O HIV, que por décadas desafiou a ciência, pode estar diante de um marco histórico. O medicamento Lenacapavir, uma injeção aplicada a cada seis meses, foi eleito pela revista Science como a maior descoberta científica de 2024.
Com eficácia de até 100% na prevenção de infecções, o remédio representa uma mudança concreta na abordagem de combate à doença.
Resultados expressivos em testes clínicos
Os estudos clínicos realizados em diferentes regiões — África, América do Sul, Ásia e Estados Unidos — apresentaram resultados consistentes.
Em um dos principais testes, realizado com 5.000 adolescentes e mulheres jovens na África do Sul e Uganda, não houve nenhuma nova infecção. Outro estudo, com mais de 2.000 participantes de diversas identidades de gênero, registrou apenas dois casos.
O Lenacapavir atua bloqueando a replicação do HIV ao interferir na proteína capsídeo, essencial para o ciclo de reprodução do vírus.
Além de impedir a integração do material genético infectado nas células humanas, a injeção dificulta a formação de novas partículas virais.
A diferença na prevenção
O principal diferencial do Lenacapavir está na frequência de aplicação. Enquanto os métodos tradicionais de profilaxia pré-exposição (PrEP) dependem de comprimidos diários ou injeções mensais, este medicamento exige apenas duas doses por ano.
Essa praticidade resolve um dos maiores problemas da PrEP convencional: a dificuldade de adesão.
A Gilead, farmacêutica responsável pelo Lenacapavir, já firmou acordos para produzir versões genéricas destinadas a países de baixa renda. Apesar disso, o custo ainda é uma questão a ser resolvida, especialmente para garantir acesso em larga escala. Além disso, especialistas alertam que o sucesso do medicamento dependerá de uma logística de distribuição eficiente e de campanhas que eduquem a população sobre seu uso preventivo.