5 erros comuns de pressão arterial  — onde obter verificação mais precisa

As pesquisas mostram que as leituras imprecisas da pressão arterial são frequentes, o que leva a diagnósticos e tratamentos incorretos.

Por Sheramy Tsai
25/11/2024 19:57 Atualizado: 25/11/2024 19:57
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times. 

Você acha que a leitura de sua pressão arterial é precisa? Pense novamente. Pequenos erros comuns durante uma verificação de rotina podem levar a leituras imprecisas e diagnósticos equivocados.

As leituras da pressão arterial são um dos pilares da saúde do coração, mas pesquisas mostram que muitas vezes elas são imprecisas. Até mesmo um pequeno erro pode mudar uma leitura para a faixa de hipertensão, afetando a leitura de milhões de pessoas e podendo levar a tratamentos e medicamentos desnecessários. Reconhecer as armadilhas comuns — e como evitá-las — pode fazer toda a diferença.

Precisão em questão

A maioria de nós confia nas rápidas verificações de pressão arterial no consultório médico. Mas um estudo de 2021, publicado no American Journal of Preventive Cardiology, sugere que essa confiança pode ser equivocada. Apenas 1 em cada 5 cardiologistas — excluindo os cardiologistas preventivos — segue as diretrizes recomendadas para medir a pressão arterial, apesar de ter confiança em sua técnica. Os cardiologistas preventivos gerenciam os fatores de risco de doenças cardíacas antes que elas se agravem.

Uma declaração de posicionamento de 2019 do Lancet Commission on Hypertension Group ecoou essas preocupações, revelando que leituras imprecisas da pressão arterial levam a um gerenciamento incorreto em 20 a 45% dos casos em ambientes clínicos. Isso geralmente ocorre devido a técnicas desatualizadas ou treinamento limitado. Até mesmo um erro de 5 pontos pode mudar uma leitura para a faixa hipertensiva, afetando potencialmente até 84 milhões de pessoas em todo o mundo.

Para o Dr. Sean Lucan, médico de família e pesquisador em medicina preventiva, essas questões são muito familiares.

“Só me lembro de ter tido minha pressão arterial verificada corretamente uma única vez — no consultório do meu próprio PCP [provedor de cuidados primários]”, disse ele ao Epoch Times. “Talvez as pessoas estejam com pressa. Talvez não tenham sido treinadas. É um problema enorme.”

As lacunas no treinamento contribuem para o problema. A medição da pressão arterial geralmente é ensinada uma vez na faculdade de medicina ou enfermagem, com pouco acompanhamento. Muitas medições também são feitas por técnicos médicos ou equipes de apoio, que podem receber menos treinamento formal do que enfermeiros e médicos.

“O problema não se limita à equipe clínica”, observou Lucan, “ele se estende aos pacientes que usam manguitos caseiros sem uma educação completa e adequada”.

Esses erros de rotina podem se propagar, levando a diagnósticos excessivos e medicamentos desnecessários.

Com a pressão arterial normal em 120/80 mm Hg (milímetros de mercúrio) e a hipertensão começando em 130/80 mm Hg, até mesmo pequenos erros podem levar uma leitura para a faixa hipertensiva. (O número superior é chamado de pressão arterial sistólica, e o inferior, de pressão diastólica). Com 62 milhões de americanos já tomando medicamentos para pressão alta, verificações precisas são essenciais para evitar tratamentos desnecessários e os riscos à saúde decorrentes da prescrição excessiva.

Causas de leituras imprecisas da pressão arterial

  1. 1 – Posição incorreta do braço

O local onde você coloca o braço durante a verificação da pressão arterial pode fazer uma “grande diferença entre uma leitura normal e um diagnóstico de hipertensão, de acordo com um estudo recente da Johns Hopkins, publicado no JAMA Internal Medicine.

Usando leituras eletrônicas de pressão arterial, os pesquisadores testaram três posições comuns do braço — apoiado na altura do coração, descansando no colo e pendurado sem apoio — e descobriram discrepâncias significativas nas leituras.

Os pesquisadores descobriram que, quando o braço está apoiado no colo, as leituras sistólicas e diastólicas podem ser quase 4 mm Hg mais altas do que a posição recomendada de estar apoiado no nível do coração. Um braço sem apoio na lateral levou a aumentos ainda maiores.

“Se você estiver medindo consistentemente a pressão arterial com um braço sem apoio, e isso lhe der uma pressão arterial superestimada de 6,5 mmHg, essa é uma diferença potencial entre uma pressão arterial sistólica de 123 e 130, ou 133 e 140 — que é considerada hipertensão de estágio 2”, disse a autora do estudo Sherry Liu em um comunicado à imprensa.

  1. 2 – Tamanho errado do manguito

Um dos fatores mais simples, porém frequentemente negligenciado, na medição da pressão arterial é o tamanho do manguito. Assim como as roupas, os manguitos de pressão arterial vêm em tamanhos diferentes. Para uma leitura precisa, o manguito deve se ajustar corretamente ao braço do paciente. Um manguito muito pequeno pode superestimar a pressão arterial, enquanto um manguito muito grande pode subestimá-la.

A Associação Americana do Coração recomenda o uso de um manguito que envolva pelo menos 80% da parte superior do braço, mas estudos mostram que tamanhos incorretos são frequentemente usados em clínicas, especialmente em pacientes com braços maiores ou mais musculosos.

Um estudo de 2023 publicado no JAMA Internal Medicine destaca o problema. Ele constatou que o uso de um manguito de tamanho normal em pacientes que precisavam de um manguito maior levou a leituras infladas — quase 5 mm Hg para um manguito grande e até 19,5 mm Hg para um manguito extragrande.

Essas descobertas revelam os riscos de uma abordagem de tamanho único ao usar manguitos de pressão arterial, especialmente para pessoas com braços maiores. Em ambientes clínicos movimentados, o uso de um manguito padrão por padrão pode levar a erros graves. Os autores enfatizaram que o tamanho adequado do manguito é crucial para evitar o diagnóstico excessivo e o tratamento desnecessário, recomendando “uma ênfase renovada na seleção individualizada do manguito de pressão arterial”.

  1. 3 – Cruzamento das pernas

Cruzar as pernas durante a verificação da pressão arterial pode parecer algo sem importância, mas pesquisas mostram que isso pode alterar significativamente a leitura. Um estudo no Journal of Hypertension descobriu que quando os participantes cruzaram um tornozelo sobre o joelho, a pressão arterial sistólica aumentou em média 11,4 mm Hg e a pressão diastólica aumentou 3,8 mm Hg, em comparação com as leituras com os pés apoiados no chão.

Essa posição da perna afeta a pressão arterial porque aumenta o débito cardíaco — o volume de sangue que o coração bombeia a cada minuto. Com mais sangue fluindo, a pressão nas artérias aumenta. No entanto, como a resistência periférica, ou a resistência natural dos vasos sanguíneos, não se ajusta para compensar esse aumento, a pressão arterial geral aumenta. É interessante notar que cruzar as pernas na altura dos tornozelos não tem o mesmo efeito sobre as leituras.

Os autores do estudo recomendam que os pacientes mantenham os pés apoiados no chão durante as medições para evitar leituras artificialmente altas, observando que “a posição das pernas deve ser mencionada em todas as diretrizes e publicações relacionadas à PA”.

  1. 4 – Bexiga cheia

Acontece que precisar de uma pausa para ir ao banheiro pode fazer mais do que apenas deixá-lo desconfortável — pode também aumentar sua pressão arterial. Pesquisadores descobriram que mulheres de meia-idade com a bexiga cheia apresentaram um aumento médio de 4,2 mm Hg na pressão arterial sistólica e de 2,8 mm Hg na pressão diastólica em comparação com a pressão arterial após terem se aliviado.

O efeito foi mais perceptível após três horas, embora o aumento não tenha continuado a aumentar com períodos mais longos. Isso sugere que, embora a bexiga cheia possa aumentar temporariamente a pressão arterial, são o desconforto e a tensão, e não o tempo, que têm o maior impacto.

Para quem já esperou muito tempo para ir ao banheiro, esse aumento da pressão arterial é uma resposta natural à distensão da bexiga. Uma simples ida ao banheiro antes da verificação da pressão arterial pode ajudar a evitar leituras artificialmente altas.

  1. 5 – Hipertensão do avental branco

Para até um terço dos pacientes, a simples visita ao consultório médico pode aumentar as leituras da pressão arterial — um fenômeno conhecido como hipertensão do avental branco. Esse aumento temporário, geralmente causado pela ansiedade, pode elevar as leituras sistólicas em até 10 a 20 mm Hg.

O Dr. Evan Levine, cardiologista e autor de artigos de saúde, gerencia a hipertensão do avental branco dando aos pacientes tempo para relaxar e repetindo as medições. Estudos apoiam essa abordagem, mostrando que dar um tempo entre as leituras pode reduzir os picos relacionados à ansiedade. Levine geralmente faz uma segunda leitura após o exame, permitindo que os pacientes se acalmem e garantindo resultados mais precisos.

Por que a precisão é importante

As leituras incorretas da pressão arterial estão “sem dúvida contribuindo para que os pacientes sejam diagnosticados em excesso, medicados em excesso e submetidos aos danos que ambos acarretam”, diz Lucan.

Leituras imprecisas da pressão arterial podem desencadear uma reação em cadeia de tratamentos desnecessários e estresse. A hipertensão diagnosticada erroneamente faz com que alguns pacientes comecem a tomar medicamentos para a pressão arterial por toda a vida — como inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina) ou betabloqueadores — que trazem riscos de efeitos colaterais como tontura, fadiga e problemas renais. Para quem não tem hipertensão verdadeira, esses efeitos colaterais são um ônus desnecessário.

Esse problema chamou a atenção de organizações nacionais, incluindo a American Heart Association e a American Medical Association, que lançaram a Iniciativa Target: BP para melhorar o controle da pressão arterial em todo o país.

Uma parte essencial desse programa é o retreinamento dos profissionais de saúde em técnicas de medição precisas, de preferência a cada 6 a 12 meses. Estudos mostram que mesmo um módulo on-line de 30 minutos pode melhorar a habilidade e a confiança do profissional. O programa também enfatiza o automonitoramento fora do consultório como um método fundamental para o diagnóstico preciso.

Lucan defende uma abordagem nacional consistente para a educação sobre pressão arterial. “Eu realmente acho que deveria haver uma campanha educacional unificadora. Talvez [chamá-la] de ‘Check Right'”, diz ele.

Diretrizes claras e consistentes significariam menos diagnósticos errôneos, tratamentos mais eficazes e uma comunidade de pacientes mais saudável e capacitada, diz Lucan.

Não há lugar como o lar

Os especialistas recomendam cada vez mais que os pacientes monitorem a pressão arterial em casa, em vez de confiar apenas nas leituras clínicas. O Dr. Jackson Wright, diretor do Programa de Hipertensão Clínica do University Hospitals, disse que o monitoramento domiciliar da pressão arterial (HBPM, na sigla em inglês) tornou-se o método preferido para o controle da hipertensão.

O monitoramento domiciliar tornou-se essencial durante a pandemia, já que os pacientes recorreram ao atendimento remoto. Atualmente, as organizações de saúde, incluindo a Associação Americana do Coração, o apoiam amplamente. A HBPM fornece uma visão cotidiana das tendências da pressão arterial, oferecendo aos pacientes e médicos uma base mais precisa para decisões de tratamento do que uma única leitura clínica.

Um estudo de 2021, publicado no Journal of the American College of Cardiology, descobriu que uma semana de monitoramento doméstico da pressão arterial era mais confiável e intimamente ligada a indicadores de saúde cardíaca do que as medições feitas na clínica.

A HBPM também oferece aos pacientes mais controle sobre sua saúde. Estudos mostram que o monitoramento domiciliar regular, especialmente quando combinado com o suporte de telessaúde de enfermeiros, farmacêuticos ou agentes comunitários de saúde, melhora o controle da pressão arterial e mantém os pacientes mais envolvidos em seus cuidados.

Como diz o cardiologista Dr. Evan Levine, “Quando se trata de medições de pressão arterial, não há lugar como a nossa casa”.

Fazendo as coisas direito

Uma leitura de pressão arterial alta não significa automaticamente hipertensão.

Diretrizes aconselham a realização de pelo menos duas leituras em uma única consulta para garantir que o resultado seja preciso. Os médicos geralmente repetem o teste em uma consulta de acompanhamento para diagnosticar a hipertensão. Esse processo em duas etapas ajuda a descartar picos temporários causados por estresse ou erros simples, fornecendo uma imagem mais confiável da pressão arterial real do paciente.

A verificação manual da pressão arterial já foi o padrão ouro, mas atualmente a maioria das leituras é feita com manguitos automáticos. Uma meta-análise de 2019 constatou que as medições automatizadas no consultório são mais precisas do que as leituras manuais, aproximando-se do monitoramento ambulatorial — o melhor indicador de risco cardiovascular.

Tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde, algumas etapas simples podem garantir que as leituras da pressão arterial sejam as mais precisas possíveis. Lucan recomenda enfatizar os fundamentos para medições confiáveis, seja na clínica ou em casa:

  • – Use o banheiro: Resolva qualquer urgência na bexiga ou no intestino antes de medir a pressão arterial, pois isso pode aliviar as leituras altas temporárias.
  • – Evite estimulantes: Evite cafeína, nicotina ou exercícios por pelo menos 30 minutos antes, pois eles podem aumentar temporariamente a pressão arterial.
  • – Mantenha a calma: Respire fundo várias vezes e relaxe. Não fale durante a medição. Se você tiver hipertensão do avental branco, considere monitorar a pressão arterial em casa.
  • – Posicionamento: Sente-se ereto com as costas apoiadas, os pés apoiados no chão e o braço apoiado na altura do coração.
  • – Use o tamanho correto do manguito: Certifique-se de que o manguito circunda pelo menos 80% da parte superior do braço para obter resultados precisos.
  • – Coloque o manguito sobre a pele nua: Evite colocar o manguito sobre a roupa para garantir uma leitura precisa.
  • – Repetir leituras: Se a primeira leitura for alta, aguarde alguns minutos e faça outra para garantir a precisão.