Uma descoberta promissora pode mudar a forma como diagnosticamos o câncer de pulmão. Cientistas desenvolveram um sensor capaz de identificar a presença da doença por meio da análise do hálito de uma pessoa.
Segundo o estudo publicado pela ACS Sensors, a tecnologia utiliza nanoflocos de óxido de índio e platina para detectar um composto específico presente na respiração, chamado isopreno, que pode indicar sinais precoces de câncer.
O sensor inovador, chamado Pt@InNiOx, é altamente sensível. Ele pode detectar concentrações de isopreno em quantidades extremamente pequenas, chegando a 2 partes por bilhão (ppb).
Isso significa que ele é capaz de perceber pequenas mudanças químicas na respiração que, normalmente, passariam despercebidas.
O que torna esse sensor ainda mais interessante é a capacidade de diferenciar o isopreno de outros compostos encontrados no hálito e de funcionar bem, mesmo com a umidade da respiração, algo que outros sensores têm dificuldade em fazer.
Para testar a eficácia da tecnologia, os pesquisadores coletaram amostras de hálito de 13 pessoas, sendo que cinco delas tinham câncer de pulmão.
O dispositivo conseguiu distinguir claramente os pacientes com câncer dos saudáveis. As pessoas que tinham a doença apresentaram concentrações de isopreno abaixo de 40 ppb, enquanto as pessoas saudáveis mostraram níveis acima de 60 ppb.
Segundo os cientistas, a ideia é que essa tecnologia possa ser usada futuramente como uma forma de triagem rápida e não invasiva para o câncer de pulmão.
Isso é muito importante, pois o câncer de pulmão é uma das formas de câncer que mais mata no mundo, muitas vezes por ser descoberto tardiamente, quando o tratamento é mais difícil.
A detecção precoce, portanto, pode melhorar bastante as chances de tratamento e salvar vidas.
O mecanismo por trás dessa detecção está relacionado à química do isopreno. Esse composto é produzido naturalmente pelo corpo humano e sua concentração tende a mudar na presença de problemas no organismo, como o câncer.
Os nanoflocos de óxido de índio e platina usados no sensor ajudam a capturar e analisar esse composto, oferecendo uma resposta rápida e precisa.
Outra vantagem desse sensor é que ele foi desenvolvido para ser utilizado em um dispositivo pequeno e portátil, o que facilita bastante o uso em clínicas e hospitais.
Os cientistas envolvidos no projeto afirmam que, para a tecnologia se tornar realidade e ser adotada em larga escala, ainda são necessários mais estudos, incluindo ensaios clínicos maiores, para validar completamente a eficácia do dispositivo.
Mas os resultados iniciais são promissores e apontam para um futuro em que o câncer de pulmão possa ser detectado de forma simples e não invasiva, possibilitando um tratamento mais cedo e, portanto, com maior chance de sucesso.