Por Marina Dalila, Epoch Times
A Organização Mundial de Saúde publicou um relatório na última segunda-feira confirmando que a carne processada causa câncer tanto quanto cigarro ou amianto. O relatório foi resultado de uma análise feita em 800 estudos realizados ao redor do mundo pela International Agency for Research on Cancer (IARC), com sede em Lyon, na França, e foi compilado por 22 especialistas, de 10 países, que investigaram a relação entre carne processada e 16 tipos de câncer.
O resultado foi o que já se esperava: carnes processadas tais como salame, salsicha, bacon e presunto foram associados ao câncer de cólon, de pâncreas e de próstata. Os cientistas concluiram que a ingestão de 50 gramas de carne processada por dia é suficiente para aumentar em 18% o risco de desenvolver câncer coloretal. As carnes processadas foram classificadas pelo relatório como pertencentes ao primeiro grupo de produtos causadores de câncer, tais como amianto, álcool, arsênico e tabaco.
O professor de nutrição da University of Helsinki Nutrition Sciences, na Finlândia, Mikael Fogelholm, informou que a associação entre carnes processadas e câncer já era assunto conhecido pela IARC desde 2007. Logo, o que a Organização Mundial de Saúde oficializou nesta semana já era sabido.
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Mas o que são carnes processadas? São todo o tipo de carne modificada no processo de cura, salga, defumação e adição de preservativos e/ou corantes. Bons exemplos são: presunto, bacon, salsicha, carne seca, carne enlatada, pastrami e salame. Com relação às carnes não processadas, o relatório achou fortes evidências de que possam causar câncer, mas as classificou como categoria 2 de produtos causadores de câncer, pois ainda que sejam carnes não processadas, elas apresentam glifosato, uma substância ativa em diversos herbicidas.
A IARC estima que 34.000 mortes por câncer por ano no mundo possam ser atribuídas a dietas ricas em carne processada. Já, em relação à carne vermelha, suspeita-se que esteja relacionada a cerca de 50.000 mortes de pessoas por câncer anualmente. A American Cancer Society afirma que dietas ricas em frutas e vegetais, contendo menores quantidades de carne vermelha e carne processada, têm sido associadas a um menor risco de câncer coloretal.
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No início deste ano, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos lançou recomendações que aconselham maior consumo de vegetais, em detrimento do consumo de carne bovina, informando que esta escolha é melhor para a saúde e para o meio ambiente. As pesquisas do departamento concluíram que o consumo de carne bovina utiliza uma cadeia produtiva prejudicial ao meio ambiente.
Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo, desde 2008, e as estatísticas mostram previsão de crescimento também para os próximos anos. A exportação de carne bovina tinha previsão de crescimento de 2,15% ao ano; no entanto, diante de tantos relatórios oficiais com previsões menos otimistas despontando em 2015, o mercado de carnes poderá sofrer uma baixa.
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Segundo a conceituada empresa de pesquisa e de inteligência de mercado, IPSOS, 28% da população brasileira deseja reduzir o consumo de carne. Nos supermercados podem ser encontrados atualmente muitos produtos ricos em textura e sabor, especialmente pensados para aqueles consumidores que desejam tirar a carne e seus derivados do cardápio – nuggets, presuntos, kibes, coxinhas, salsichas e lingüiças -, além das fartas e baratas opções de alimentos vegetarianos e in natura, como grãos, sementes, cereais, frutas, legumes e verduras, que, ao contrário de produzirem doenças, são muito nutritivos e saudáveis.
O Brasil conta atualmente com cerca de 200 restaurantes vegetarianos. Segundo pesquisa do IBOPE, 8% dos brasileiros – ou seja, mais de 15 milhões de pessoas – já se declaram vegetarianos.