Frutose pode impulsionar crescimento do câncer, segundo estudo em animais

Embora o adoçante não seja um combustível direto para o câncer, os pesquisadores sugerem que ele afeta o metabolismo de forma a favorecer o crescimento do câncer.

Por George Citroner
05/12/2024 21:18 Atualizado: 05/12/2024 21:18
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times. 

Um adoçante conhecido como frutose pode dar um impulso aos tumores de câncer, e os pesquisadores aconselham que evitá-lo pode ser uma maneira de as pessoas que vivem com câncer combaterem a doença.

Um novo estudo da Washington University (WashU) em St. Louis indica que a frutose na dieta promove o crescimento de tumores em modelos animais de melanoma, câncer de mama e câncer cervical.

As descobertas, publicadas na Nature na quarta-feira, revelam que, embora a frutose não alimente diretamente os tumores cancerígenos, ela altera o metabolismo de forma a favorecer o crescimento do câncer.

Os pesquisadores descobriram que o fígado converte a frutose em nutrientes utilizáveis pelas células cancerígenas, o que sugere um novo caminho em potencial para o tratamento do câncer. “A ideia de que é possível combater o câncer com a dieta é intrigante”, disse o pesquisador principal Gary Patti, professor da WashU, em uma declaração à imprensa. “O que você coloca em seu corpo pode ser consumido por tecidos saudáveis e depois convertido em algo que os tumores usam.”

Pesquisa anterior relacionou o HFCS com o risco de câncer colorretal

O estudo destacou que altos níveis de consumo de frutose aumentaram a disponibilidade de lipídios circulantes no sangue, blocos de construção essenciais para as membranas das células cancerígenas.

“Nossa expectativa inicial era de que as células tumorais metabolizassem a frutose da mesma forma que a glicose, utilizando diretamente seus átomos para construir novos componentes celulares, como o DNA. Ficamos surpresos com o fato de a frutose ser pouco metabolizada nos tipos de tumor que testamos”, explicou o primeiro autor do estudo, Ronald Fowle-Grider, no comunicado à imprensa.

Patti observou que as células cancerígenas têm uma forte afinidade pela glicose, mas a frutose é atualmente consumida em quantidades cada vez maiores na dieta americana, em grande parte devido ao aditivo alimentar xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS, na sigla em inglês) em alimentos processados. O açúcar de mesa contém cerca de 50% de frutose e 50% de glicose, enquanto o HFCS contém até 55% de frutose.

Em um estudo em animais de 2021, o HFCS foi associado a um risco aumentado de câncer colorretal em camundongos propensos a desenvolver tumores intestinais e poderia aumentar o tamanho e a agressividade dos tumores colorretais. Esse estudo também descobriu que o bloqueio da absorção do adoçante pelas células do corpo poderia impedir esse crescimento.

O HFCS também foi associado a outros riscos à saúde, incluindo os seguintes:

  • Doença hepática: O HFCS pode aumentar o risco de doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD, na sigla em inglês), uma condição em que o excesso de gordura se acumula no fígado.
  • Diabetes: O HFCS pode diminuir a sensibilidade à insulina, um fator de risco para o diabetes tipo 2.
  • Doenças cardíacas: O HFCS pode aumentar os fatores de risco para doenças cardíacas, e a combinação de frutose e glicose no HFCS pode ser pior do que a frutose sozinha.

HFCS é a frutose mais comum usada no processamento de alimentos

Em 2021, os Estados Unidos consumiram 17 kg de HFCS por pessoa, uma queda de 1,2% em relação ao ano anterior. No entanto, esse é um declínio em relação ao pico de 31 kg por pessoa em 1999.

“Se você procurar em sua despensa os itens que contêm xarope de milho com alto teor de frutose, que é a forma mais comum de frutose, é bastante surpreendente”, disse Patti, enfatizando a prevalência de HFCS em vários alimentos além dos doces.

Como o consumo de frutose aumentou ao longo das décadas, os pesquisadores observaram um aumento correspondente nas taxas de câncer entre indivíduos com menos de 50 anos. A pesquisa sobre possíveis ligações entre as duas tendências está em andamento. Embora uma ligação causal não tenha sido estabelecida, Patti advertiu que as pessoas que já têm câncer devem considerar evitar a frutose devido aos seus efeitos potencialmente pró-câncer.

“Infelizmente, é mais fácil falar do que fazer”, afirmou ele no comunicado à imprensa.

A pesquisa também pode levar a novas abordagens terapêuticas que visam o metabolismo de células saudáveis para tratar o câncer, em vez de se concentrar apenas nas células da doença, de acordo com os pesquisadores da WashU.

Os autores do estudo estão colaborando com parceiros clínicos da WashU Medicine para explorar um ensaio clínico relacionado à frutose dietética no tratamento do câncer.