Estudo descobre eficácia em composto de plantas contra tuberculose e abre portas para tratamentos menos agressivos

Por Igor Iuan
26/10/2024 19:39 Atualizado: 26/10/2024 19:39

Uma pesquisa realizada na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, revelou que um composto derivado de uma flor silvestre, chamada sanguinarina, pode eliminar cepas resistentes da tuberculose sem causar efeitos colaterais nos pacientes.

Nativa da América do Norte, a flor foi geneticamente modificada para reduzir sua toxicidade, permitindo que seu potencial medicinal fosse explorado de maneira segura.

Os resultados do estudo, publicado na revista científica Anti-inflammatory Nutraceuticals and Chronic Diseases, mostram que o tratamento com sanguinarina é eficaz até mesmo contra a tuberculose multirresistente (MRTB).

Durante experimentos com camundongos, o composto inibiu o ressurgimento de bactérias dormentes da doença, preservando o microbioma intestinal dos animais. Isso sugere que pacientes tratados com a nova terapia poderiam se recuperar sem sofrer o enfraquecimento frequentemente associado às terapias convencionais.

As terapias tradicionais para tuberculose geralmente envolvem um longo regime de múltiplos medicamentos, que se estende por cerca de seis meses. No entanto, esses tratamentos podem resultar em efeitos adversos e comprometimento do sistema imunológico.

O novo composto, por outro lado, promove um ataque seletivo às bactérias patológicas, preservando as saudáveis.

Para o professor Jim Sun, assistente de Microbiologia e Imunologia e autor sênior do estudo, a modificação da flor foi crucial.

A equipe de pesquisa desenvolveu 35 novos derivados da planta, sendo que dois deles, BPD9 e BPD6, demonstraram mais de 90% de eficiência na inibição de oito variantes diferentes de tuberculose, incluindo três das mais resistentes.

Sun destacou que o composto BPD9 é particularmente promissor, pois “parece ser capaz de impedir que bactérias dormentes voltem à vida”.

O tratamento com o composto de plantas foi testado apenas em camundongos, mas os pesquisadores estão esperançosos quanto ao potencial da terapia para seres humanos.

A tuberculose  é a segunda doença infecciosa mais mortal do mundo. Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, é capaz de afetar gravemente órgãos como coração, cérebro e coluna vertebral.

Na história, a tuberculose atingiu diversas personalidades notáveis, como o imperador brasileiro Dom Pedro I, o líder político Simón Bolívar, o inventor Louis Braille, o músico e compositor Frédéric Chopin, e os escritores Franz Kafka e George Orwell.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, cerca de 105 mil pessoas adoeceram por tuberculose em 2023, com 87.344 casos diagnosticados e tratados.