Inflação elevada impacta popularidade de líderes políticos e corrói poder de compra

Alta nos preços reflete descontrole monetário, prejudica a economia e pressiona governos a adotar medidas de austeridade.

Por Matheus de Andrade
14/01/2025 10:35 Atualizado: 14/01/2025 11:00

A inflação elevada tem historicamente afetado a popularidade dos líderes políticos no Brasil, comprometendo sua capacidade de governar e mantendo os índices de aprovação em queda. Mas o que realmente é a inflação e como ela é causada?

Presidentes como Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Jair Bolsonaro (PL) enfrentaram desafios semelhantes durante seus mandatos. O padrão é claro: sempre que a inflação ultrapassa os 10% ao ano, as avaliações positivas despencam enquanto as negativas crescem significativamente.

Impacto no poder de compra

A inflação, definida comumente como o aumento generalizado dos preços, corrói o poder de compra das famílias. Isso significa que os salários, mesmo quando reajustados, tornam-se insuficientes para manter o mesmo padrão de consumo. Na realidade o aumento do salário mínimo aumenta o preço ainda mais por aumentar o custo de produção.

Em cenários de inflação descontrolada, como os que marcaram períodos dos anos 1980 e o início da década de 1990, a população sofre com a necessidade de priorizar itens essenciais, deixando de lado bens e serviços que antes faziam parte de suas rotinas.

A situação é agravada para aqueles que dependem de rendimentos fixos, como aposentados e pensionistas.

Além disso, a inflação também eleva as taxas de juros, tornando mais caro o crédito, o que afeta diretamente o consumo e os investimentos empresariais. Como resultado, a economia desacelera, levando a um ciclo de descontentamento e pressão sobre o governo.

O que de fato é inflação?

De acordo com o economista da Escola Austríaca, Ludwig von Mises, a inflação não é apenas o aumento dos preços, mas sim o crescimento descontrolado da oferta de dinheiro em circulação sem lastro produtivo. Isso cria um desequilíbrio entre a quantidade de moeda e a disponibilidade de bens e serviços, gerando pressão inflacionária.

“Se a oferta de caviar fosse tão abundante quanto a de batatas, o preço do caviar — isto é, a relação de troca entre caviar e dinheiro, ou entre caviar e outras mercadorias — se alteraria consideravelmente.  Nesse caso, seria possível adquiri-lo a um preço muito menor que o exigido hoje”, explica von Mises.

“ Da mesma maneira, se a quantidade de dinheiro aumenta, o poder de compra da unidade monetária diminui, e a quantidade de bens que pode ser adquirida com uma unidade desse dinheiro também se reduz”, acrescenta o economista.

A inflação é frequentemente utilizada por governos para financiar gastos públicos sem aumentar impostos diretamente, mas seus efeitos colaterais são devastadores.

Entre esses efeitos estão a desvalorização da moeda e a criação de distorções no mercado, favorecendo aqueles que recebem o dinheiro novo primeiro — como bancos e grandes corporações — e prejudicando a população em geral, que arca com os aumentos de preços.

Inflação e política

Dados mostram que o Brasil acumulou uma alta de 346,98% no índice de preços ao consumidor (IPCA) entre 2000 e 2024, o que reflete o impacto de políticas monetárias desbalanceadas. O que R$ 100 reais compravam no início de 2000, agora é necessário R$ 446,98 para comprar.

Se considerarmos a chamada “reduflação”,  quando o preço permanece o mesmo mas a quantidade de produtos diminui — como uma caixa de bombom que agora tem menos chocolates — o resultado é muito pior.

No contexto político, isso significa perda de popularidade e dificuldades crescentes para implementar reformas estruturais.

Com o mercado projetando uma inflação de 5% para 2025, é essencial que o governo adote medidas efetivas para estabilizar a economia e restaurar a confiança pública.

Soluções e desafios

Para conter a inflação, é necessário o controle rigoroso da política monetária, reduzindo a expansão da oferta de dinheiro e promovendo reformas que estimulem a produtividade. A austeridade fiscal, aliada a uma política monetária restritiva, pode estabilizar a moeda e restaurar o equilíbrio econômico.

No entanto, implementar essas medidas requer coragem política e capacidade de comunicação com a população, que precisa compreender os benefícios de longo prazo para aceitar os sacrifícios temporários. Sem essas ações, a inflação continuará a ser um obstáculo à estabilidade econômica e à popularidade dos governantes no Brasil.

 

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times