Um estudo conduzido pela Universidade Federal do Pará avaliou o mel produzido por abelhas Apis mellifera a partir do néctar floral do açaí (Euterpe oleracea) descobriu que o mel de açaí tem uma elevada capacidade antioxidante e alta concentração de compostos bioativos em comparação com outros tipos de mel.
A pesquisa, publicada na revista Molecules em setembro de 2024, comparou as características físicas, químicas e antioxidantes de três amostras de mel de açaí, todas coletadas no Pará, com outras quatro amostras de méis oriundos de diferentes regiões do Brasil.
Composição e propriedades físico-químicas
Foram analisadas amostras de mel de açaí de Breu Branco (AH1 e AH2) e Santa Maria (AH3), além de méis de Aroeira, Cipó-Uva, Mangue e Timbó, coletados em Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
O estudo observou que os méis de açaí apresentaram características físico-químicas similares aos demais, com diferenças notáveis, como maiores níveis de acidez livre e açúcares aparentes, e menores concentrações de açúcares redutores, atribuídas à origem botânica.
A análise melissopalinológica confirmou altos níveis de pólen de Euterpe oleracea no mel de açaí, com coloração entre âmbar e âmbar escuro. O mel de Breu Branco (AH1) destacou-se pela cor intensa e alta acidez, influenciadas pela interação com as flores de açaí.
Alto potencial antioxidante
O estudo revelou que os méis de açaí têm capacidades antioxidantes superiores aos demais. O mel de Breu Branco (AH1) apresentou quatro vezes mais compostos que combatem radicais livres do que o mel de Aroeira, atribuído à alta concentração de flavonoides e polifenóis, conhecidos por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Análises por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS) confirmaram compostos bioativos nos méis de açaí, como ácido oleico, batilol e 5-hidroximetilfurfural, com propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas, antimicrobianas e antitumorais, que contribuem para a prevenção de doenças crônicas, combate ao estresse oxidativo e envelhecimento.
Além dos benefícios à saúde, o mel de açaí tem grande potencial econômico para a Amazônia. A introdução de abelhas africanas (Apis mellifera) em cultivos de açaí aumentou a produtividade em até 30%.
A produção de mel monofloral a partir do néctar de açaí agrega valor ao produto, sendo uma iguaria exclusiva da região e uma oportunidade de renda para produtores locais.