Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Depois de décadas em conflito com ambientalistas e reguladores, a energia nuclear está sendo anunciada como um componente essencial para um futuro “net zero” de energia limpa e confiável. No entanto, é provável que sua promessa não seja cumprida devido a algumas realidades difíceis. Enquanto a América do Norte enfrenta o desafio de fornecer energia segura, acessível e sustentável em meio à crescente demanda por eletricidade, é hora de aceitar este fato: o gás natural continua sendo a solução mais prática para alimentar nossa rede e nossa economia.
As limitações da energia nuclear estão enraizadas em seus custos, riscos e atrasos. Mesmo em circunstâncias ideais, construir ou reiniciar uma instalação nuclear é uma tarefa árdua. Considere o plano muito divulgado da Microsoft de reiniciar o reator da Unidade 1, há muito adormecido em Three Mile Island, na Pensilvânia. Esse projeto é elogiado como prova de um incipiente “renascimento nuclear”, mas, apesar de aproveitar a infraestrutura existente, custará US$1,6 bilhão e levará quatro anos para ser colocado em operação.
Esse não é um caso único. Em toda a América do Norte, os projetos de energia nuclear enfrentam tempos de espera monumentais. A nova geração de pequenos reatores modulares (SMRs, na sigla em inglês), muitas vezes anunciada como um divisor de águas, ainda é em grande parte teórica. No Canadá — em Alberta em particular — as discussões sobre os SMRs estão em andamento há anos, sem nenhum progresso concreto. As projeções mais otimistas estimam que o primeiro SMR no oeste do Canadá poderá estar operacional em 2034.
A realidade é que a energia nuclear não pode ser ampliada com rapidez suficiente para atender às necessidades urgentes de eletricidade. A rede elétrica do Canadá e a demanda de eletricidade deve crescer significativamente, impulsionada por veículos elétricos e enormes centros de dados para aplicações em IA. A energia nuclear, mesmo se expandida agressivamente, não pode preencher a lacuna dentro dos prazos necessários.
O gás natural, por outro lado, é abundante, flexível, de baixo risco e altamente econômico. Ele é responsável por 40% da geração de eletricidade nos EUA e desempenha um papel fundamental no mix energético do Canadá. Ao contrário da energia nuclear, a infraestrutura de gás natural pode ser construída rapidamente, garantindo que a nova capacidade entre em operação quando for necessária — e não décadas depois. As usinas a gás são econômicas e capazes de fornecer energia consistente e em grande escala, além de serem capazes de iniciar e desligar rapidamente, o que as torna adequadas para atender às demandas de energia de carga básica e de “pico”.
As preocupações relacionadas ao clima em torno do gás natural precisam ser colocadas em perspectiva. O gás natural é o combustível fóssil de menor emissão e produz menos da metade do dióxido de carbono do carvão por unidade de produção de energia. Ele também é altamente adaptável, apoiando a integração de energia renovável ao compensar a intermitência da energia eólica e solar.
Os defensores da energia nuclear frequentemente destacam suas credenciais de emissão zero, mas ignoram seus imensos desafios, não apenas os problemas iniciais de alto custo e longos prazos de entrega, mas também o descarte contínuo de resíduos e o futuro descomissionamento.
O gás natural, em comparação, apresenta menos riscos. Seus sistemas de produção e distribuição estão bem estabelecidos, e a América do Norte está em uma posição única para se beneficiar das vastas reservas subjacentes aos três países do continente. Apesar dos preços baixos e dos obstáculos regulatórios cada vez maiores, a produção de gás natural do Canadá vem estabelecendo novos recordes. A simplificação dos processos regulatórios e a expansão da capacidade de exportação de gás natural liquefeito (GNL) ajudariam a reavivar a economia abalada do Canadá, com bastante gás natural sobrando para ajudar a atender às crescentes necessidades domésticas de eletricidade.
Os críticos argumentam que o investimento em gás natural está em desacordo com a “transição energética” para um glorioso futuro líquido zero, mas isso simplifica demais os desafios relacionados e ignora realidades concretas. Ao reduzir a dependência de combustíveis mais poluentes, como o carvão, o gás natural pode ajudar a diminuir as emissões de gases de efeito estufa de um país e, ao mesmo tempo, proporcionar a confiabilidade necessária para apoiar o crescimento econômico e a integração de energia renovável.
A crise energética da Europa após a recente redução das importações de gás russo ressalta o papel vital do gás natural na manutenção de suprimentos confiáveis de eletricidade. Como nações como a Alemanha ainda estão eliminando a energia nuclear devido à ideologia cega de seus partidos de esquerda, elas estão ficando cada vez mais dependentes do gás natural para manter as luzes (principalmente) acesas e as fábricas (parcialmente) funcionando.
A Europa já é um destino para o GNL exportado da Costa do Golfo dos EUA, e as exportações americanas de GNL logo voltarão a crescer com o novo governo Trump. O Canadá tem os recursos e o know-how para ampliar suas exportações de GNL de forma semelhante; tudo o que precisamos é de um governo federal que nos apoie.
Apesar de todos os seus benefícios teóricos, a energia nuclear continua impraticável para atender às demandas energéticas imediatas e de médio prazo. Seus altos custos, longos cronogramas e a significativa oposição pública remanescente tornam improvável que ela sirva como espinha dorsal de energia da América do Norte.
O gás natural, por outro lado, é acessível, escalável e confiável. É o combustível que alimenta as indústrias, mantém as casas aquecidas e fornece a estabilidade de que nossa rede elétrica precisa — independentemente de fazermos ou não a transição para o “net zero”. Ao priorizar o investimento em infraestrutura de gás natural e expandir seu uso, podemos enfrentar os desafios energéticos de hoje e, ao mesmo tempo, estabelecer as bases para as inovações de amanhã.
A versão original e completa deste artigo foi publicada recentemente no C2C Journal.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times