Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington (WashU) em St. Louis sugere que medicamentos de imunoterapia já usados para tratar condições inflamatórias podem oferecer um tratamento potencial para os milhões de americanos que vivem com insuficiência cardíaca, uma condição projetada para afetar uma em cada quatro pessoas durante a vida.
A insuficiência cardíaca (IC) enfraquece progressivamente a capacidade do coração de bombear sangue de forma eficaz. Embora frequentemente se desenvolva após ataques cardíacos ou infecções virais, o principal culpado é o tecido cicatricial que se forma no músculo cardíaco, interferindo nas contrações normais e prejudicando a função cardíaca. Os tratamentos atuais só conseguem retardar a progressão da doença e controlar os sintomas — não há cura.
A condição já afeta cerca de 7 milhões de adultos nos EUA, com taxas em ascensão, especialmente entre pacientes mais jovens, segundo a Heart Failure Society of America (HFSA).
Isso deve ser um “alerta” para o sistema de saúde como um todo, disse a dra. Biykem Bozkurt, cardiologista especializada em insuficiência cardíaca avançada e transplante cardíaco e presidente do Comitê de Dados em IC da HFSA, em comunicado à imprensa, alertando que “precisamos abordar as tendências preocupantes na insuficiência cardíaca”.
Tratando a insuficiência cardíaca ao reduzir a formação de cicatrizes
Publicado na quarta-feira na Nature, um novo estudo em animais destaca o papel prejudicial de um tipo de célula fibroblástica no tecido cardíaco, que normalmente fornece suporte ao músculo cardíaco. As descobertas sugerem que o direcionamento da inflamação para tratar a fibrose tecidual pode reduzir a formação de tecido cicatricial relacionada à insuficiência cardíaca (IC).
“Após a formação de tecido cicatricial no coração, sua capacidade de recuperação é drasticamente comprometida ou impossível”, disse o coautor sênior do estudo, dr. Kory Lavine, cardiologista e professor de medicina na Escola de Medicina da Universidade de Washington, em um comunicado à imprensa.
“Há uma necessidade urgente de melhores terapias que realmente interrompam o processo da doença e previnam a formação de novos tecidos cicatriciais”, acrescentou.
Alguns fibroblastos promovem inflamação e cicatrização, enquanto outros mantêm a estrutura essencial do coração e o fluxo sanguíneo. A equipe de Lavine descobriu que uma molécula sinalizadora chamada interleucina-1 beta (IL-1 beta) impulsiona a atividade dos fibroblastos prejudiciais.
Medicamentos potencialmente eficazes já disponíveis
Quando os pesquisadores bloquearam a IL-1 beta usando anticorpos monoclonais em modelos de camundongos com insuficiência cardíaca, observaram reduções na formação de tecido cicatricial e melhora da função cardíaca.
Medicamentos aprovados pela Administração de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration – FDA) dos EUA que bloqueiam a IL-1 beta já existem.
Dois desses medicamentos—canakinumabe e rilonacept—são atualmente usados para tratar condições inflamatórias. Um desses fármacos apresentou resultados promissores em um estudo anterior sobre aterosclerose, uma condição em que placas se acumulam nas artérias, com dados sugerindo que ele pode ajudar pacientes com insuficiência cardíaca.
Os pesquisadores estão otimistas quanto ao potencial desses tratamentos para pacientes com insuficiência cardíaca.
“Embora este estudo não tenha sido projetado para testar esse tratamento na insuficiência cardíaca, há indícios nos dados de que o anticorpo monoclonal pode ser benéfico para pacientes com insuficiência cardíaca”, afirmou Lavine no comunicado à imprensa. “Análises secundárias dos dados desse estudo mostraram que o tratamento foi associado a uma redução significativa nas internações por insuficiência cardíaca em comparação com o cuidado padrão. Nosso novo estudo pode ajudar a explicar o porquê.”
Próximas etapas e desafios
Os pesquisadores reconhecem algumas preocupações em relação aos efeitos colaterais, especialmente o aumento do risco de infecções associado às terapias que bloqueiam a IL-1 beta. Lavine sugeriu que o desenvolvimento de anticorpos mais direcionados, focados nos fibroblastos cardíacos, poderia ajudar a reduzir esses efeitos adversos.
Como próximo passo, a equipe de pesquisa espera que suas descobertas abram caminho para ensaios clínicos que investiguem a eficácia da imunoterapia direcionada em pacientes com insuficiência cardíaca.
“Estamos otimistas de que a combinação de todas essas evidências, incluindo nosso trabalho no caminho da IL-1 beta, levará ao desenho de um ensaio clínico para testar especificamente o papel da imunoterapia direcionada em pacientes com insuficiência cardíaca”, afirmou Lavine.