Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Em meio a uma economia sombria, jovens chineses que lutam para encontrar emprego têm sido vítimas de golpistas.
Em um exemplo, um adolescente com deficiência mental foi supostamente manipulado a fazer uma cirurgia cara de aumento de seios para se tornar influenciador digital.
Em um vídeo que recentemente viralizou nas redes sociais chinesas, a mãe do jovem de 19 anos disse que seu filho, um candidato desesperado por emprego, foi supostamente enganado por uma clínica de cirurgia estética a contrair um empréstimo de 30.000 yuans (aproximadamente US$ 4.200) para a cirurgia.
A mulher acusou a clínica de enganar seu filho ao dizer que ele poderia “ganhar dinheiro fazendo lives” após a cirurgia, de acordo com o vídeo.
“Quando nossa família soube da notícia, ficamos chocados e devastados, como se o mundo estivesse desabando,” disse ela no vídeo.
Em outro exemplo, um estudante universitário de 21 anos chamado Ding relatou sua experiência ao veículo de mídia chinês Southcn.com quando se candidatou a um trabalho de entrega em meio período com o que supostamente era um centro de serviço parceiro de entrega associado à Meituan, uma conhecida empresa de e-commerce na China.
No entanto, Ding foi supostamente enganado a alugar uma bicicleta elétrica por um ano, com pagamentos em parcelas.
Quando descobriu que seus ganhos com as entregas não eram suficientes para cobrir as taxas de aluguel da bicicleta, decidiu rescindir o contrato antecipadamente, mas foi surpreendido com contas de custos de reparos devido a supostos danos à bicicleta.
“Foi então que percebi que o suposto trabalho de entrega bem remunerado era apenas um esquema para forçar os candidatos a alugar bicicletas elétricas a taxas exorbitantes,” disse ele à publicação.
Esses incidentes geraram uma ampla indignação entre os internautas chineses.
“Os golpes de emprego se desenvolveram em uma cadeia industrial bem estabelecida,” disse um usuário do Weibo.
Crescente desemprego juvenil
Dados oficiais mostram que a taxa de desemprego juvenil aumentou de 13,2% em junho para 17,1% em julho, o nível mais alto deste ano. A faixa etária é estabelecida entre 16 e 24 anos.
No entanto, é difícil avaliar a verdadeira escala da situação porque os dados do Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) levam em conta apenas as áreas urbanas.
Esse indicador, que é amplamente monitorado, atingiu um recorde histórico de 21,3% em junho de 2023. Desde então, o Partido Comunista Chinês (PCC) ajustou o método de cálculo para excluir estudantes em tempo integral da taxa de desemprego juvenil.
Em junho deste ano, aproximadamente 12 milhões de estudantes universitários se formaram na China, tornando-se candidatos a emprego em um mercado de trabalho altamente competitivo e potencialmente contribuindo para o aumento acentuado da taxa de desemprego em julho.
Em uma coletiva de imprensa em 15 de agosto, Liu Aihua, porta-voz do NBS, reconheceu a forte pressão sobre o mercado de trabalho juvenil, afirmando que “na próxima fase, o foco será priorizar o emprego para os jovens, particularmente para os graduados universitários.”
“Abate de porcos”
O aumento do número de golpes direcionados a estudantes e recém-formados, juntamente com as sombrias perspectivas de emprego, levou alguns jovens a se tornarem golpistas eles mesmos.
Dados oficiais revelam que, nos primeiros 10 meses de 2023, o número de jovens menores de 18 anos processados por golpes telefônicos e pela internet aumentou 68% em comparação ao ano anterior.
Um golpe desenfreado de criptomoeda é chamado de “abate de porcos,” um termo popular na internet chinesa, muitas vezes orquestrado por quadrilhas de fraude no exterior, principalmente visando chineses no interior e no exterior.
O esquema envolve golpistas estabelecendo uma relação de confiança com as vítimas, chamadas de “porcos,” antes de convencê-las a investir em empreendimentos fraudulentos de criptomoeda.
Uma vez que o investimento é feito, os golpistas cortam a comunicação e desaparecem com o dinheiro das vítimas, um movimento descrito como “abate do porco.” Criminosos envolvidos nesse tipo de golpe muitas vezes usam aplicativos de namoro e plataformas de mídia social para encontrar suas vítimas.
Muitos dos golpistas envolvidos no abate de porcos também são vítimas, predominantemente da China e do Sudeste Asiático.
De acordo com um relatório publicado pelo Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos em agosto de 2023, pelo menos 220.000 pessoas foram traficadas para o Camboja e Mianmar (também conhecido como Burma) e forçadas a se envolver em fraudes online.
Nos últimos anos, o impacto do abate de porcos se expandiu da China e do Sudeste Asiático para proporções globais, incluindo a Europa e os Estados Unidos.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times
