Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Como 70% das novas mães tomam medicamentos prescritos após o parto, os investigadores descobriram que estes medicamentos podem alterar a composição do leite materno das mulheres, levantando novas questões sobre a nutrição infantil.
No entanto, essas mudanças estão dentro de limites seguros, segundo os pesquisadores.
Altas taxas de uso de medicamentos entre mães que amamentam
Uma nova pesquisa, publicada no JAMA Network Open na terça-feira e conduzida por uma equipe da Universidade da Califórnia – San Diego, descobriu que mais de 50% das mulheres tomam medicamentos prescritos após o parto. O estudo analisou 384 amostras de leite coletadas de mães que amamentam nos Estados Unidos e no Canadá entre outubro de 2014 e janeiro de 2024.
O estudo comparou amostras de leite de mães tratadas com qualquer uma das quatro categorias de medicamentos, incluindo inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), um tipo de antidepressivo, anticorpos monoclonais (MABs), às vezes prescritos para prevenir ou tratar infecções, esteróides sistêmicos, que tratam a inflamação e outros medicamentos anti-inflamatórios.
Os níveis médios de proteína no leite materno de mães tratadas com ISRS e esteróides sistémicos foram entre 15% e 21% mais baixos em comparação com mães saudáveis no grupo de controle.
O conteúdo de gordura e energia também foi menor em amostras de mães tratadas com medicamentos antiinflamatórios. O estudo descobriu que o teor médio de gordura no leite materno das mães que tomavam medicamentos era 10% a 22% menor do que o das mães que não tomavam medicamentos.
Nenhuma mudança nas recomendações de amamentação
A maioria das mulheres usa pelo menos um medicamento prescrito em algum momento da gravidez, e mais da metade das mulheres tomam medicamentos nos meses após o parto, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
Apesar do uso de medicamentos, os níveis globais de macronutrientes permaneceram dentro dos limites de referência considerados aceitáveis, segundo os autores do estudo.
Os pesquisadores enfatizaram que esses resultados não devem alterar as recomendações de amamentação para mães tratadas com antidepressivos e medicamentos anti-inflamatórios. No entanto, observaram que “o crescimento de seus bebês amamentados deve ser monitorado conforme a rotina clínica”.
Eles alertaram que níveis nutricionais reduzidos no leite materno podem afetar o crescimento dos bebês e representar riscos à saúde, especialmente para aqueles que são exclusivamente amamentados.
“Níveis baixos de nutrientes no leite humano podem impactar negativamente o crescimento infantil e impor riscos à saúde do bebê amamentado”, escreveram os autores do estudo. Contudo, também destacaram uma limitação importante da pesquisa que pode influenciar a relevância dos resultados.
“A causalidade dessas descobertas não pode ser determinada antes que os efeitos de outros fatores maternos, como a dieta da mãe e a gravidade do distúrbio subjacente, sejam esclarecidos”, escreveram. Isso significa que o estudo não considerou fatores cruciais, como a qualidade da dieta da mãe e a gravidade da condição que estava sendo tratada. Outras limitações incluem o pequeno tamanho da amostra e o curto período de estudo, de apenas 14 dias.
Riscos e considerações para mães que amamentam
De acordo com uma pesquisa publicada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA, embora a maioria dos antidepressivos sejam excretados em baixas concentrações no leite materno, os níveis variam de acordo com medicamentos específicos.
Por exemplo, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) como paroxetina e sertralina resultam em doses relativamente baixas para os bebês. Já a fluoxetina (Prozac), venlafaxina (Effexor) e citalopram (Celexa) podem atingir níveis no leite materno próximos ou superiores a 10%. Relatos de casos documentaram eventos adversos em bebês expostos a antidepressivos por meio do leite materno, como irritabilidade, diminuição da alimentação e problemas de sono.
Em contraste, no caso de anti-inflamatórios como os usados para asma, a quantidade de prednisona no leite materno é considerada muito baixa, sem efeitos adversos relatados em bebês amamentados.
No entanto, um artigo na revista American Family Physician alerta que, para mães que utilizam doses altas de esteroides ou que os usam por períodos prolongados, “a amamentação deve ser adiada por quatro horas após a dose para reduzir a exposição do bebê”. O uso de doses altas também pode reduzir a produção de leite ou atrasar a lactação.