Problemas de primeiro mundo: em evento LGBT, ministro de Lula diz querer “um país sem medo de amar” | Opinião

As reivindicações por respeito e tolerância devem ser defendidas, porém não devem ser impostas como uma agenda para toda a sociedade.

Por Matheus de Andrade
03/06/2024 23:11 Atualizado: 03/06/2024 23:11

A 32° Feira da Diversidade realizada na capital paulista na quinta-feira (30), feriado religioso de Corpus Christi, que contou com a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, traz um debate sobre a promoção da ideologia de gênero e a luta por direitos de comunidades que não se consideram heterossexuais. Durante o evento, o ministro declarou que deseja um país “sem medo de amar”, no que, de acordo com o ministro, destaca importância da diversidade e da inclusão para a construção de uma sociedade mais justa.

Entretanto, essa postura ignora aspectos fundamentais da cultura e dos valores tradicionais da sociedade brasileira. De acordo com uma publicação da Gazeta do Povo, a promoção de políticas que favorecem a inclusão da comunidade LGBTQIA+ tem sido vista até por não-heterossexuais como uma imposição de valores e instrumento político da “esquerda” mundial. Valores esses que conflitam com crenças religiosas e familiares profundamente enraizadas e orientadoras. A ênfase excessiva na diversidade pode levar à marginalização de indivíduos que mantêm visões mais conservadoras sobre gênero e sexualidade.

Em uma matéria traduzida da sede americana e publicada pelo Epoch Times Brasil, a jornalista Laura Hollis relata exatamente isso. Ela explica de maneira magistral como um discurso que, aparentemente, é bom e bonito, na verdade é usado de maneira a oprimir uma classe da sociedade, classe que é a maioria do Brasil. 

“Os Estados Unidos [e o Brasil] foram fundados explicitamente em princípios judaico-cristãos e povoados por pessoas que acreditavam neles e viviam por eles. Além disso, a existência de valores compartilhados e uma crença comum na fonte última desses valores tornou possível apelar para essa fonte quando as políticas do país não atendiam aos nossos ideais, como exemplificado pelos chamados para a abolição da escravidão ou a melhoria das condições para os trabalhadores das fábricas.” disse Laura.

O evento, que incluiu atividades culturais e educativas, foi elogiado por seus participantes como um espaço de celebração e conscientização. No entanto, a retórica utilizada pelo ministro Almeida soa bem mais como uma tentativa de normalizar e constranger a população a receber práticas e costumes que não são amplamente aceitos. Isso não significa proibir discursos LGBTQIA+ e nem outros discursos que a sociedade não aceita plenamente, mas significa que todo o trabalho dos militantes deve ser feito no sentido de convencimento. Caso não haja convencimento, tudo bem! Isso é verdadeiramente diversidade!

O governo deve focar em políticas que promovam a unidade e a coesão social mesmo entre pessoas diferentes, em vez de enfatizar diferenças e usar jargões que podem ser divisivos. Não há união em afirmar que “toda forma de amor é válida” e obrigar que quem não concorde com isso aceite calado que esse tipo de ideia vai ser ensinada aos seus filhos na escola pública que ele paga. Esse tipo de discurso “a favor da diversidade” serve unicamente para acirramento dos ânimos.

Além disso, outra crítica que faço é que a ênfase na ideologia de gênero pode obscurecer outras questões sociais urgentes, como a violência urbana, a pobreza e o desemprego, todos esses problemas constantemente enfrentados por toda a população brasileira sem exceção. Enquanto o governo dedica recursos e atenção a eventos como a Feira da Diversidade e Parada LGBT – algumas delas muito suspeitas – muitos cidadãos enfrentam desafios cotidianos que necessitam de intervenções mais imediatas e práticas.

Em 2023, foi publicado pela Rádio Agência uma matéria onde relatava que o Brasil seguia sendo o país com o maior número de pessoas LGBTQIA+ assassinadas no mundo. Isso mostra que o Brasil é o país mais homofóbico do mundo, certo? Errado. No mesmo ano, outra matéria também foi publicada pela Gazeta do Povo mostrando que o Brasil liderava a lista dos 10 países com maior número de homicídios. O problema no Brasil é a segurança pública, não o ódio à população LGBTQIA+.

Ainda no mês passado, foi publicado pelo Epoch Times Brasil que a medida do governo de reonerar a folha de pagamento para aumentar a arrecadação pode deixar mais de 30 mil desempregados em 17 setores da economia. Entre esses, o setor de telemarketing é o que mais emprega mulheres, negros e pessoas que não se consideram heterossexuais, são 70% de todos os funcionários contratados. O problema do Brasil são as medidas econômicas irresponsáveis, não o ódio à população LGBTQIA+.

Gastar energia com um problema importado dos Estados Unidos e da Europa e ignorar casos como esses é uma verdadeira incoerência de algumas alas da sociedade.

Por fim, o discurso de um “país sem medo de amar” é apenas outro desvio de foco, visto que desconsidera as complexas realidades sociais e culturais do Brasil. Uma inversão das necessidades básicas das pessoas. A promoção de uma agenda progressista, sem um amplo consenso social, pode e vai gerar resistências e aprofundar divisões já existentes na sociedade.

Embora a Feira da Diversidade tenha sido um evento importante para a comunidade LGBT, isso apenas ressalta a necessidade de um debate mais equilibrado e inclusivo – ao invés da criação e expansão de uma bolha isolada – que leve em consideração as diversas perspectivas e preocupações da sociedade brasileira como um todo.

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times