Por Instituto Liberal
Para ser empresário no Brasil, você precisa ser resiliente e operador de “milagres”. É exatamente isso. Ter uma empresa em nosso país é muito difícil por uma série de questões burocráticas e impostas pelo Estado. A maioria dos desafios existentes estão associados aos governos, à péssima visão de desenvolvimento de economia de mercado dos mesmos e à má gestão pública que assola nosso país.
De acordo com um estudo desenvolvido pela Endeavor com o apoio metodológico da EY e da SEDI, no Brasil são necessários, em média, 129 dias para abrir uma empresa. O empreendedor brasileiro precisa preencher 7 fichas nos demonstrativos de apuração do ICMS e, como se não bastassem todos esses fatores, o estudo apontou que, entre janeiro de 2012 e dezembro de 2014, foram publicados, em média, 202 decretos de atualizações tributárias por estado, ou seja, 5 novos decretos a serem acompanhados por mês.
Essa excessiva carga tributária, com toda certeza, traz consigo ainda mais dificuldades para o empresário iniciante, que precisa se estabelecer no mercado e conquistar seu espaço. Para aqueles em atividade, o cenário não é muito diferente. Os abusos financeiros cometidos pelo Estado impactam diretamente a sobrevivência de qualquer empresa. Quando citei operar milagres, foi justamente por isso. Triste realidade, pois bem sabemos o quanto os empresários e as iniciativas privadas servem de alavanca para o país, pois buscam levá-lo rumo ao progresso, ao desenvolvimento, à livre iniciativa e ao fortalecimento da economia de mercado, que trazem consigo benefícios de cunho social, profissional e econômico.
Quando os empresários se deparam com situações difíceis, como a crise atual, presenciamos posturas arrogantes e parasitárias do Estado, que impedem os mesmos de tomar ações em benefício próprio. Exemplos claros aconteceram nos últimos tempos: a Findes, por exemplo, foi notificada pela Justiça do trabalho para reintegrar colaboradores que haviam sido desligados por mau rendimento. Será então que as empresas não podem desligar funcionários que não estão entregando resultados esperados? Será essa uma decisão da Justiça do Trabalho? Muito se esquece que é esse empresário que faz a roda girar no Estado e este, por sua vez, responde com tais posturas parasitárias.
Ser empreendedor em nosso país é aceitar o desafio de que temos um governo que estruturou um sistema de punições e prejuízos que torna muito difícil sustentar o seu negócio e se manter no mercado. Todo o sistema está arranjado para abastecer os cofres públicos e, consequentemente, retirar cada vez mais das empresas privadas.
Não posso negar que os empresários que persistem no mercado têm nobres motivos para isso – seja um histórico familiar, herança, vocação para o desafio e até mesmo a vontade de fazer a economia progredir. Certamente, para eles, a resposta é que vale a pena ser empresário no Brasil – porque acreditam e contribuem, com seu trabalho diário, por dias melhores.
Enfim, é uma baita inversão de valores. Como uma amante do progresso, torço para que as vocações empresariais não desistam do Brasil. Afinal, você, como empreendedor, faz diferença em todos os contextos aos quais está inserido. Faz diferença na vida de seus funcionários, fornecedores, clientes, associados e promove, assim, prosperidade contínua, como um ciclo que nunca se acaba! A grande esperança está nos empresários e, por mais que não valha a pena, peço que eles persistam pelo simples desejo de ver essa nação trilhar novos caminhos.
*Karen Meirelles é colaboradora no Instituto Líderes do Amanhã.
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As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times