Câncer de pulmão na América Latina — além do tabagismo comum, saiba quais são as outras causas

Por Redação Epoch Times Brasil
08/10/2024 06:24 Atualizado: 08/10/2024 17:19

Os tumores de pulmão se tornaram a principal causa de mortes por câncer no mundo, com 1,8 milhão de vítimas em 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora o tabagismo continue como principal fator de risco, novas pesquisas revelam que outros elementos contribuem para aumentar a incidência da doença, especialmente entre não fumantes, na América Latina.

Durante o Seminário de Oncologia da Pfizer, realizado em Bogotá, o oncologista Luis Corrales, do Centro de Pesquisa e Manejo do Câncer da Costa Rica, destacou as particularidades da doença na região.

O médico enfatizou que, apesar de uma incidência menor de tabagismo em países como México e América Central, outras causas não relacionadas ao fumo estão elevando o risco de câncer de pulmão.

Infecções, queimadas e poluição

Entre os fatores identificados por especialistas estão altas taxas de infecções como HIV, tuberculose e HPV, além das queimadas frequentes e poluição atmosférica. Corrales citou dados do Chile, onde trabalhadores da mineração apresentam maior risco de desenvolver a doença.

Segundo o especialista, em países tropicais da América Latina, a presença de infecções latentes é um fator preocupante. Corrales ressaltou também o risco associado a ocupações comuns na região, como mecânicos e operários de indústrias têxtil e metalúrgica, que frequentemente estão expostos a substâncias tóxicas.

De acordo com ele, a exposição a agentes como gás radônio e amianto é mais comum em determinadas profissões, elevando assim o risco de câncer de pulmão.

Ainda que o tabagismo seja um fator importante, Corrales observou que o comportamento da doença na América Latina se difere significativamente do que se vê na Europa. Para ele, na Europa, o consumo de cigarros é muito mais elevado, mas há aumento de casos entre não fumantes na América Latina.

O impacto das queimadas e da poluição no Brasil e em outros países da região também foi discutido. A inalação constante de fumaça tóxica provoca inflamações crônicas nas vias aéreas, o que pode resultar em câncer de pulmão, ao longo do tempo, conforme Corrales.

Cigarros eletrônicos

Com relação aos cigarros eletrônicos, o oncologista apontou que ainda há falta de estudos abrangentes. Todavia, os também conhecidos como “vapes” ou “e-cigarrettes”, embora considerados uma alternativa ao cigarro tradicional, também podem aumentar o risco de câncer de pulmão.

É o que aponta um estudo recente do American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.

De acordo com a pesquisa, pessoas que pararam de fumar cigarros comuns e passaram a consumir os eletrônicos têm maior probabilidade de desenvolver câncer de pulmão, se comparadas àquelas que não usam os vapes. 

Além disso, a investigação revela que o uso de cigarros eletrônicos pode estar associado ao desenvolvimento de câncer mais cedo, em comparação ao uso de cigarros convencionais.