A ameaça representada pela rede 5G para a saúde humana

Sendo o guardião global da saúde humana, que oito anos atrás considerou que a radiação eletromagnética era "possivelmente cancerígena", é chocante que a OMS não nos dê informações

13/02/2019 14:24 Atualizado: 13/02/2019 14:24

Por James Grundvig

A cena do crime era semelhante à cena de um filme de Alfred Hitchcock. Cento e cinquenta pássaros mortos jaziam no chão, caídos das árvores de um parque em Haia, na Holanda.

O segundo desses eventos, ocorrido no outono passado, fez os cidadãos holandeses ficarem curiosos e olharem para cima. Com os fortes estorninhos com as pernas para cima que jaziam aos pés, as suspeitas habituais de doença, contaminação ou ato criminoso foram descartadas.

O culpado estava no alto de uma estação de trem próxima: um mastro com novas antenas da rede 5G. O teste do sistema de telecomunicações falhou além do esperado. Como resultado, o ministério holandês adiou o leilão do espectro 5G até 2020.

Durante décadas, a indústria de telecomunicações e os governos não investiram dinheiro suficiente em estudos de segurança sobre o campo eletromagnético (CEM) e a radiofrequência (RF) e seus efeitos sobre a saúde humana.

Esta negligência acontece apesar da declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) feita em uma coletiva de imprensa em 2011 de que eles descobriram que a radiação CEM é “possivelmente cancerígena” para humanos”.

Os potenciais efeitos da contaminação por radiofrequência na saúde das pessoas foram omitidos. Não apenas a implantação de redes 5G é preocupante. As frequências extremamente baixas dos roteadores WiFi, pontos de acesso e telefones celulares também são uma séria ameaça, especialmente para as crianças.

A promessa da era digital

Em um par de anos, as redes 5G se tornarão o tecido digital de conexão para drones, veículos autônomos, a Internet das coisas, cadeias de suprimento, casas inteligentes, medidores inteligentes, eletrodomésticos inteligentes, edifícios inteligentes e cidades inteligentes.

O apelo das velocidades de download super-rápidas será amplo e generalizado, mas terá um custo oculto das transmissões de RF invisíveis, radiação eletromagnética e constante recepção/transmissão de sinais WiFi que a maioria das pessoas considera benignas.

O Dr. Martin Pall, professor emérito da Universidade do Estado de Washington e um dos principais especialistas em CEM do mundo, deu uma palestra durante uma exposição no Instituto Nacional de Saúde sobre os perigos do 5G, afirmando: “Cada um destes efeitos do CEM levará a ameaças à nossa sobrevivência (…) Em camundongos, o CEM levou a uma queda na reprodução a praticamente zero (…) 5G incorrerá em frequências e pulsações muito maiores do que as de um micro-ondas”.

No último slide, o Dr. Pall leu:

“O plano atual, que já foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos e a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), é colocar dezenas de milhões de antenas 5G, irradiando sobre as pessoas e todos os outros seres em todo o país, sem sequer um único teste de segurança biológica da radiação 5G genuína. (…) Isso é uma loucura”.

A Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) não estudou os efeitos do CEM na saúde humana, não criou padrões de segurança e, em 1979, parou de medir a radiação CEM. No site da agência, há um link para um relatório obsoleto de 1992, “Perguntas e respostas sobre campos elétricos e magnéticos”.

A OMS é ainda mais escandalosa por não informar ao público os perigos da radiação eletromagnética. Uma visita ao seu site leva ao questionamento da carta da organização, devido à escassa e obsoleta quantidade de material sobre o CEM. Seis estudos sobre CEM podem ser encontrados no site da OMS: 1981, 1983, 1987, 1993, 2004 e 2007, e quatro publicações anteriores a 2004.

Sendo o guardião global da saúde humana, que oito anos atrás considerou que a radiação eletromagnética era “possivelmente cancerígena”, é chocante que a OMS não nos dê informações.

Embora a administração Trump tenha dito que lançará um plano para reformar o governo dos Estados Unidos, simplificando o alcance das agências, as estruturas hierárquicas e a consolidação dos diferentes escritórios do governo, o documento de 132 páginas não menciona o setor de telecomunicações em sua próxima etapa evolutiva fundamental.

Como resultado, a FCC continuará a ser responsável pela saúde e segurança da radiação 5G, independentemente de seu organograma ter ficado incompleto quanto à supervisão da saúde e da segurança.

A ciência sobre os efeitos do CEM

No outono passado, os cidadãos se juntaram ao coro de cientistas que forçaram os legisladores de Michigan a realizar audiências sobre CEM e o senador democrata de Connecticut, Richard Blumenthal, a alertar sobre a tecnologia 5G.

Blumenthal desafiou o setor de telecomunicações a “provar que o 5G é seguro”.

Durante uma entrevista pelo Skype, a Dra. Fiorella Belpoggi, diretora de pesquisa do Centro de Pesquisas sobre o Câncer Cesare Maltoni, do Instituto Ramazzini, em Bolonha, na Itália, explicou os problemas da radiação CEM e a ameaça representada pela tecnologia 5G.

“O espectro de baixa intensidade da RF é perigoso para humanos. As exposições ambientais podem levar a tumores do cérebro e das células nervosas do coração”, disse Belpoggi. Os mecanismos para isso não estão no nível da pele com calor térmico, como na exposição ao sol, mas no nível celular em todos os organismos vivos.

“Na Europa, estudos epidemiológicos sobre as antenas de telefones celulares também encontraram tumores do nervo facial e acústico”, disse ela. “Os efeitos permanecem inativos durante anos. O problema é o cronograma de latência. Os cânceres geralmente não aparecem por 20 ou 30 anos. Com a geração das telas, vemos problemas que causam câncer começando já a partir do embrião.”

“No nível celular, as mitocôndrias (o depósito de energia) e o metabolismo (diabetes) são profundamente afetados pelos pulsos nervosos iônicos”, disse ela. “Ondas milimétricas não são bem conhecidas; mais estudos são necessários. Temo que o 5G possa ser como o amianto, espalhando-se por toda a sociedade, até percebermos talvez tarde demais o dano que causou.”

Belpoggi enfatizou que a baixa frequência tem o mesmo efeito que o CEM com “apenas comprimentos de onda mais curtos e frequências diferentes, mas com o mesmo efeito geral”.

O problema com o 5G é que seus comprimentos de onda são transmitidos em distâncias menores que o 4G. Isso significa que as redes 5G requerem que sejam instaladas milhões de antenas a mais na próxima década do que as atuais antenas de telefonia celular 4G existentes. As antenas 5G serão vistas ao ar livre, em toda parte, fixadas nos postes de luz e telefone e nos telhados de casas, escolas, centros de transporte e prédios de escritórios. Elas estarão em todo lugar.

“Ondas CEM e RF corrompem o DNA humano. Elas contribuem para o autismo, doença de Parkinson, câncer e baixa contagem de espermatozoides. Precisamos redistribuir dinheiro de outras partes da sociedade, indústria e governo e fazer disso a prioridade número um”, disse Belpoggi, chamando a situação atual de uma” política demente, onde a tecnologia é mais importante que a saúde humana”.

Até o final do ano, o laboratório de Belpoggi publicará um estudo sobre os efeitos do CEM em 2.800 ratos, com 1.000 ratos como medida de controle. Eles examinarão todos os órgãos. O estudo foi financiado por 30 mil cidadãos locais, uma vez que o Instituto Ramazzini é uma organização sem fins lucrativos sem o patrocínio de qualquer governo ou indústria. O instituto colabora com os melhores cientistas mundiais com experiência em toxicologia e oncologia e compartilha dados com instituições dos Estados Unidos desde 2000.

Nos Estados Unidos, a Dra. Sharon Goldberg, uma testemunha especialista, respondeu a uma pergunta por e-mail sobre os três principais problemas de saúde provocados pela tecnologia 5G e a Internet das coisas.

• “A catarata responde por 60% de todas as cirurgias oculares e custam à Medicare US$ 3,6 bilhões por ano”.

• “A resistência aos antibióticos e os danos causados ao sistema imunológico, onde a tecnologia de ondas milimétricas (MMW, na sigla em inglês) afeta a sensibilidade a antibióticos (e o crescimento) de culturas de estafilococos e E. coli. Os efeitos agudos da radiação CEM em sistemas/células vivas são muito diferentes dos efeitos da exposição crônica.”

• “A grande incógnita da MMW é o impacto sobre a depressão/suicídio e a epidemia de opiáceos”.

O testemunho da Dr. Goldberg perante o Comitê de Política Energética da Câmara dos Deputados de Michigan chamou a atenção da Assembleia Legislativa e do público. Alguns vídeos do YouTube tiveram mais de 650 mil visualizações.

Até o momento, apenas equipes de cientistas — com petições e sites difíceis de encontrar — estavam expressando preocupação e publicando dados valiosos atualizados sobre a exposição a CEM. Esse deve ser o ímpeto para a EPA, a FCC e a OMS agirem, investirem em pesquisa, educarem o público e atualizarem suas obsoletas informações sobre a tecnologia que afetará todas as plantas, pessoas, insetos e animais.

Uma moratória na instalação de redes 5G deve ser a prioridade absoluta.

James Grundvig é autor de “Mestre Manipulador: a explosiva história real de fraude, desfalque e traição so Governo nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças”. Ele vive e trabalha na cidade de Nova Iorque

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