Por Marina Dalila, Epoch Times
A artrite reumatoide (AR) é uma doença crônica inflamatória, que pode afetar diversas articulações. Ela é considerada uma doença autoimune e acomete duas vezes mais mulheres do que homens, iniciando seu aparecimento entre os 30 e 40 anos, aumentando sua incidência com o passar dos anos. Os sintomas mais comuns são: edema, calor, dor e vermelhidão.
A dieta vegana é conhecida por ser principalmente uma dieta livre de alimentos de origem animal tais como carnes, ovos, leite e derivados e mel. Esta dieta, quando balanceada, é extremamente saudável e tem sido alvo de diversos estudos que mostram o quanto ela é poderosa no tratamento da AR.
Uma pesquisa feita pelo Oxford Jornals of Rheumatology, ainda em 2001, concluiu que o grupo de pacientes que se alimentou de uma dieta vegana por nove meses, apresentou uma significante melhora nos sintomas da AR, comprovando portanto, que esta dieta pode ter grande influencia positiva em pacientes acometidos.
Em outro estudo, 16 pacientes portadores de AR jejuaram entre 7 e 10 dias com sumo de fruta e de legumes, seguidos por uma dieta lactovegetariana durante 9 semanas. Um terço dos pacientes melhoraram durante o jejum, mas o estado de saúde se deteriorou quando os produtos lácteos foram reintroduzidos.
Explicando o papel do intestino
O intestino forma uma barreira eficaz para separar e excluir conteúdos intestinais a partir do interior do corpo. Apenas uma única camada separa o indivíduo de enormes quantidades de antígenos (proteínas estranhas) ambos de origem alimentar ou microbiana. A mucosa intestinal absorve e digere nutrientes, transformando moléculas grandes e complexas em pequenas e simples que são autorizadas a passar através da parede intestinal, enquanto as grandes podem atuar como antígenos e fazerem com que as reações imunitárias tenham transito limitado. Infeções e toxinas podem causar falhas na barreira e permitir que moléculas grandes passem para o sangue. Esta condição de aumento da permeabilidade intestinal está presente em pacientes com artrite.
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O jejum é conhecido por diminuir a permeabilidade intestinal, assim fazendo com que o intestino passe a selecionar corretamente o que deve atingir a corrente sanguínea. Este pode ser um dos motivos pelos quais o jejum foi responsável por beneficiar dramaticamente pacientes com AR.
Segundo um artigo sobre tratamento da AR com uma dieta vegetariana, citado no jornal The American Jornal of Clinic Nutrition de 1999, uma dieta contendo leite e outros produtos de origem animal provoca inflamação das superfícies intestinais e, assim, aumenta a passagem de antígenos alimentares e/ou bacterias.
Além de ser desprovida de produtos de origem animal, a dieta precisa ser muito pobre em gordura para que se obtenha o máximo de benefícios. A gordura dietética tem um efeito tóxico sobre o intestino, causando lesões que aumentam sua permeabilidade e permitem que mais antígenos entrem no corpo. Estas são informações citadas em um artigo publicado pelo jornal Pediatric Research, na revista científica Nature, em junho de 1993. Outras pesquisas citaram dietas veganas que falharam em ajudar pacientes com artrite; porém estas continham elevado teor de óleos vegetais, os quais são conhecidos por danificarem a integridade intestinal.
Cautela necessária na ingestão de ômega-3 e ômega-6
Uma dieta saudável permite que os sistemas de defesa possam trabalhar com sua máxima capacidade de remoção dos antígenos que entram em contato com sistema e na remoção de complexos imunes do sangue (responsáveis pelas reações autoimunes do organismo). Os óleos vegetais, incluindo os da variedade de ômega-3 e ômega-6, são particularmente fortes supressores do sistema imune. Esta qualidade de supressão imunitária dos óleos (por exemplo, óleo de peixe e óleo de prímula) tem sido utilizada para suprimir a dor e a inflamação de artrite, mas também como muitas terapias que usam drogas, o resultado final pode não ser bom para o paciente. A supressão do sistema imunológico o impede de fazer o seu trabalho de remoção de invasores estranhos. As dietas de baixo teor de gordura têm comprovadamente retardado o desenvolvimento de doenças autoimunes, como o lúpus e a AR, conforme estudos já realizados.
Inflamação
Em um estudo recente, publicado em Complementary Therapies in Medicine, em 2015, 600 participantes seguiram uma dieta vegana por três semanas, o que reduziu significativamente a proteína C-reativa, um marcador-chave para inflamação aguda e crônica.
Em dois estudos pequenos publicados no Journal of the American Dietetic Association, em 2010, os pesquisadores observaram 79 pacientes com AR que fizeram um rápido jejum vegetariano entre 7 e 10 dias, seguido de uma dieta vegana ou dieta lacto-vegetariana (inclui produtos lácteos e glúten). No estudo menor (26 participantes), os pacientes seguiram uma dieta lacto-vegetariana por nove semanas. Os pesquisadores não encontraram nenhuma diferença significativa na dor ou na rigidez matinal, quando comparado com o grupo controle. No entanto, no studo maior (53 participantes), os pacientes seguiram uma dieta vegana por três meses e meio, e experimentaram uma melhora significativa no inchaço das articulações, na dor, na duração da rigidez matinal e na força de preensão do que as pessoas do grupo de controle que consumiram uma dieta normal. O grupo da dieta vegana fez a transição para uma dieta lacto-vegetariana por nove meses. Após um ano de acompanhamento, eles continuavam a melhorar os sintomas em comparação com o grupo de controle. Em outro estudo, 30 pacientes com AR ativa, que seguiram uma dieta vegana livre de glúten por três meses experimentaram redução da inflamação.
Existem ainda muitos benefícios em uma dieta livre de carne que não estão relacionados à inflamação. Veganos e vegetarianos são menos propensos a serem obesos do que onívoros e eles tendem a ter níveis de pressão arterial e de colesterol mais baixos. Além disso, essa dieta contribui para o meio ambiente e é uma dieta livre de crueldade com animais. Para mais informações sobre veganismo assista ao filme Terráqueos, legendado e com livre exibição no YouTube e visite o site da Sociedade Vegetariana Brasileira para acessar receitas e dicas de como se tornar vegano.
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