Matéria traduzida e adaptada do inglês, originalmente publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Se há qualquer pessoa que esteja minimamente interessada no Brasil – interessada em saber a verdade sobre o que está acontecendo aqui – é melhor evitar totalmente a grande mídia.
A maioria das empresas de mídia brasileiras decidiram no início de 2019, o primeiro ano do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, produzir e distribuir em conjunto uma história comum e fictícia sobre o Brasil com poucos pontos de contato com a realidade. Esta história, evidentemente, exclui qualquer pensamento, comentário, ideia, interpretação, ou mesmo fato que não tenha sido aprovado pela narrativa oficial esquerdista.
Esse ainda é – com algumas exceções – o caso.
Alguns americanos e cidadãos de países como o Canadá e a Austrália podem estar familiarizados com esta zombaria da liberdade de imprensa. O que eles talvez não saibam é até que ponto a mídia brasileira avançou no caminho da censura, em servidão ao poder progressista.
Durante a pandemia, o Brasil enfrentou o mesmo dilema que o resto do mundo, muitas vezes tendo que escolher entre respeitar os direitos individuais ou adotar medidas autoritárias cuja eficácia era muitas vezes questionável e cuja base científica era frágil. A resposta da mídia brasileira, em vez de denunciar as claras violações e defender os direitos dos cidadãos, foi unir todos os principais meios de comunicação em um “consórcio”, com o suposto objetivo de fornecer “conselhos e informações confiáveis com base científica” para o público.
Este consórcio de meios de comunicação reivindicou a propriedade da verdade absoluta, ao mesmo tempo que agiu como um papagaio para todos os tipos de conselhos contraditórios e infundados provenientes tanto de agências internacionais como de “especialistas” locais – muitas vezes jovens YouTubers ou personalidades dos meios de comunicação sem qualquer formação especializada.
O consórcio também apoiou grandes e pequenas decisões, leis e regulamentos despóticos emitidos por centenas de micro tiranos – governadores, prefeitos, administradores públicos e inspetores de todos os tipos – que suprimiram direitos dos indivíduos e empresas em todo o país, brandindo o mesmo lema: “ Sou a favor da vida” – o que, eles acreditavam, lhes conferia autoridade absoluta para espezinhar os direitos individuais.
Na verdade, o objetivo mal escondido do “consórcio” era atacar, dia e noite, o primeiro governo federal não-esquerdista a ser eleito desde o início da década de 1980, utilizando todas as armas concebíveis.
Bolsonaro delenda est. Bolsonaro deve ser destruído.
Ele foi.
O consórcio de meios de comunicação social foi dissolvido há alguns meses, mas o seu espírito continua vivo. Com poucas exceções, se você lê um jornal ou site de notícias brasileiro, já leu todos. Quase todos os veículos de comunicação social relatam os acontecimentos da mesma forma, recrutam os mesmos especialistas de tendência progressista para os comentarem e fornecem apoio intelectual, por assim dizer, a qualquer ação que o Estado de esquerda decida tomar, por mais obviamente equivocada e prejudicial que pareça ser.
Isto explica porque grande parte da mídia está perdendo relevância, tendo assumido o papel de porta-voz do governo progressista (uma palavra inadequada para um governo que está parado no tempo). As suas tentativas de dar um toque positivo a atos absurdos ou quase inconstitucionais se tornou uma questão ridícula. Não admira que um artigo de opinião publicado no Wall Street Journal em 14 de Abril tenha descrito a democracia brasileira como “morrendo em plena luz do dia”.
Em uma ocasião famosa e inesquecível, uma jornalista sênior, com um histórico profissional respeitável, fez de tudo para evitar elogiar o governo Bolsonaro. Ela distorceu as ideias e as palavras – e o rosto – para declarar que durante o governo Bolsonaro não houve uma melhora na economia, houve uma “despiora”.
Depois que a esquerda voltou ao poder no Brasil, não houve nenhuma falsidade que a maioria da mídia não estivesse disposta a replicar, e nenhum fato que eles não estivessem dispostos a distorcer ou esconder, para ganhar as boas graças dos senhores do dinheiro público. A servidão está compensando. Os agradecimentos já começaram a surgir na forma de grandes somas para publicidade governamental.
Exemplos não faltam. A maior parte da mídia brasileira apoia totalmente o ataque diário do governo ao direito dos cidadãos à autodefesa armada, embora os dados mostrem claramente que, à medida que a posse de armas por civis aumentou, a taxa de crimes graves, como assassinatos, despencou. É claro que isto está longe de ser uma prova conclusiva de que mais armas significam menos mortes. Mas é uma prova claramente conclusiva de que a afirmação do governo de que as armas civis acabam nas mãos de criminosos e aumentam a criminalidade é uma mentira.
Uma mentira monstruosa.
Qualquer policial brasileiro sabe que as armas militares – rifles, granadas e até armas antiaéreas – usadas pelos traficantes que controlam as favelas em todas as grandes metrópoles brasileiras são contrabandeadas para o país. Um relatório recente do Rio de Janeiro confirma isso: das 48 mil armas apreendidas de criminosos durante três anos e meio de trabalho policial, apenas 11 delas foram adquiridas legalmente por cidadãos comuns e depois encontraram seu caminho para quadrilhas. Isso é uma taxa de 0,02 por cento.
Você nunca encontrará esses dados em nenhum jornal de grande circulação.
A crise da criminalidade no Brasil não tem equivalente em nenhum país democrático ocidental do seu tamanho e estágio de desenvolvimento económico. A taxa de homicídios em 2017 de 30 por 100.000 pessoas é recorde. A maioria dos veículos de comunicação brasileiros, guiados pela liderança ideológica da esquerda americana, decidiram que a polícia é o problema e que o Brasil prende muitas pessoas, quando o inverso é verdadeiro.
Quando se considera a proporção relativa da população que está atrás das grades, o Brasil está na 15º posição, bem atrás de países como os Estados Unidos e Cuba.
Além disso, o direito penal brasileiro e sua aplicação pelos magistrados adotaram a visão de que os criminosos são movidos pela pobreza e pela falta de oportunidades ou que são revolucionários que lutam contra a injustiça e a desigualdade social. O resultado é pura impunidade.
Há uma longa lista de “direitos” e benefícios especiais usufruídos pelos presos brasileiros, muitos dos quais são desconhecidos em outros países. O sistema de justiça criminal brasileiro tem um sistema de “progressão” obrigatória, que move todos os presos através de regimes de encarceramento cada vez mais abertos, o último dos quais é uma prova da capacidade do Brasil de inovar quando se trata de dar uma boa vida aos criminosos: é o regime prisional aberto, onde os criminosos, embora ainda registados como reclusos nos registos oficiais, estão na verdade em liberdade, nas ruas, sem supervisão e com possibilidade de fazer o que bem quiserem.
É claro que a maioria deles faz o que sempre fez para viver: agressão, roubo, estupro, furto. Assassinatos horríveis, especialmente cruéis, que resultariam em pena de prisão perpétua em países como França, Alemanha e Canadá, e provavelmente em pena de morte na maior parte dos Estados Unidos, são tratados no Brasil com tanta indulgência que a maioria dos assassinos raramente fica mais de quatro anos numa cela antes de “progredirem” para o regime “prisional” semiaberto.
Tudo isso é comemorado pela maioria dos meios de comunicação do Brasil, que estão prontos para criticar e culpar a polícia por todos os delitos reais ou imaginários. As operações perigosas nas grandes áreas controladas pelos traficantes nas favelas são sempre seguidas de uma cobertura mediática contra a polícia.
A mídia brasileira tem se mostrado disposta a apoiar legislações e decisões judiciais que irão, no longo prazo, implementar mecanismos de censura que poderão levar ao silenciamento dos jornalistas mais relevantes. Uma recente decisão judicial declarou que os meios de comunicação social são, a partir de agora, responsáveis pelas declarações feitas pelas pessoas que entrevistam.
Outra lei recentemente aprovada cria um sistema confuso e potencialmente abusivo para compensar os meios de comunicação sempre que o seu conteúdo é distribuído pelas redes sociais. Sempre que um usuário publica um link para uma reportagem em uma rede social, a rede teria que pagar uma taxa; nem seria permitido remover o que o usuário postou. Como os montantes a pagar ainda não foram definidos e podem ser significativos, as empresas de redes sociais temem que isto se possa tornar num mecanismo de controle e censura que poderá fazer com que algumas delas tenham de levar os seus negócios para outro lugar. Há mais legislação semelhante em preparação.
Sua melhor aposta para saber o que “realmente” está acontecendo no Brasil é acompanhar um número muito pequeno de veículos de mídia atualmente liderados pelo grupo Jovem Pan, uma tradicional rede de rádios cuja liderança as levou a formatos inovadores e inexplorados que misturam rádio, TV a cabo e Internet. Embora sua operação de notícias a cabo tenha pouco mais de dois anos, ela ocupa hoje o segundo lugar em audiência entre os concorrentes no espaço de notícias a cabo (aviso: trabalho para o grupo Jovem Pan – e tenho orgulho disso).
A outra forma de saber a verdade sobre os acontecimentos no Brasil é através das redes sociais. Várias operações independentes, como a Revista Oeste e a Gazeta do Povo, têm fortes operações online (a elas agora se juntou a edição brasileira do Epoch Times). A sua disposição para desafiar as restrições cada vez maiores à liberdade de expressão e de imprensa atraiu grandes talentos e grandes leitores. Essas revistas on-line e o X são os lugares onde muitos brasileiros procuram a verdade nua e crua e comentários independentes, perspicazes e corajosos.
No Brasil, como em outros lugares, os profissionais da mídia, os políticos e os ativistas que, durante muito tempo, ganharam uma vida muito decente e acumularam influência política (e riqueza), posicionando-se como defensores da liberdade e da justiça, foram os primeiros a aproveitar o oportunidade apresentada pela pandemia para mudarem as suas crenças em busca de poder ou dinheiro. Da noite para o dia, tornaram-se os mais ferrenhos defensores da repressão do pensamento e da censura, que eles, em um uso engenhoso do que George Orwell chamou de novilíngua, chamam de “combate à desinformação”.
A principal diferença entre a situação no Brasil e a situação nos Estados Unidos é que, embora as pessoas sejam canceladas, atacadas e difamadas nos Estados Unidos, as pessoas no Brasil que não se curvam a polícia do pensamento podem acabar na prisão. E muitos deles estão.
O Brasil pode estar servindo de protótipo para controles da mídia e do discurso público que mais tarde serão aplicados em outros países democráticos.
É melhor o Ocidente prestar atenção.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times