Açúcar: um possível culpado pelo câncer pancreático, o “rei do câncer”

Por Shan Lam e JoJo Novaes
19/07/2024 21:04 Atualizado: 19/07/2024 21:04
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

O câncer pancreático, às vezes chamado de “rei do câncer” devido à sua malignidade, apresenta desafios tanto na detecção precoce quanto no tratamento em estágio avançado. A compreensão de suas causas e sinais de alerta permite que as pessoas tomem medidas preventivas. Rong Shu, diretor da Dr. Rong TCM Clinic no Reino Unido e um experiente praticante da medicina tradicional chinesa (MTC) com mais de 30 anos de experiência, descreveu as causas, os primeiros sintomas e as estratégias eficazes de prevenção do câncer de pâncreas no programa “Health 1+1” do Epoch Times.

A dupla função do pâncreas

Na medicina ocidental, o pâncreas é reconhecido como um órgão digestivo e endócrino. Como órgão digestivo, ele secreta várias enzimas para quebrar as proteínas, gorduras e carboidratos dos alimentos. Como órgão endócrino, ele produz insulina e glucagon para regular os níveis de açúcar no sangue, mantendo-os em níveis adequados e cruciais para o funcionamento dos principais órgãos.

A Sra. Rong destacou que, sob a perspectiva da MTC, o pâncreas é considerado parte do sistema do baço, que inclui o pâncreas, o fígado, a vesícula biliar, o baço, o estômago e os intestinos. Esse sistema é responsável pela digestão, absorção, transformação e transporte de nutrientes dos alimentos, fornecendo energia para vários tecidos e sistemas do corpo.

Açúcar e câncer pancreático

No antigo texto médico chinês “O Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo” ou “Huangdi Neijing”, está documentado que o baço corresponde à doçura. A Sra. Rong explicou que, embora uma pequena quantidade de doçura possa nutrir o baço, o excesso de doçura pode ser prejudicial. O açúcar está presente em alimentos doces refinados. Comer muitos alimentos doces altamente refinados por muito tempo pode causar danos crônicos ao baço, o que pode resultar em alterações cancerígenas.

Diversos estudos confirmaram a estreita relação entre o açúcar e a função pancreática, identificando o açúcar como um fator determinante para o surgimento do câncer de pâncreas. Um estudo de 2019 publicado na Cell Metabolism descobriu que níveis elevados de açúcar no sangue desencadearam um desequilíbrio metabólico em camundongos, levando ao câncer de pâncreas.

Outro estudo publicado na Cell Reports em 2020, que acompanhou quase 500.000 europeus durante 20 anos, indicou que uma dieta rica em açúcar aumentou o risco de câncer de pâncreas em alguns indivíduos e promoveu o crescimento e a disseminação do tumor.

Desafios na detecção e no tratamento

A Sra. Rong explicou que a dificuldade de detectar o câncer de pâncreas em seus estágios iniciais se deve à localização do pâncreas. Muitas vezes chamado de “órgão oculto”, o pâncreas fica escondido atrás de vários outros órgãos. Esse posicionamento torna quase impossível para os médicos senti-lo durante um exame físico e, mesmo com um ultrassom, capturar imagens claras do pâncreas é um desafio.

Além disso, quando os tumores se formam e crescem no pâncreas, normalmente não causam sintomas perceptíveis. Mesmo que os sintomas apareçam, eles raramente são reconhecidos como relacionados a problemas pancreáticos, o que torna improvável a detecção precoce. Geralmente, é somente quando as células tumorais apresentam metástase em outros órgãos que os sintomas se tornam aparentes.

De acordo com Limor Appelbaum, instrutor da Harvard Medical School e oncologista de radiação, “cerca de 80 a 85% dos pacientes com câncer de pâncreas são diagnosticados em estágios avançados, nos quais a cura não é mais uma opção”.

No final de 2023, pesquisadores da Harvard Medical School e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveram em conjunto um novo modelo de detecção de câncer de pâncreas chamado PRISM, que pode detectar 35% dos adenocarcinomas ductais pancreáticos, o tipo mais comum de câncer de pâncreas, em comparação com 10% com a triagem convencional.

Opções limitadas de tratamento

Além disso, as células do câncer pancreático são agressivas e apresentam resistência a vários níveis de tratamento, o que torna a cura completa um grande desafio. De acordo com a American Cancer Society, a taxa de sobrevivência relativa de cinco anos para o câncer pancreático é de apenas 13%.

As opções de tratamento para o câncer de pâncreas permanecem muito limitadas. O principal tratamento cirúrgico é a pancreaticoduodenectomia, mas menos de 20% dos pacientes com câncer de pâncreas são elegíveis para esse procedimento.

Além da cirurgia, as opções de tratamento para o câncer de pâncreas incluem quimioterapia, radioterapia, terapia com medicamentos direcionados e imunoterapia. Entretanto, esses métodos geralmente são ineficazes na cura do câncer de pâncreas e podem causar danos significativos ao corpo.

MTC como tratamento adjuvante

A Sra. Rong contou um caso recente de tratamento de um paciente com câncer pancreático. Um paciente em estágio avançado foi submetido a cinco meses de quimioterapia sem nenhuma melhora. Quando chegou à clínica para um check-up, havia perdido todo o cabelo, seu rosto estava distorcido pela dor e seu estômago estava inchado como um balão. 

Após o tratamento com acupuntura, os sintomas do paciente melhoraram significativamente, assim como seu estado emocional.

A Sra. Rong afirmou que a intervenção da MTC pode aliviar os sintomas em pacientes com câncer de pâncreas, reduzir significativamente a dor e melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer em estágio avançado. Ela também demonstra alguma capacidade de inibir a disseminação de células cancerígenas ou até mesmo facilitar a cura. Os pacientes podem considerar a MTC como uma terapia alternativa ou optar por uma combinação de medicina ocidental e MTC para o tratamento.

Sintomas iniciais

A Sra. Rong observou que alguns pacientes com câncer de pâncreas não apresentam nenhum sintoma, enquanto outros apresentam apenas alguns sintomas que geralmente não são percebidos, como:

– Inchaço e desconforto no abdome superior

– Coceira na pele

– Aumento súbito e inexplicável dos níveis de açúcar no sangue ou ineficácia súbita da medicação para diabetes

– Dor lombar, especialmente no nível do umbigo, não relacionada a doença ou lesão renal

– Amarelamento dos olhos e da pele (icterícia)

Fatores de risco

Embora a causa exata de qualquer câncer seja desconhecida, os fatores de risco a seguir podem influenciar o desenvolvimento do câncer pancreático:

– Estresse elevado, depressão e ansiedade: Um estudo mostrou que a depressão pode ser um precursor do câncer de pâncreas, com metade dos pacientes com câncer de pâncreas apresentando sintomas psiquiátricos 43 meses antes do aparecimento dos sintomas físicos.

– Estilo de vida não saudável: Dieta sem controle e padrões de sono irregulares.

– Dieta desequilibrada: Comer uma dieta não variada e não saudável, como comer muita carne e poucas frutas e legumes.

– Maus hábitos: Fumar, beber álcool, consumir quantidades excessivas de café e comer alimentos carbonizados com frequência.

– Fatores de saúde subjacentes: O diabetes é um fator de risco conhecido para o câncer pancreático.

– Pancreatite: A inflamação crônica do pâncreas pode levar ao câncer, e os tumores benignos podem se tornar malignos.

– Genética: O câncer de pâncreas tem um certo grau de herança familiar.

Medidas preventivas

A Sra. Rong enfatizou que, para prevenir o câncer de pâncreas, é essencial fazer ajustes no estilo de vida e cultivar hábitos saudáveis no dia a dia. Considere implementar o seguinte:

– Reduza a ingestão de alimentos açucarados: Em vez disso, opte por alimentos ricos em proteínas e grãos integrais, nozes e legumes. Por exemplo, incorpore peixe cozido ou levemente frito, frango, ovos, aveia, milho, painço e centeio em sua dieta.

– Coma uma variedade de legumes e frutas: Os vegetais e as frutas são ricos em antioxidantes, que combatem o estresse oxidativo e a inflamação crônica, reduzindo o risco de câncer.

– Aumente a ingestão de gorduras saudáveis: Pesquisas demonstraram que o consumo de azeite de oliva pode reduzir o risco de câncer.

– Pratique exercícios regularmente: A atividade física pode fortalecer o sistema imunológico e reduzir o risco de câncer.

– Mantenha uma mentalidade positiva e controle o estresse: A depressão pode ter alguma associação com o câncer pancreático. É essencial gerenciar ativamente o estresse e incorporar técnicas de relaxamento à sua rotina.