Uma pesquisa realizada na Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, revelou ser possível identificar subtipos, ou “biotipos”, de depressão por meio de imagem cerebral avançada com a ajuda da inteligência artificial (IA). A descoberta abre caminho para o tratamento personalizado dos pacientes no futuro.
Segundo os cientistas, essa varredura cerebral rápida realizada por psiquiatras e outros profissionais de saúde permitirá maior precisão na prescrição de antidepressivos e uma melhor compreensão das questões biológicas complexas por trás da depressão.
“Atualmente, não há testes disponíveis para ajudar a identificar qual tipo de depressão as pessoas têm ou, o que eu considero especialmente importante, qual tratamento pode ser mais adequado para elas,” disse a professora de psiquiatria Dra. Leanne Williams, líder da pesquisa.
“A situação atual é que dependemos de uma pessoa para nos dizer o que está vivenciando e do médico ou terapeuta para observar os sintomas e chegar a um diagnóstico”, acrescentou.
Por meio de exames de ressonância magnética funcional (RMF), a equipe analisou a atividade cerebral de mais de 800 pacientes diagnosticados com ansiedade ou depressão.
Os cientistas escanearam os cérebros dos voluntários tanto em um estado de repouso, para observar a atividade cerebral básica, quanto enquanto realizavam tarefas específicas projetadas para avaliar seu funcionamento cognitivo e emocional.
Eles focaram em áreas do cérebro e nas interconexões entre elas que já eram conhecidas por desempenhar um papel na depressão.
Ao utilizar a análise de cluster – técnica estatística que agrupa dados com base em semelhanças – a equipe conseguiu identificar e isolar seis padrões distintos de atividade cerebral relacionados a diferentes tipos de depressão.
O estudo, publicado em junho na revista Nature Medicine, também testou como três desses biotipos responderam a diferentes antidepressivos e terapias.
De acordo com os autores, cerca de 30% dos pacientes com depressão são resistentes às terapias tradicionais, enquanto 30% a 40% não apresentam melhora dos sintomas após tentarem um tratamento.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de depressão. Nos Estados Unidos, esse número é de 26 milhões de indivíduos.
Conforme a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Brasil é o país da América Latina com a maior prevalência da doença e o segundo maior nas Américas, com aproximadamente 11,7 milhões de brasileiros enfrentando a depressão, o que representa 5,8% da população.