A dependência da tecnologia e dos likes tornou-se um problema crescente entre os jovens. A busca incessante por validação em plataformas digitais, alimentada por curtidas e comentários, está moldando o comportamento e afetando o bem-estar mental de adolescentes.
Um estudo publicado na Science Advances realizado pela Universidade de Amsterdã revela diferenças marcantes no desenvolvimento de como adolescentes e adultos respondem ao feedback das redes sociais, particularmente em plataformas como o Instagram.
Liderada por Ana da Silva Pinho, a pesquisa destaca que adolescentes são significativamente mais sensíveis ao feedback social do que os adultos. Esse efeito tem grandes implicações para a saúde mental e os comportamentos sociais dos jovens.
O estudo, intitulado “Youths’ Sensitivity to Social Media Feedback: A Computational Account” (Sensibilidade dos Jovens ao Feedback nas Redes Sociais: Uma Abordagem Computacional, em tradução), foi dividido em três partes. Primeiro, uma análise de dados de usuários do Instagram. Depois, um experimento controlado sobre os efeitos no humor. Finalmente, estudos de neuroimagem para explorar as diferenças cerebrais.
Utilizando modelos de aprendizado por reforço para analisar os dados de 16.613 usuários do Instagram, os pesquisadores descobriram que os adolescentes apresentavam uma “taxa de aprendizado” 44% maior do que a dos adultos. Isso sugere que os adolescentes são mais fortemente motivados pela validação social por meio das curtidas.
O estudo sugere que essa maior sensibilidade impulsiona tanto um maior engajamento ao receber altos níveis de feedback positivo quanto um rápido desengajamento na ausência de curtidas.
Em um experimento controlado envolvendo 194 participantes, os pesquisadores exploraram como mudanças no número de curtidas afetavam o humor de adolescentes e adultos.
“O humor dos adolescentes foi mais afetado por uma diminuição no número de curtidas que obtiveram em suas postagens do que o dos adultos”, observou o estudo. Essa vulnerabilidade ao feedback reduzido ressalta a volatilidade emocional da adolescência no que se refere à aprovação social.
A terceira parte da pesquisa acrescentou uma camada importante ao examinar dados de neuroimagem de 96 jovens adultos.
O estudo encontrou diferenças significativas em regiões do cérebro associadas ao processamento do feedback social. Especificamente, a amígdala foi identificada como uma região chave ligada à sensibilidade ao feedback social, bem como à ansiedade social e ao uso problemático das redes sociais.
Essas descobertas são particularmente preocupantes, dado o caráter onipresente das redes sociais na vida dos jovens.
Os autores sugerem que mudanças no design das plataformas — como reduzir a ênfase nas curtidas ou promover interações significativas — poderiam ajudar a mitigar alguns desses efeitos.
Além disso, programas de alfabetização digital focados na regulação emocional poderiam ser instrumentais para apoiar os jovens a lidar com o fluxo constante de feedback das redes sociais.