Por Marina Dalila, Epoch Times
Alergias alimentares distinguem-se de intolerâncias alimentares porque estas normalmente não envolvem respostas do sistema imunológico. Assim como alergia a outras substâncias, a alergia a alimentos é uma reação de hipersensibilidade. O sistema imunitário identifica uma proteína ingerida como sendo intrusa e perigosa, respondendo como se esta fosse algum germe causador de doenças.
Segundo a Associação Mundial de Alergia (WAO), globalmente existem cerca de 220 a 250 milhões de pessoas sofrendo com alergias alimentares, sendo as crianças as mais afetadas. O Professor Motohiro Ebisawa – presidente do Conselho de Comunicação da WAO – disse que a sensibilidade a alimentos não é uma doença simples e que está crescendo em severidade e complexidade. Os alimentos mais comuns responsáveis pelas alergias alimentares vinculadas à RA são ovos, chocolates, peixes, glúten, corantes artificiais, leite de vaca, amendoim, dentre outros.
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Leite de vaca
O leite de vaca é um dos maiores responsáveis por reações alérgicas alimentares no mundo, principalmente em crianças. Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv descobriram que o pior momento para introduzir leite de vaca para bebês, no que diz respeito ao desenvolvimento de alergias, é entre três e cinco mêses de vida.
De acordo com a DRACMA – Setor de Diagnose e Análise Racional para a Ação contra a Alergia ao Leite de Vaca – instituição pertencente a WAO – a maioria das crianças que sofre de RA em decorrencia da ingestão de leite de vaca tem pré-disposição genética para outras doenças como a asma e o eczema atópico. Curiosamente, a revista Unesp Ciência publicou um estudo científico que informa que aparentemente as três doenças não passam de sintomas de uma só enfermidade. Só para se ter uma idéia, cerca de 80% das pessoas com asma desenvolvem rinite.
Um importante fato conhecido já por muitos pacientes e profissionais de saúde é que abster-se do leite de vaca tem feito com que várias pessoas acometidas pela RA tivessem considerável melhora nos sintomas da doença. A alergia às proteínas do leite envolve uma resposta considerável do sistema imunitário, que pode ser imediata (os sintomas aparecem poucas horas após o consumo) ou tardia (os sintomas podem demorar de três horas a três dias para aparecerem). A alergia tardia ao leite de vaca é a mais frequente e, por seus sintomas aflorarem muito tempo depois da ingestão do alimento, tem seu diagnóstico bastante dificultado.
Ovos
A alergia ao ovo é mais frequente na infância, mas, na maioria das vezes, esta alergia é solucionada naturalmente após alguns anos, sem a necessidade de tratamento específico.
A alergia ao ovo deve-se a uma reação alérgica do organismo em relação a uma proteína presente na clara do ovo. Normalmente ela pode ser identificada nos primeiros anos de vida da criança. Os principais causadores da alergia ao ovo estão na clara, são eles: ovoalbumina, ovomucóide e conalbumina. Os sintomas de alergia ao ovo podem surgir de 30 minutos até 4 horas após a ingestão do alimento. Dentre os sintomas, o que se relaciona com a RA é a dificuldade para respirar, fazendo com que a pessoa esteja com uma respiração curta e rápida.
O tratamento para alergia ao ovo é basicamente excluí-lo da alimentação, e, por isso, o indivíduo não deverá comer ovo ou qualquer outro alimento que seja preparado com este ingrediente, tais como bolos, pães e biscoitos, entre outros produtos industrializados. É necessário atentar para os rótulos dos alimentos, pois em muitos existe a indicação de que pode haver traços de ovos e, por isso, estes também não devem ser consumidos.
Glúten
Alimentos como trigo, aveia, cevada e centeio possuem glúten.
É importante salientar que uma pessoa alérgica ao glúten não necessariamente é uma pessoa celíaca, uma vez que a doença celíaca ocorre quando há uma intolerância a esse alimento. Na realidade, tratam-se de duas reações adversas diferentes: enquanto a alergia é uma resposta do sistema imunológico, as intolerâncias ocorrem por causa de anomalias no aparelho digestivo.
Entre as sintomatologias mais comuns dos alérgicos ao glúten também encontram-se os problemas respiratórios; portanto, em muitos casos pode ocorrer a dificuldade de respirar.
Peixes e Frutos do Mar
Mais da metade de todas as pessoas que são alérgicas a um tipo de peixe também são alérgicas a outros peixes. As barbatanas dos peixes são extremamente alergênicas, podendo até mesmo causar anafilaxia (um tipo de alergia aguda sistêmica grave, de início súbito, que pode ocasionar até mesmo a morte de uma pessoa). O salmão, o atum e o linguado são os tipos mais comuns de peixes de barbatanas. Aproximadamente 40% das pessoas com alergia a peixes experimentou sua primeira reação alérgica na fase adulta. Leia sempre os rótulos dos alimentos, na parte dos ingredientes, para identificar se existe algum peixe.
Alguns estudos afirmam que a alergia a peixes e frutos do mar estaria presente em 1,3% a 1,9% da população. E a alergia a peixes e crustáceos é comum não apenas no ocidente, como também em países asiáticos, onde é frequente e comum tanto entre adultos quanto em crianças. A alergia a frutos do mar geralmente dura toda a vida.
Curiosamente, pessoas que possuem alergia a peixes e crustáceos frequentemente são alérgicas a ácaros e insetos. Acredita-se que estas ‘reações cruzadas’, como são conhecidas, acontecem devido à semelhança de uma proteína presente em todos estes grupos, as chamadas tropomiosinas. Ou seja, mesmo uma pessoa que nunca consumiu frutos do mar poderia tornar-se alérgica a estes através do contato com outras fontes de tropomiosina, como, por exemplo, ácaros e alguns insetos.
Tomate
Este é um dos alimentos mais afetados por agrotóxicos na agricultura. Estudos indicam que se ultrapassarmos as quantidades de agrotóxicos dentro dos valores diários aceitáveis as consequências serão dores de cabeça, alergia e coceiras. Em casos mais graves de exposição direta aos agrotóxicos há a possibilidade do aparecimento de distúrbios do sistema nervoso central e até de câncer.
Tomates também contêm salicilatos, que são certos conservante naturais do reino vegetal. Algumas pessoas desenvolvem alergia a tomates crus, enquanto outras são mais sucetíveis aos tomates processados. Entre os sintomas da alergia ao tomate relacionados à RA os mais comuns são coceira na garganta e dificuldade de respirar.
Chocolate
A alergia ao chocolate cru e ao cacau não é tão comum, mas pode ocorrer em algumas pessoas. O ingrediente que inicia a cascata alérgica está, na verdade, contido nos aditivos do chocolate processado, o qual pode, inclusive, conter cerca de 300 substâncias adicionadas durante o processo de fabricação. Alguns dos ingredientes adicionados ao chocolate são xarope de milho, nozes, glúten e cafeína.
Os sintomas e as reações de alergia ao chocolate podem variar de sintomas leves a graves. Dentre os mais comuns relacionados à RA a falta de ar é a mais proeminente.
Leguminosas
A alergia a legumes é mais comum em crianças. Alguns legumes são utilizados como alimentos (ervilha, feijão, soja, lentilha, grão-de-bico, amendoim) ou como espessantes e estabilizantes em alimentos embalados (farinha de alfarroba e farinha de guar). É importante limitar ao máximo o consumo de produtos industrializados. As principais espécies responsáveis por reações alérgicas são lentilha, ervilha, amendoim, soja e o tremoço.
Dentre as manifestações clínicas da alergia, os sintomas da rinite se fazem presentes. As reações às leguminosas podem diferenciar-se dependendo do estado dos grãos, se secos ou frescos, devido à proteína albumina.
O tratamento térmico desses grãos modifica a estrutura da proteína e pode reduzir alergenicidade, como no caso do amendoim. No entanto, a resistência à térmica, química e desnaturação proteolítica é uma característica comum das leguminosas. Foi demonstrada a termoestabilidade de alérgenos na lentilha, grão-de-bico, ervilha, tremoço e soja, ou seja: mesmo quando cozidos, estes alimentos mantêm suas características alergênicas. E, além disso, cozinhar legumes não só retem alergenicidade, como também a aumenta.
Milho
O milho é um cereal com proteínas semelhantes às de outros cereais, como o trigo, por exemplo. Mas, ao contrário do trigo, que é um alérgeno alimentar comum, existem relativamente poucos relatos de reações alérgicas ao milho. No entanto, os relatórios que mencionam reações, mostram que estas podem ser graves. O sintoma da alergia ao milho relacionado à RA é a falta de ar.
A alergia ao milho está se tornando mais comum na categoria de alergia alimentar. Atualmente o milho é um dos alimentos que mais sofre modificações genéticas, sendo vendido mundialmente e, muitas vezes, sem este tipo de informação na rotulagem. O Ministério da Agricultura do Brasil autoriza, desde 2005, a modificação genética de soja, algodão e milho.
Atualmente, não existem suficientes pesquisas relacionadas a alimentos geneticamente modificados e suas consequências em longo prazo em humanos, mas algumas já apontam para problemas graves no aparelho reprodutor de certos animais e alterações sérias em seus descendentes, além de variados tipos de câncer.
Hoje, é cotidiano encontrar no mercado vários tipos de produtos industrializados contendo substâncias derivadas do milho. É importante conhecer os outros nomes dos derivados da proteína de milho como a dextrina, que pode ser encontrada em glicose, dextratos, maltodextrina, amido, xarope de milho, extrato de malte e amidos vegetais.
Aditivos alimentares
A WAO informou que existem muitas regiões sem legislação com relação a rotulagem de alimentos.
Na maioria dos países industrializados, muitos aditivos aparecem no rótulo, mas são na realidade, verdadeiros desconhecidos da população. Como, por exemplo, os famosos sabores artificiais, que aparecem em diversos produtos industrializados e englobam uma série de aditivos ocultos, deixando a população sem saber do que se tratam. A menos que o consumidor faça uma pesquisa minuciosa com a empresa produtora de tais produtos, ele é praticamente inconsciente e não pode fazer escolhas sudáveis em relação aos alimentos em supermercados e lojas. Resta a opção, mais indicada por sinal, de ignorar produtos como estes e escolher itens naturais e sem adição de químicos.
Corantes, preservativos, tais como sorbatos, benzoatos, sulfitos, nitratos e propionatos, anti-oxidantes sintéticos, realçadores de sabor e glutamato monossódico e sabores artificiais são substâncias relacionadas a reações alérgicas. Sulfitos, que são aditivos muito comuns utilizados em picles, cervejas, vinhos, refrigerante de cola, frutas e vegetais secos, cerejas ao marrasquino, batatas secas ou congeladas, também podem provocar reações alérgicas.
Salicilatos
Os salicilatos são compostos químicos abundantes no mundo das plantas, que formam as defesas de muitas espécies, como frutas e legumes. Eles ajudam os vegetais a resistirem a fungos e bactérias e são conservantes naturais para prolongar a vida de alguns alimentos. Estão presentes em muitas frutas e legumes, especiarias, ervas, medicamentos e conservantes. Geralmente, algumas pessoas que sofrem de alergias ao salicilato são também alérgicas ao ácido acetilsalicílico (aspirina).
Uma vez que eles são um mecanismo de defesa do reino vegetal, o salicilatos estão amplamente distribuídos entre os alimentos. Suas propriedades também são utilizadas em medicamentos, cosméticos e como conservantes em muitos alimentos.
Os alimentos com abundância de salicilatos são: chicória, abacate, algas, alfafa, alcachofra, berinjela, brócolis, repolho, couve-flor, espinafre, morangos, erva-doce, cogumelos, kiwi, milho, melão, nozes, pepino, pimentão, abacaxi, banana, melancia, rabanete, tomate e uvas.
Existe uma correlação entre os vegetais contendo salicilatos e a família vegetal das solanáceas (berinjela, batata, tomate, tabaco, pimenta etc) – estas contêm alcalóides que são tóxicos para muitas das populações do mundo. Por isso, é importante não só restringir o consumo de frutas e legumes, como também ter cuidado para não consumir produtos industrializados e evitar cosméticos excessivamente artificiais.
Devido ao fato de a indústria incorporar diversos ingredientes aos alimentos, é importante evitar o aroma de hortelã-pimenta, suco de bebidas prontas, mel, geléias, picles, especiarias e frutos secos. Finalmente, o aditivo benzoato, que é utilizado, assim como salicilatos, para conservar alimentos, também deve ser evitado, pois tem propriedades similares e pode causar as mesmas alergias.
Alimentos que contêm histamina
A histamina, como explicado anteriomente, é uma substância que é liberada pelo corpo humano em resposta a uma reação alérgica, mas também existe numa grande variedade de alimentos em diferentes quantidades. Além disso, alguns alimentos também desencadeam a sua produção pelo organismo.
Para algumas pessoas, comer uma dieta rica em alimentos que contêm histamina pode causar os mesmos sintomas de coceira, espirros, olhos lacrimejantes e coriza, como foi descrito no artigo anterior Conheça os alimentos vilões e heróis da rinite alérgica.
Dentre os alimentos ricos em histamina encontram-se o peixe cru, em conserva ou semi-conseva, mariscos, queijo curado – principalmente a parte da casca – carnes e peixes curados ou defumados, embutidos, legumes (principalmente grão-de-bico, soja e seus derivados).
É preciso atenção ao consumir estes alimentos: o melhor é que, em episódios de crise, eles sejam evitados, e fora destes episódios, sejam consumidos em pequenas quantidades, caso não se tenha alergia a um ou alguns deles.
* O próximo artigo, Alimentos e suplementos úteis no combate à rinite alérgica, abordará os alimentos e as substâncias que combatem a rinite alérgica e os seus sintomas.