Matéria traduzida e adaptada do inglês, originalmente publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Recentemente, fiz uma apresentação sobre plantas comestíveis na biblioteca local. Ervas de cozinha, na verdade, que também têm propriedades medicinais e que as pessoas podem facilmente cultivar em seus jardins ou em peitoris de janelas. Enquanto preparava minha apresentação, fui lembrado de que este tópico é imenso em sua amplitude e profundidade. Um número, em particular, destacou-se e até me deixou impressionado.
Existem entre 50.000 e 80.000 plantas usadas medicinalmente em todo o mundo, de acordo com o Centro para a Diversidade Biológica. Que número impressionante! Sinto-me um pouco inadequado com meu conhecimento limitado de algumas centenas delas.
O conhecimento milenar da medicina herbal é praticado em todas as regiões do mundo e respaldado por muitas pesquisas internacionais — o Oriente Próximo, a Rússia, a África Oriental, o Nordeste da Índia e até mesmo a Transilvânia. A lista claramente continua.
Nova revisão reaprova as qualidades anticancerígenas das plantas
Nos últimos anos, cientistas redescobriram o desejo de aprender mais sobre nossos companheiros florais. Esse renascimento do conhecimento ancestral é possivelmente impulsionado pela necessidade de encontrar remédios para doenças que a medicina moderna parece incapaz de superar.
Uma revisão de 2024, publicada na revista Pharmaceuticals, parece seguir essa direção. A nova publicação destaca 15 plantas medicinais com potenciais qualidades antitumorais, ou seja, essas plantas possuem compostos ativos que combatem o crescimento anormal de células.
O que achei interessante foi a seleção de plantas apresentadas na revisão. Algumas delas são bem conhecidas por nós — muito já foi escrito sobre elas — por exemplo, dente-de-leão, urtigas ou Curcuma longa, mais conhecida como açafrão-da-terra.
Outras, como a vinca de Madagascar (Catharanthus roseus), a graviola tropical e até mesmo uma planta de interior chamada Kalanchoe blossfeldiana, são menos familiares para nós.
No entanto, todas essas plantas têm uma característica comum — elas funcionam “contra a Maioria dos Tipos Comuns de Câncer”, conforme o título da revisão.
Tratamento eficiente para desenvolvimento Imediato
A Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer descreve a situação mundial do câncer como grave. Seu relatório de 2022 afirma que, globalmente, a maioria das pessoas morreu de câncer de pulmão (18,7%), seguido por câncer colorretal (9,3%) e câncer de fígado (7,8%), totalizando 3.480.213 indivíduos.
Portanto, os pesquisadores da revisão atual pedem o desenvolvimento imediato de “planos de tratamento mais direcionados e eficientes”. Na opinião deles, “plantas e produtos derivados delas têm um potencial promissor como fonte de medicamentos anticancerígenos menos tóxicos”.
Combinando sabedoria tradicional e novas nanotecnologias
Para alcançar esse objetivo, ervas são usadas para manter o sistema imunológico forte, eliminar carcinógenos e melhorar os níveis de antioxidantes em nossos corpos. Cientistas veem novas nanomedicinas e técnicas de bioengenharia para terapias de células imunológicas como abordagens inovadoras para tratar a doença.
Como uma herbalista comunitária, eu vejo as coisas com olhos voltados para a longevidade. Que sabedoria tradicional sobre essas ervas foi transmitida por séculos? Como os dois mundos de pesquisa nova e conhecimento antigo podem ser combinados para o benefício do paciente?
Plantas anticâncer: pesquisa e aplicação
Há várias ervas mencionadas na revisão recentemente publicada que podem crescer abundantemente em nossos jardins — muitas vezes, podemos até vê-las como ervas daninhas irritantes que precisam ser afastadas. Esse é frequentemente o caso dos dentes-de-leão.
No fundo da minha mente, ouço meu professor de herbalismo repetir várias vezes: “Frequentemente, as ervas aparecem onde precisamos delas.” Isso é verdade para uma das plantas herbáceas perenes mais robustas, nativa da Europa, mas que cresce em todo o mundo em jardins e gramados, ao longo de estradas e campos, e até em áreas de descarte.
Dente-de-leão comum
Taraxacum officinale, comumente conhecido como dente-de-leão, é não apenas uma erva medicinal, mas também um vegetal comestível. Especialmente as folhas jovens são tenras e complementam o sabor de qualquer salada, conferindo um leve amargor — um sinal de que ajuda na digestão.
O gênero Taraxacum inclui mais de trezentas espécies. Estas foram descobertas e utilizadas em medicinas tradicionais e populares por séculos. O botânico alemão Leonhart Fuchs, por exemplo, destacou as propriedades saudáveis da planta no século XVI em seu compêndio de ervas, “De Historia Stirpium”.
O dente-de-leão também era conhecido como um medicamento na medicina árabe. Ali, médicos registraram sua utilização já no século X. As medicinas indiana e chinesa trataram doenças hepáticas e digestivas com o dente-de-leão comum, segundo um artigo sobre a planta publicado na Biblioteca Nacional de Medicina.
O dente-de-leão é um verdadeiro polivalente. Entre outros, possui vitaminas A, C, B e D, os minerais potássio e cálcio, e traços de ferro, magnésio, manganês e zinco.
Uma revisão de 2023 examinou cuidadosamente o dente-de-leão e comentou sobre seus compostos bioativos. “Sesquiterpenóides, compostos fenólicos, óleos essenciais, sacarídeos, flavonoides, esfingolipídios, triterpenóides, esteróis, [e] cumarinas” são fontes de “potencial terapêutico, incluindo atividades antibacterianas, antioxidantes, anticancerígenas e antirreumáticas.”
Pesquisas coreanas mostraram que a quantidade de fenóis e flavonoides na planta impulsiona suas atividades anticancerígenas e antioxidantes. Isso varia nas diferentes espécies de taraxacum, mas está presente no dente-de-leão comum.
Pesquisadores investigaram uma combinação de extrato de dente-de-leão em um estudo de 2023. Os resultados, publicados na revista Scientific Reports, destacam a importância de inibir a “rápida proliferação de células cancerígenas e sua invasão em tecidos saudáveis” específicos para o câncer de mama. É exatamente isso que o extrato de dente-de-leão faz — inibe sua propagação e “induz a morte nelas”.
A terapia fotodinâmica é outro método para atingir tecidos cancerosos. Nela, um agente fotossensibilizador é estimulado pela luz, por exemplo, por um laser. Em um artigo de 2023 na Nanomedicine, esse processo foi testado com dente-de-leão para “quimioterapia sinérgica e terapia fotodinâmica contra o câncer.” Este método de transporte conseguiu entregar o composto ativo às células cancerígenas e interromper sua homeostase, mostrando assim efeitos anticancerígenos e antitumorais.
Urtiga
A vice-campeã no título de ervas daninhas altamente medicinais é a Urtica dioica. Em muitos lugares temperados, as urtigas crescem como pragas e são consideradas flores silvestres indesejadas por muitos.
Contrariando a opinião popular, recentemente transplantei algumas urtigas para o meu jardim e até espalhei sementes de urtiga na minha melhor tentativa de plantar elas lá. As urtigas são deliciosas e nutritivas, sendo uma ótima adição a sopas e molhos para saladas, já que os pelos urticantes perdem sua força quando processados.
Cheia de pró vitamina betacaroteno, vitaminas A, B e C, minerais como ferro, magnésio, potássio e cálcio, esta erva perene rica em proteínas é carregada de benefícios para a saúde. Mas a erva poderosa pode fazer mais.
Um artigo de pesquisa de 2020 destaca as propriedades potencialmente anticancerígenas das urtigas. Quando avaliado, o extrato de Urtica dioica mostrou efeitos promissores na taxa de proliferação de “linhas celulares de hepatocarcinoma e câncer de cólon em doses específicas.”
Em um estudo de 2022 publicado no Asian Pacific Journal of Cancer Prevention, a medicina vegetal provou suas qualidades anticancerígenas contra três diferentes tipos de linhas celulares de câncer. Os testes de citotoxicidade da urtiga foram realizados in vitro (via testes de micoplasma) e in vivo (em um organismo vivo, neste caso, ratos). Os resultados foram positivos e mostraram que as urtigas podem atuar contra o câncer de mama através de suas propriedades antitumorais.
De acordo com outro estudo, direcionado à pesquisa das qualidades curativas da erva em relação ao câncer de cólon e gástrico humano, as urtigas também induziram apoptose e “inibiram a proliferação de células de câncer gástrico e colorretal,” sem efeitos colaterais tóxicos nas células normais.
Grande Bardana
Continuando a destacar flores silvestres que crescem em muitas áreas perturbadas nos Estados Unidos e que certamente podem ser encontradas em um estacionamento vazio, pasto ou ao longo de campos e estradas na sua área, está a bardana.
Como o dente-de-leão, a bardana é membro da família Asteraceae (a família dos aster) e cresce aparentemente em todos os lugares. Da mesma forma, as partes medicinais da bardana incluem raízes e folhas, com a adição de sementes.
Arctium lappa é igualmente rica em minerais e vitaminas, incluindo as vitaminas do complexo B tiamina, riboflavina e niacina. No entanto, também possui lignanas nas raízes e sementes, aminoácidos nas raízes, fenóis, esteróis e ácidos graxos nas sementes, além de uma “abundância de atividades biológicas e funções farmacológicas“.
Um dos compostos da bardana, o lappaol F (uma lignana natural), é um agente anticancerígeno que “inibe o crescimento de células tumorais induzindo a parada do ciclo celular”, afirma um estudo de 2021, embora observe que os processos subjacentes às qualidades anticancerígenas da bardana permanecem obscuros.
No entanto, a planta é eficaz e os pesquisadores sugerem que um potencial medicamento anticancerígeno poderia ser desenvolvido a partir da erva medicinal.
Uma revisão publicada na Inflammopharmacology enfatiza os usos medicinais tradicionais da bardana na Europa, América do Norte e Ásia, destacando as qualidades anti-inflamatórias e os efeitos desintoxicantes da planta, bem como suas propriedades antitumorais, especialmente seus “potentes efeitos inibitórios no crescimento de tumores, como o carcinoma pancreático”.
A bardana tem até se mostrado eficaz contra “células cancerígenas resistentes a múltiplas drogas”. Um estudo investigou seis lignanas presentes na semente de bardana e as combinou como agentes quimioterápicos não tóxicos. Os resultados mostraram que elas “possuem atividades promissoras de reversão de MDR [resistência a múltiplas drogas]”. O estudo também testou e verificou esse efeito em combinação com um medicamento quimioterápico chamado doxorrubicina.
As 12 plantas anticâncer restantes
As 12 plantas restantes examinadas na revisão recente são graviola (Annona muricata), calla negra (Arum palaestinum), cânhamo (Cannabis sativa), vinca de Madagascar (Catharanthus roseus), açafrão-da-terra (Curcuma longa), alcaçuz (Glycyrrhiza glabra), moringa (Moringa oleifera), hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), cardo-mariano (Silybum marianum), oleandro (Nerium oleander), kalanchoe (Kalanchoe blossfeldiana) e ashwagandha (Withania somnifera L).
Açafrão-da-terra, alcaçuz, hibisco, cânhamo, ashwagandha e cardo-mariano são bem conhecidos — além do conhecimento de um herbalista. A graviola pode entrar nessa categoria para alguns, especialmente aqueles que vivem em regiões tropicais.
Então, algumas podem nos fazer parar, pois vemos as plantas mais como decorações florescendo no jardim ou plantas de casa, como o oleandro, a calla negra, a vinca de Madagascar ou a kalanchoe. Sendo nativa do subcontinente indiano e usada principalmente no sul da Ásia, a moringa pode ser a mais exótica de todas.
No entanto, no total, elas são plantas medicinais aclamadas.
Pesquisa fitofarmacêutica em andamento
Uma revisão de 2022, por exemplo, destaca as qualidades curativas da graviola. Seus “efeitos farmacológicos anticancerígenos, antimicrobianos, antioxidantes, antiulcerosos, antidiabéticos, anti-hipertensivos e de cicatrização de feridas” são impressionantes.
Outra revisão apresenta um estudo no qual pacientes receberam 300 miligramas de extrato de graviola (água da folha) em cápsulas após o café da manhã. Isso restringiu o crescimento de células de câncer colorretal.
Um fitoterápico que também visa o câncer colorretal é a ashwagandha. Um estudo de 2023 descobriu que a erva e seus compostos bioativos “matam células cancerígenas por pelo menos cinco rotas diferentes.”
Ela tem sido até chamada de “droga milagrosa” no campo alternativo e demonstrou notáveis compostos bioativos que funcionam como “agentes anticancerígenos, anti-inflamatórios, apoptóticos, imunomoduladores, antimicrobianos, antidiabéticos, hepatoprotetores, hipoglicêmicos, hipolipêmicos, cardioprotetores e espermatogênicos,” conforme descrito em uma revisão abrangente.
Numerosos estudos e revisões, no entanto, enfatizam o fato infeliz de que mais pesquisas são necessárias devido à “falta de quantidades estabelecidas e medições de concentração” ou simplesmente à falta de pesquisas médicas abrangentes sobre nossos arredores florais.
Contraindicações e efeitos colaterais
Em geral, os fitofármacos são medicamentos poderosos.
Embora muitas das plantas não tenham efeitos colaterais e frequentemente visem naturalmente as células cancerígenas sem afetar as células saudáveis, um mecanismo ainda não totalmente compreendido pela ciência (como mencionado acima), ingerir a planta errada ou a dosagem errada pode prejudicar ou até matar.
Quanto aos dentes-de-leão, urtigas e bardana, existem alguns princípios orientadores:
- Urtigas não devem ser consumidas cruas. As folhas frescas coçam.
- Dentes-de-leão podem causar desconforto estomacal se muitas folhas forem ingeridas ou após uso prolongado, pois podem aumentar a produção de ácido clorídrico (HCl) no estômago e levar a fezes soltas.
- A raiz de dente-de-leão deve ser tomada com cautela se o indivíduo sofrer de excesso de HCl, gastrite, úlceras ou azia.
- Durante o primeiro trimestre da gravidez, a bardana deve ser prescrita apenas em doses leves. Além disso, deve ser usada com cautela se a pessoa sofrer de hipoglicemia.
Dicas:
Ao coletar ervas ou plantas em áreas selvagens ou espaços públicos, por favor, colete seus espécimes com sabedoria. Isso significa colher matéria vegetal apenas longe de áreas sujas ou poluídas e lavar antes de comer ou processar. Além disso, nunca colha a planta inteira (você quer que ela continue viva e volte no ano seguinte).
Observação:
Para todas as recomendações e dosagens individualizadas de ervas, consulte o seu fitoterapeuta local. Se você estiver tomando algum medicamento, consulte um médico antes de tomar suplementos de ervas. O autor está escrevendo apenas para fins informativos e não atua na qualidade de médico ou nutricionista licenciado.
