combinado que possa ser patenteado. No entanto, a abordagem mais rápida seria usar a substância aprovada existente.”
A pesquisa foi apoiada pelo Sagol Institute for Longevity Research; pelo Helen and Martin Kimmel Institute for Stem Cell Research; e pela Gabriella Schmidt Research Fellow Chair. Os autores do estudo declararam não ter conflitos de interesse.