Estudo sugere que memórias ruins podem ser apagadas durante o sono

Por Redação Epoch Times Brasil
14/01/2025 08:14 Atualizado: 14/01/2025 10:30

Imagine se fosse possível reduzir o impacto emocional de uma lembrança dolorosa apenas enquanto você dorme. 

Cientistas da Universidade de Hong Kong fizeram um avanço promissor nesse sentido, ao desenvolver uma técnica revolucionária que pode ajudar a suavizar memórias negativas. 

O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), sugere que o cérebro tem a capacidade de reorganizar suas memórias emocionais, substituindo o peso de recordações traumáticas por memórias mais positivas.

A chave para esse feito está no processo natural de reativação da memória, que ocorre durante o sono

No entanto, os pesquisadores encontraram uma maneira de direcionar essa reativação usando uma técnica chamada Reativação da Memória Direcionada (TMR, em inglês). 

Essa abordagem envolve associar memórias específicas a estímulos sensoriais – como sons ou cheiros – que, quando apresentados durante o sono, ajudam o cérebro a reorganizar e até “substituir” memórias negativas por positivas.

O experimento contou com 37 participantes jovens, com idades em torno dos 20 anos, que foram expostos a 48 imagens positivas e 48 negativas. Inicialmente, as imagens negativas foram associadas a palavras aleatórias, e os voluntários tiveram uma noite de sono para consolidar essas memórias. 

No dia seguinte, as imagens positivas foram introduzidas, e a mesma série de palavras, agora associada a memórias negativas, foi reutilizada, criando um vínculo entre as recordações de tonalidades opostas.

Na segunda noite, as palavras foram reproduzidas durante a fase de sono conhecida como NREM (Movimento Não Rápido dos Olhos), uma fase crucial para o processamento e armazenamento das memórias. 

A equipe de pesquisa observou um aumento significativo na atividade cerebral, especialmente nas ondas cerebrais teta, associadas à memória emocional. 

Essa mudança indicou que o cérebro estava ativamente engajado na reconfiguração das memórias.

O resultado? Os participantes demonstraram uma capacidade reduzida de recordar as memórias negativas que haviam sido “mescladas” com as positivas. 

Ao ouvir as palavras associadas às duas memórias, os voluntários eram mais propensos a relembrar as memórias positivas, que, de alguma forma, pareciam ter sobreposto as negativas.

O estudo abre novas possibilidades no tratamento de distúrbios mentais ligados a traumas, mostrando que é possível, ao menos em parte, manipular como nosso cérebro processa e armazena memórias, oferecendo um alívio emocional significativo. 

A técnica de TMR pode não só ajudar a aliviar memórias dolorosas, mas também abrir um caminho para terapias mais eficazes e inovadoras na área da saúde mental.