Biólogos brasileiros avançam na criação de antibiótico mais seguro e menos tóxico

Por Redação Epoch Times Brasil
25/10/2024 19:21 Atualizado: 25/10/2024 19:21

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão avançando na criação de um antibiótico mais seguro e menos tóxico. A gentamicina, um medicamento amplamente utilizado no tratamento de infecções bacterianas, é conhecido por suas limitações devido à potencial toxicidade, especialmente nos rins e no ouvido.

Publicado na revista ACS Chemical Biology, o estudo promete transformar a forma como esse antibiótico é produzido e utilizado.

A pesquisa, liderada pelo professor Márcio Dias, faz parte do trabalho do Laboratório de Biologia Estrutural Aplicada da USP. Os cientistas se concentraram em entender a composição da gentamicina, que é derivada da bactéria Micromonospora purpurea.

Essa substância é composta por cinco moléculas, cada uma com diferentes níveis de eficácia antibiótica e toxicidade. A separação e o estudo dessas moléculas são essenciais para melhorar a segurança do antibiótico.

Atualmente, a gentamicina é eficaz em aplicações tópicas, como pomadas para infecções de pele. No entanto, seu uso em outras formas, como injeções, é restrito devido ao risco de toxicidade.

O trabalho dos pesquisadores busca explorar uma maneira de manipular a produção de componentes específicos da gentamicina. O foco é aplicado principalmente em duas de suas moléculas: a gentamicina C2 e C2a.

Um dos pontos-chave da pesquisa é o entendimento sobre como funciona a enzima GenB2, que catalisa a transformação da gentamicina C2 em C2a. Sem essa enzima, a formação do C2a é inviável, comprometendo o potencial do antibiótico.

Durante a investigação, a equipe notou um comportamento único da GenB2, que envolve um aminoácido raro: a cisteína — não encontrada em outras enzimas desta classe.

Essas descobertas não apenas aprimoram o conhecimento sobre a gentamicina, mas também abrem portas para o desenvolvimento de antibióticos mais seguros.

A manipulação da enzima GenB2 pode permitir a produção seletiva da gentamicina C2 ou C2a, que possuem menor toxicidade, resultando em tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais para os pacientes.

O professor Dias enfatiza que, ao entender melhor como as moléculas da gentamicina funcionam, os pesquisadores podem avançar na produção de medicamentos que não somente tratam infecções, mas também aumentam a segurança dos pacientes.

A expectativa é que, com essa nova abordagem, a gentamicina possa ser utilizada de maneira mais ampla, beneficiando pacientes com tratamentos eficazes e seguros.