Diretor da OMS se preocupa com ‘falsa sensação de segurança’ das vacinas

'Embora a Europa seja novamente o epicentro da pandemia, nenhum país ou região está fora de perigo', afirmou Tedros

25/11/2021 21:28 Atualizado: 25/11/2021 21:28

Por Katabella Roberts

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, compartilhou suas preocupações sobre o que ele chama de “falsa sensação de segurança de que as vacinas acabaram com a pandemia”, enquanto avisa que a pandemia da COVID-19 ainda não acabou.

Falando na véspera do Dia de Ação de Graças em uma coletiva de imprensa em Genebra, Tedros afirmou que a OMS estava preocupada que indivíduos de vários países ao redor do mundo, que receberam vacinas contra a COVID-19, não estivessem mais tomando precauções para protegerem a si e aos outros contra o vírus.

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O chefe da OMS também observou que pelo menos 60 por cento de todos os casos relatados e mortes pela COVID-19 em todo o mundo vieram novamente da Europa na semana passada.

“O grande número de casos está se traduzindo em uma pressão insustentável sobre os sistemas de saúde e aos exaustos trabalhadores da saúde”, afirmou.

“Em muitos países e comunidades, estamos preocupados com a falsa sensação de segurança de que as vacinas acabaram com a pandemia e que as pessoas que são vacinadas não precisam tomar quaisquer outros cuidados … Vacinas salvam vidas, mas não evitam totalmente a transmissão”, acrescentou.

Tedros também apontou dados que sugerem que a eficiência das vacinas diminuiu ao longo do tempo e também devido a variante delta da COVID, explicando que as injeções que inicialmente reduziram a transmissão em cerca de 60 por cento, agora caíram para 40 por cento.

O chefe da OMS reiterou que, embora as vacinas possam diminuir o risco de reações graves à COVID-19 e até mesmo da morte, isso não significa que um indivíduo vacinado não corre o risco de ser infectado ou infectar outras pessoas com o vírus.

“Não podemos afirmar isso com clareza suficiente: mesmo se você for vacinado, continue a tomar precauções para evitar se infectar e infectar outra pessoa que possa morrer”, declarou Tedros.

“Isso significa usar máscara, manter distância, evitar multidões e encontrar outras pessoas do lado de fora, se puder, ou em um espaço interno bem ventilado.”

O chefe da OMS relatou que a organização continua a instar os governos em todo o mundo a implementar uma “abordagem sob medida” quando se trata de prevenir a transmissão por meio de medidas de saúde pública, como distanciamento social e bloqueios.

Protestos surgiram em vários países europeus e em outras nações ocidentais durante a semana passada, quando centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas para protestar contra os decretos da vacina contra a COVID-19. Os governos da UE, em particular, começaram a intensificar as restrições relacionadas.

Manifestantes seguram uma faixa dizendo "Kurz deve ir" na Maria Theresien Platz durante uma manifestação contra as medidas da COVID-19 e suas consequências econômicas em Viena, Áustria, em 16 de janeiro de 2021 (Lisi Niesner / Reuters)
Manifestantes seguram uma faixa dizendo “Kurz deve ir” na Maria Theresien Platz durante uma manifestação contra as medidas da COVID-19 e suas consequências econômicas em Viena, Áustria, em 16 de janeiro de 2021 (Lisi Niesner / Reuters)

Na Áustria, dezenas de milhares de pessoas protestaram em Viena, Salzburgo e outras cidades após o governo austríaco anunciar a implementação de um bloqueio nacional mediante o aumento nos casos do vírus.

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O bloqueio da Áustria começou em 22 de novembro e vai durar 10 dias antes que os oficiais do governo o reavaliem. O país afirma que tornará as vacinas obrigatórias para todos a partir de 1º de fevereiro de 2022.

Protestos semelhantes também eclodiram na Suíça, Itália, Irlanda, Croácia, França, Reino Unido e no território da ilha francesa de Guadalupe, onde manifestantes colocaram carros de polícia em chamas e criaram bloqueios rodoviários.

Enquanto isso, a Alemanha está avaliando tornar a vacina contra a COVID-19 obrigatória para todos, a partir de 1º de fevereiro de 2022, porque o governo não conseguiu convencer pessoas suficientes a tomar as vacinas e está preocupado com a capacidade dos hospitais.

“Embora a Europa seja novamente o epicentro da pandemia, nenhum país ou região está fora de perigo”, afirmou Tedros na quarta-feira. “É importante que todos os países aumentem suas capacidades agora, garantindo que as medidas corretas estejam em vigor para evitar piores consequências de quaisquer ondas futuras”.

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