Estado mental está ligado ao desconforto digestivo e inflamações intestinais, afirmam especialistas

A pesquisa mostra que existe uma relação bidirecional entre a função intestinal e os estados mentais, que desempenham um papel no funcionamento normal e nas doenças.

Por Zena le Roux
06/09/2024 17:55 Atualizado: 09/09/2024 12:12
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Sua saúde mental desempenha um papel crucial no equilíbrio e funcionamento saudável do intestino.

“Em minha experiência, períodos de aumento do estresse muitas vezes levavam a crises severas da minha doença inflamatória intestinal (DII)”, disse Chris Robert, coach de saúde certificado, também conhecido como “The Gut Coach”, ao Epoch Times.

“Por exemplo, durante um projeto particularmente estressante no trabalho, notei que meus sintomas de inchaço, cólicas e diarreia se intensificaram significativamente”, afirmou. “Uma vez que implementei técnicas de gerenciamento de estresse, como mindfulness e meditação, meus sintomas começaram a diminuir.”

Isso destaca o impacto direto do estado do sistema nervoso na digestão, afirmou.

Impactos na digestão

Estressores internos, como ansiedade ou outras emoções negativas, podem sinalizar seu cérebro e afetar o intestino.

O cérebro tem um grande impacto no funcionamento do intestino, incluindo como ele se move e como produz muco e ácido para ajudar a digerir proteínas. Está bem estabelecido que o estresse crônico e estados emocionais alterados podem modificar a composição do microbioma intestinal.

“Quando o cérebro percebe uma ameaça ou estresse, ele desencadeia a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol. Esses hormônios podem impactar a digestão, reduzindo o fluxo sanguíneo para os órgãos digestivos, desacelerando ou até paralisando temporariamente a digestão”, disse Kimberly Snodgrass, nutricionista registrada e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética, ao Epoch Times.

A digestão não é uma prioridade quando você está estressado, porque o foco principal do corpo é a sobrevivência. Durante o estresse, o sistema nervoso simpático assume o controle, preparando seu corpo para lutar ou fugir do estressor, explicou Robert ao Epoch Times. Essa resposta realoca energia e recursos para funções essenciais à sobrevivência imediata, como aumento da frequência cardíaca e da força muscular, enquanto funções como a digestão são temporariamente deixadas de lado. Isso pode resultar em digestão lenta ou prejudicada, causando sintomas como inchaço, constipação ou diarreia.

Por outro lado, quando você está relaxado, o sistema nervoso parassimpático, ou a resposta “descansar e digerir”, é ativado, promovendo uma digestão ideal, afirmou.

Dicas calmantes

Certas ervas podem ajudar a acalmar um estômago nervoso, sugere Snodgrass. Por exemplo, o gengibre demonstrou aliviar náuseas ou enjôos. Por outro lado, o café pode não ser a melhor escolha para acalmar um sistema digestivo nervoso, já que o conteúdo de cafeína pode agravar o nervosismo e a ansiedade, piorando os sintomas.

“Quando estou estressada, muitas vezes me vejo recorrendo a alimentos que não são os mais ricos em nutrientes, alimentos que normalmente não comeria. Então, tenho um plano para evitar usar a comida como muleta. Em vez disso, recorro a outros mecanismos de enfrentamento, como orar, me exercitar ou conversar com um mentor. Essas estratégias me ajudam a voltar aos trilhos”, acrescentou Snodgrass.

A dra. Dawn Ericsson, obstetra-ginecologista, compartilhou com o Epoch Times a importância de sempre dedicar tempo para uma refeição.

“É muito importante estar atento ao nosso estado mental quando nos preparamos para uma refeição”, disse ela. “O que está acontecendo em nosso cérebro afeta diretamente nosso intestino e nossa capacidade de digerir.”

Acalmar um sistema digestivo nervoso envolve práticas que ativam o sistema nervoso parassimpático. Robert compartilhou suas melhores dicas com o Epoch Times:

  • Mindfulness e meditação: Praticar mindfulness e meditação pode ajudar a reduzir o estresse e promover o relaxamento. Implementar uma prática simples de meditação de três a dez minutos todas as manhãs pode, ao longo do tempo, fazer uma grande diferença nos níveis de estresse e na capacidade de reagir melhor em situações estressantes.
  • Exercícios de respiração profunda: Técnicas simples de respiração profunda podem ativar o sistema nervoso parassimpático e melhorar a digestão. Robert recomenda realizar quatro respirações profundas antes de comer para reequilibrar o sistema nervoso e prepará-lo para o estado parassimpático, otimizando a digestão.
  • Exercício regular: Exercícios leves, como ioga ou caminhada, podem ajudar a controlar o estresse e melhorar a motilidade intestinal. Caminhar pode ser muito calmante para o intestino, pois faz uma leve massagem e estimula o peristaltismo, ou o movimento ondulante do sistema digestivo. Fazer uma caminhada curta de 10 minutos após as refeições pode auxiliar o processo digestivo.
  • Nutrição equilibrada: Consumir uma dieta equilibrada, rica em fibras, prebióticos e probióticos, pode apoiar um microbiota intestinal saudável. Incorpore uma variedade de frutas, vegetais, grãos integrais e alimentos fermentados em sua dieta para nutrir as bactérias benéficas do intestino e promover a saúde digestiva.
  • Sono adequado: Garantir que você tenha sono de qualidade suficiente pode ajudar a regular o sistema nervoso e melhorar a saúde intestinal. Estabeleça uma rotina de sono consistente, crie um ambiente tranquilo e limite a exposição a telas antes de dormir para melhorar a qualidade do sono.
  • Hidratação: Manter-se bem hidratado é crucial para manter um sistema digestivo saudável. Evite o consumo excessivo de bebidas com cafeína ou açucaradas, que podem desidratar o corpo.
  • Técnicas de gestão do estresse: Identificar e gerenciar o estresse por meio de atividades como escrever em um diário, hobbies, esportes ou falar com um terapeuta pode fazer uma grande diferença. Colocar o corpo em períodos curtos de estresse controlado, como em banhos frios ou de gelo, ajuda a melhorar a reação do corpo a situações estressantes no longo prazo. Essas práticas podem aumentar a resiliência e melhorar a resposta ao estresse.
  • Aprimorar a inteligência emocional: Desenvolver a inteligência emocional envolve reconhecer e compreender suas próprias emoções e como elas afetam seus pensamentos e comportamentos. Aprender a gerenciar suas emoções de forma eficaz pode reduzir o estresse e seu impacto no sistema digestivo.

“Gerenciar o estresse e manter uma mentalidade positiva pode melhorar significativamente a saúde intestinal e, na minha experiência, aliviar os sintomas da DII. Isso ressalta a importância de abordar tanto os aspectos mentais quanto físicos ao lidar com condições crônicas como a DII”, disse Robert.

“Essa interconexão entre mente e corpo abre inúmeras possibilidades para tratamento e autocuidado, enfatizando que cuidar da nossa saúde mental é tão crucial quanto cuidar do nosso bem-estar físico”, concluiu Robert.