Imagine você, como anfitrião, com toda a hospitalidade e simpatia de um brasileiro, convidando uma pessoa para ser visita em sua casa, e imagine esse visitante chutando sua porta, quebrando suas paredes… e no final do dia, o expulsar de sua residência. Parece uma cena inimaginável, mas foi precisamente o que ocorreu na tarde da quinta-feira (17) de julho de 2014, quando seguranças chineses à paisana cercaram e agrediram brasileiros com socos e pontapés na rampa de acesso do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.
Os chineses, que possivelmente são agentes do Partido Comunista Chinês, atacaram os manifestantes devido às positivas repercussões das manifestações pacíficas dos praticantes do Falun Dafa, também conhecido como Falun Gong, que pedem o fim da perseguição à prática na China, incluindo o fim da extração forçada de órgãos, que é sancionada pelos regime chinês.
Durante a visita do líder chinês Xi Jinping ao Brasil, devido à conferência do BRICS, os seguranças chineses lançaram mão de diversos métodos de intimidação e opressão para impedir a manifestação pacífica dos praticantes: persuasão de policiais, intimidação verbal e física, uso de mecanismos para obstruir a visibilidade das manifestações, obstrução de seus movimentos e de suas meditações pacíficas, incitação dos policiais locais contra os praticantes, etc.
Frustrados com seu insucesso, os seguranças chineses adotaram posturas cada vez mais agressivas, indo desde insultos e provocações, passando à tentativa de sequestro de bens pessoais dos praticantes, e finalmente recorrendo ao confronto e ao uso da violência física, culminando na covarde agressão aos praticantes no incidente do Panteão.
Esse foi um ato premeditado e despótico, quando seguranças chineses encurralaram os praticantes, numa tentativa de dissuasão para que cessassem suas manifestações junto às autoridades chinesas – uma clara violação de seus direitos legítimos como cidadãos brasileiros.
Os praticantes, foram prestar queixa contra os agressores na 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal e esclareceram o incidente.
Uma das vítimas, Ruth Eli Tavares – praticante do Falun Gong há 11 anos – comenta o episódio: “Eu me senti invadida. Acho que foi um ultraje termos sido oprimidos por estrangeiros em nosso próprio país. Essa mentalidade autoritária que experimentamos hoje reflete a forma como o governo chinês vem tratando os praticantes do Falun Gong na China.”
“Não pareciam turistas normais, mas pessoas treinadas para restringir nosso deslocamento, para nos bloquear; de forma truculenta, arrancaram nossos materiais e os lançaram a outros chineses em pontos estratégicos, os quais fugiam rapidamente. Parecia tudo planejado”, relatou Alessandro, de 27 anos, que foi brutalmente agredido por cinco chineses simultaneamente.
Já a praticante do Falun Gong chinesa Rao E, de 51 anos, residente há 14 anos no Brasil, estava chocada com a ação brutal e imoral dos agressores: “Eu vi os maldosos chineses, em grupo, dando socos e cotoveladas em vários praticantes, inclusive em mulheres, sem o menor escrúpulo. Além de tomarem as faixas dos praticantes, arrancaram a sacola da minha mão com tanta violência que feriram meus dedos. Assim como as faixas, eles estavam atrás do nosso material que denuncia a perseguição ao Falun Gong na China.”
Referindo-se ao ocorrido, a praticante do Falun Gong e psicóloga Beatriz Saliés, 41 anos, disse: “Dos cerca de 20 homens que nos atacaram, haviam alguns que reconhecemos como parte do grupo que vinha nos intimidando desde o dia anterior. Diante do ocorrido, compreendi que precisava fazer algo mais do que uma manifestação pacífica: pretendo entrar com um processo contra o governo chinês pela violação dos direitos humanos, para que saibam que no Brasil, ao contrário do que ocorre na China, não sairão impune ao perseguir pessoas que valorizam os princípios de verdade, compaixão e tolerância.”
Depois das agressões e do roubo dos materiais desses brasileiros praticantes do Falun Gong, um dos chineses foi detido em flagrante na Praça dos Três Poderes, após tentar fugir com uma das faixas roubadas. A polícia foi mobilizada, quatro dos agressores foram identificados e levados à 5ª Delegacia de polícia do Distrito Federal.
Um arriscado aperto de mãos
Menos de duas horas após o líder chinês Xi Jinping deixar o Palácio do Planalto, a visita “diplomática” dos chineses revelou sua face verdadeira: suas ações impositivas buscam ditar regras num pais alheio, refletindo a imagem real de um regime repressivo e violento que tem sido o governo do Partido Comunista Chinês (PCCh) na China.
O que ocorreu neste dia não foi uma “simples” agressão física de um grupo de homens contra pessoas pacíficas. Foi mais do que isso: foi uma afronta à soberania da nação brasileira, cujos habitantes foram tratados com total desrespeito e barbárie. Justamente no dia em que os presidentes do Brasil e da China celebravam os 40 anos da parceria econômica entre os dois países, a mão que selava a cooperação também revelava a natureza tirânica do regime chinês.
Porém, diferentemente da atitude agressiva demonstrada pelos seguranças chineses, as manifestações dos praticantes do Falun Gong, devido a seu caráter pacífico e harmonioso, tiveram a simpatia não só dos transeuntes, mas também de policiais locais, sendo que ambos manifestaram repúdio à atitude dos agentes chineses.
Veja abaixo vídeo gravado por um praticante de Falun Gong mostrando a violação aos direitos civis dos cidadãos brasileiros:
Alberto Fiaschitello é cientista social, formado pela USP, e terapeuta naturalista
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times