O câncer de próstata, uma das principais causas de morte entre homens, é frequentemente diagnosticado cedo. Embora muitos optem pela vigilância ativa, metade recorre a tratamentos agressivos em até cinco anos, impulsionando o interesse por alternativas, como ajustes na dieta e no estilo de vida.
Um estudo de 2024 da UCLA Health Jonsson Comprehensive Cancer Center trouxe novos indícios de que mudanças alimentares podem retardar o crescimento do câncer de próstata. A pesquisa, publicada no Journal of Clinical Oncology, revelou que uma dieta com baixo teor de ômega-6 e rica em ômega-3, associada a suplementos de óleo de peixe, pode reduzir a proliferação celular em homens com estágios iniciais da doença.
O estudo focou em pacientes que optaram pela vigilância ativa, abordagem que envolve monitoramento constante do câncer sem intervenção imediata.
Os pesquisadores buscaram investigar se ajustes na dieta poderiam atrasar a necessidade de tratamentos como cirurgia ou radioterapia. Para isso, conduziram o ensaio clínico CAPFISH-3, envolvendo 100 pacientes com câncer de próstata de baixo ou médio risco.
Os participantes foram divididos em dois grupos. O primeiro manteve sua alimentação habitual, enquanto o segundo seguiu uma dieta planejada para reduzir o consumo de alimentos ricos em ômega-6, como frituras e processados, e aumentar a ingestão de ômega-3 por meio de peixes como salmão e suplementos de óleo de peixe.
Além disso, os pacientes do grupo experimental receberam orientação nutricional personalizada. Nutricionistas indicaram substituições, como usar azeite de oliva no lugar de molhos industrializados e evitar alimentos ultraprocessados, como biscoitos e maionese.
Após um ano, os resultados mostraram que o grupo sob dieta orientada teve uma redução de 15% no índice Ki-67, marcador que mede a taxa de multiplicação celular. Em contrapartida, o grupo controle apresentou um aumento de 24% no mesmo índice.
Os dados sugerem que os ajustes alimentares podem ajudar a desacelerar o crescimento do câncer, ampliando o tempo antes de intervenções mais invasivas serem necessárias.
No entanto, os pesquisadores não observaram mudanças em outros marcadores importantes, como o grau de Gleason, utilizado para medir a agressividade do câncer de próstata.
O professor de Urologia da UCLA, dr. William Aronson, autor principal do estudo, destacou o impacto potencial das descobertas. “Muitos homens buscam mudanças no estilo de vida para lidar com o câncer. Nosso estudo sugere que ajustar a dieta pode ser uma maneira simples de retardar a progressão da doença”, afirmou.
Embora os resultados sejam promissores, os cientistas reforçam a necessidade de novos estudos para confirmar os benefícios de longo prazo das mudanças alimentares. Pesquisas maiores serão necessárias para avaliar como essas intervenções podem influenciar taxas de sobrevivência e desfechos em pacientes sob vigilância ativa.