Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Nos últimos anos, a China tem registrado um aumento nos casos de HIV e AIDS entre jovens, especialmente estudantes universitários. Observadores da situação na China apontam que a prevalência de infecções nas universidades chinesas revela questões sociais mais profundas e deficiências no sistema educacional do país.
A situação voltou a ganhar destaque em setembro, com relatos de um grande surto de HIV na Universidade de Anyang, uma instituição privada localizada na província de Henan, no centro da China.
Li Wei, residente do Condado de Anyang, que preferiu usar um pseudônimo, disse recentemente ao Epoch Times que mais de 300 pessoas foram infectadas durante esse surto, incluindo o ex-vice-chefe do condado e sua esposa.
Um estudante da Universidade de Anyang contou à mídia chinesa que várias centenas de pessoas contraíram o vírus em decorrência desse recente surto, acrescentando que houve casos de estudantes infectados que cometeram suicídio ao se jogarem de prédios, o que também foi relatado nas redes sociais.
Infecções estudantis
Entre 2015 e 2019, aproximadamente 3.000 novos casos de HIV e AIDS foram registrados anualmente entre jovens de 15 a 24 anos. Em 2022, esse número subiu para 10.700, segundo dados oficiais do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da China.
Essas infecções ocorreram principalmente por transmissão sexual, especialmente entre parceiros do mesmo sexo, que representaram 82,5% dos casos entre estudantes, a maioria homens, em 2022, segundo um comunicado do CDC.
Em 2023, a China registrou 110.500 novos casos de HIV e AIDS entre todas as idades, observando uma tendência de aumento das infecções em dois grupos demográficos: jovens e idosos, com taxas de infecção subindo significativamente entre estudantes e homens mais velhos. Os dados não forneceram um número exato para o grupo etário de 15 a 24 anos.
No final de 2023, aproximadamente 1,29 milhão de pessoas viviam com HIV e AIDS na China, de acordo com a mídia estatal chinesa.
É difícil avaliar a veracidade dos dados oficiais devido ao histórico das autoridades chinesas de subnotificação de infecções e ocultação de informações.
Em uma entrevista recente ao Epoch Times, Lai Jianping, ex-advogado em Pequim e presidente da Federação para uma China Democrática, com sede no Canadá, atribuiu o aumento dos casos de HIV e AIDS à decadência moral em toda a sociedade chinesa.
“A decadência moral permeou a sociedade chinesa, resultando em falta de respeito pelos valores morais e falta de autodisciplina, tornando o surto de AIDS quase inevitável”, afirmou Lai.
“A infecção por HIV entre estudantes universitários tornou-se um fenômeno, não um caso isolado”, declarou Zhang Beichuan, professor da faculdade de medicina da Universidade de Qingdao, à mídia estatal chinesa Sanlian Life Weekly em dezembro de 2021.
Em 2000, Zhang recebeu o prêmio Barry and Martin’s Trust, uma premiação anual de excelência em educação sobre AIDS na China.
Wang Cuntong, outro especialista envolvido há muitos anos na educação sexual entre estudantes universitários, disse à Sanlian Life Weekly que a razão para a alarmante disseminação do HIV nos campi é a ruptura das visões tradicionais sobre sexualidade.
“Em apenas 40 anos, vimos uma mudança notável. Os estudantes universitários agora têm atitudes e comportamentos mais liberais em relação à sexualidade”, ele afirmou.
Embora os dados nacionais sobre a prevalência de HIV entre estudantes universitários sejam limitados, insights podem ser obtidos dos dados mais recentes divulgados pelo CDC em nível provincial em Shaanxi.
Em um simpósio de 2018, a agência listou as 25 principais faculdades e universidades de Xi’an, capital provincial, com o maior número de infecções por HIV. Entre essas instituições, foram relatados 267 casos. Xi’an é a maior metrópole no noroeste da China, com 64 faculdades e universidades.
A mídia estatal chinesa também relatou uma tendência perceptível de aumento de infecções por HIV entre estudantes do ensino médio nos últimos anos.
Em Nanjing, capital da província de Jiangsu, no leste da China, o CDC da cidade identificou estudantes HIV positivos em 30 escolas de janeiro a outubro de 2023, incluindo cinco estudantes de ensino médio ou escola vocacional.
A província de Yunnan, no sul da China, relatou em 2022 que os portadores mais jovens de HIV que foram infectados por transmissão sexual tinham apenas 13 anos.
Ding Jie, diretor do CDC da cidade de Nanjing, disse à mídia estatal chinesa em dezembro de 2023 que encontros por meio de plataformas sociais online, ter múltiplos parceiros e engajar-se em comportamentos sexuais de alto risco (como sexo desprotegido) com pessoas fora da escola são fatores de risco significativos para a infecção por HIV.
“Os departamentos de educação e saúde têm a obrigação de focar nessas questões”, afirmou ele.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times