Por Andrew Davies
Pelo segundo mês consecutivo, a Irlanda foi classificada em primeiro lugar no Ranking de Resiliências para Covid da Bloomberg, entre as 53 maiores economias globais. Seu relatório afirma que a república está agora reabrindo, após vacinar mais de 90 por cento de sua população adulta.
Além de elogiar as Ilhas Esmeraldas, o relatório da Bloomberg inclui uma nota de advertência, até mesmo contraditória: “Com os casos diários atualmente em seu nível mais alto desde janeiro, o sucesso contínuo da Irlanda dependerá da ampla vacinação, rompendo a ligação entre a redução das restrições e a propagação do vírus”. Se referindo à necessidade de um programa de injeções de reforço em todo o país.
Mas como um país, com uma das maiores taxas de vacinação do mundo, pode estar enfrentando atualmente um ressurgimento de casos e mortes da COVID?
Até o momento, cerca de 7,3 milhões de doses de vacina foram administradas. A primeira vacinação do país foi dada à Annie Lynch, de 79 anos, em 29 de dezembro de 2020, e, um mês depois, 2% da população havia sido vacinada. Demorou até julho para 50 por cento de sua população adulta ter sido totalmente vacinada.
Isso ainda estava muito aquém de sua meta de atingir a imunidade de rebanho, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define como: “Proteção contra uma doença infecciosa que ocorre quando uma população está imune através da vacinação ou pela imunidade desenvolvida por infecção anterior”.
A preferência da OMS é por imunidade por meio da vacinação, e esta se tornou a visão aceita na maioria dos países ocidentais, com certificados de vacinação sendo exigidos, ao invés de prova de imunidade natural obtida por infecção anterior, a qual o CDC estima agora ser responsável por mais de um quarto da população dos EUA.
Os casos da COVID também aumentaram em Israel neste verão, que também tem uma população altamente vacinada. Seu Ministério da Saúde informou que apenas 1 por cento dos novos casos contraíram a COVID-19 anteriormente. Ou seja, a grande maioria dos outros 99 por cento estava contando com a proteção da vacina, que falhou. Dvir Aran, cientista do Instituto de Tecnologia de Israel concluiu: “Os dados sugerem que os recuperados têm melhor proteção do que pessoas vacinadas”.
Quanto à porcentagem exata de pessoas que precisam ser vacinadas para obter imunidade de rebanho “não natural”, a OMS afirma que “varia para cada doença”. Para o sarampo, sugere 95 por cento e para a poliomielite 80 por cento, mas admite-se que para a COVID-19 não se sabe, apenas que seria necessária “uma proporção substancial da população”.
O Dr. Colm Henry, diretor clínico da Irlanda, acredita que o número original para o vírus da COVID foi de 60 por cento, mas, devido à chegada da variante Delta, ele afirma: “A estimativa subiu para 85-90 por cento”. E, como ele se refere à população total da Irlanda, isso significa que as crianças pequenas da Irlanda também terão que ser vacinadas.
Henry reconhece que isso pode representar riscos e ele argumenta que um equilíbrio precisa ser considerado entre “o que é um risco muito baixo” para crianças serem infectadas pelo vírus “contra quaisquer riscos que a vacina possa ter em grupos de idades mais jovens”.
Worldometers.info listou a taxa total de mortalidade da Irlanda em 1º de janeiro deste ano como 2.248. Em 25 de outubro, um aumento de 3.188 mortes colocou o total para 5.436 – cerca de um aumento de 60 por cento em relação ao ano passado. A maioria dessas mortes ocorreu em janeiro e fevereiro, antes do início do programa de vacinação em massa. Isso foi seguido por um declínio acentuado, sugerindo que o programa foi inicialmente bem-sucedido.
No entanto, desde julho, seus números de fatalidade começaram a subir novamente, e isso continuou de forma exponencial.
O CDC na América agora reconhece que a proteção da vacina cai com o tempo e Paul Alexander, um ex-conselheiro da administração de Trump para a COVID-19, afirma: “A mudança acentuada e pronunciada na eficácia da vacina é provavelmente devido ao surgimento da variante Delta como a variante dominante, e a diminuição da eficácia da vacina ao longo do tempo”.
A variante Delta foi identificada na Índia em outubro de 2020 e a OMS já listou milhares de mutações do SARS-CoV-2. A primeira, classificada como de Risco Muito Alto, foi encontrada na África do Sul em maio de 2020. Outras foram identificadas em Londres, em setembro de 2020, e no Brasil, em novembro de 2020. Uma segunda variante em Londres foi encontrada em janeiro de 2021, e outras apareceram no Peru em agosto de 2020 e na Colômbia em janeiro de 2021.
No entanto, a ideia de que os coronavírus têm a capacidade de sofrer mutações tão rapidamente foi contestada por Eoghan De Barra, um consultor em doenças infecciosas do hospital Beaumont, Dublin, que afirma que a COVID na verdade leva muito tempo para mudar.
Sua visão bombástica também é apoiada pelo Professor Dr. S. Bhakdi, fundador do departamento de virologia da Universidade de Mainz, Alemanha, que explicou em junho de 2020 que os genes nos coronavírus estão mais intimamente ligados do que nos vírus da gripe, tornando mais difícil para eles sofrerem mutação, e mais fácil ao sistema imunológico do corpo reconhecer.
Agora, o Comitê Consultivo de Imunização Nacional da Irlanda (NIAC) aconselhou seu governo a não incluir profissionais de saúde em sua implementação de reforço para a COVID. De Barra explicou essa decisão ao Irish Times: “A maioria dos profissionais de saúde têm sistemas imunológicos adequados e é improvável que precisem de reforços em série, pois a COVID não muda na mesma taxa que a gripe”.
Isso foi uma reversão completa da política anterior do governo, em janeiro, sugerindo que ele está passando por uma grande reformulação. Onde, das primeiras 94.000 vacinas administradas, 71.000 (76 por cento) foram priorizadas para esses mesmos profissionais de saúde, antes mesmo dos idosos, que estavam em maior risco de morrer da doença.
O programa de reforço das vacinas do governo irlandês está sendo disponibilizado para todos com mais de 60 anos – a menos que, como indicado, eles sejam profissionais de saúde da linha de frente. Começando agora em janeiro ou fevereiro do próximo ano, já que esta terceira injeção é considerada mais eficaz quando administrada de cinco a seis meses após receber a segunda.
E a maior absorção de vacinas na Irlanda, particularmente a segunda injeção, ocorreu durante os meses de julho e agosto de 2021, que foram os mesmos meses em que as fatalidades começaram a aumentar novamente na Irlanda.
Poderia haver uma correlação entre esses dois eventos?
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também:
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times