Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
De acordo com os resultados da pesquisa publicada no JAMA Otolaryngology-Head & Neck Surgery na quinta-feira, 6,7% das crianças americanas sofrem atualmente de distúrbios de voz e 12% já tiveram problemas de voz em algum momento da vida.
Os autores definiram os problemas de voz como comportamentos vocais anormais, como dificuldade para cantar e falar na escola, e qualidade de voz anormal, incluindo rouquidão.
“As lesões benignas das pregas vocais foram [sic] o diagnóstico mais comum subjacente às queixas de voz”, escreveram os autores no estudo.
As lesões benignas das pregas vocais são crescimentos de tecido não cancerosos, mas anormais, nas cordas vocais. Esses crescimentos podem ocorrer devido ao uso excessivo e abuso da voz, como falar com frequência, gritar, tossir, fazer birra, forçar a voz ou limpar a garganta repetidamente.
Embora algumas lesões benignas das pregas vocais sejam transitórias, a cicatrização das cordas vocais é permanente e pode causar alterações duradouras na voz da pessoa.
“Os resultados dessa pesquisa sugerem que os problemas de voz pediátricos são relativamente comuns e prejudicam a qualidade de vida”, escreveram os autores.
“Considerando que 12% das crianças do estudo atual já tinham tido uma queixa de voz e que 80% desses problemas eram crônicos, fica claro que o atendimento médico eficaz relacionado à voz é crucial para essa população”, escreveram.
Um problema comum
A equipe de pesquisa da Universidade de Wisconsin-Madison entrevistou 1.154 pais de crianças de 4 a 12 anos. Os pais foram questionados sobre o comportamento de seus filhos, incluindo se e com que frequência eles falavam ou cantavam, se eram sociáveis e se haviam faltado à escola.
A pesquisa também perguntou sobre os sintomas vocais da criança e o histórico desses problemas.
Entre os entrevistados, 78 tinham filhos com problemas de voz atuais e 138 tinham filhos que já haviam tido problemas de voz em algum momento.
Dos pais que relataram problemas de voz em seus filhos, quase 60% disseram que o problema começou antes de a criança completar 2 anos e, em cerca de 80% dos casos, o problema surgiu gradualmente.
Ter problemas de voz foi associado a uma pior qualidade de vida.
Sessenta e três pais relataram que seus filhos faltaram à escola devido a problemas de voz e 40 relataram que seus filhos não conseguiam realizar determinadas tarefas. Quarenta e dois pais disseram que a voz de seus filhos estava associada a comentários negativos de professores ou adultos.
Fatores de risco para problemas de voz
Os autores descobriram que as crianças do sexo masculino e as que vivem em uma casa maior, aquelas com baixa inteligibilidade de voz, histórico materno de problemas de voz, que jogam jogos on-line ou são expostas ao fumo passivo têm um risco maior de ter problemas de voz.
A equipe de pesquisa observou que crianças do sexo masculino e indivíduos que moram em casas com quatro ou mais pessoas tinham duas vezes mais probabilidade de ter um problema de voz. As lesões vocais benignas também são duas vezes mais comuns em meninos do que em meninas.
Outras causas comuns de distúrbios de voz foram problemas de voz relacionados ao autismo, doenças respiratórias e alergias.
O fumo passivo aumenta drasticamente a probabilidade de uma criança ter problemas de voz. Os pesquisadores descobriram que as crianças expostas ao fumo passivo tinham 70% mais probabilidade de ter problemas. A equipe de pesquisa observou que o fumo passivo também é conhecido por atrasar o crescimento, causar distúrbios do sono e levar a uma função cognitiva deficiente em crianças.
A função cognitiva ruim também parece ser um fator nos problemas de voz; as crianças com pior inteligibilidade da fala tinham duas vezes mais chances de relatar problemas. Esses problemas foram então associados ao baixo desempenho acadêmico e às percepções negativas dos adultos, criando um ciclo vicioso de erosão da autoestima das crianças com problemas de voz.
“Essas descobertas ilustram a maneira pela qual os problemas de voz se apresentam em crianças e enfatizam a necessidade de um tratamento eficiente e eficaz dessas condições em crianças”, concluiu a equipe de pesquisa.