Governo Biden prejudicou Brasil e EUA ao apoiar o cada vez mais autoritário presidente Lula | Opinião

Por Mike Gonzalez
29/03/2024 12:02 Atualizado: 29/03/2024 16:29
Matéria traduzida e adaptada do inglês, originalmente publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Mike Gonzalez, membro sênior da The Heritage Foundation, é um correspondente internacional, comentarista e editor com vasta experiência em reportagens na Ásia, Europa e América Latina. Ele trabalhou no governo de George W. Bush, primeiro na Comissão de Valores Mobiliários e depois no Departamento de Estado, e é autor do livro “BLM: The Making of a New Marxist Revolution”.

O apoio ao presidente cada vez mais ditatorial do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pela administração Biden e seus aliados no Congresso, foi de desconcertante a prejudicial aos interesses nacionais dos EUA.

Lula é um inimigo dos Estados Unidos, ansioso para aumentar a presença da China no hemisfério.

O que está acontecendo?

“Eles veem Bolsonaro como o Trump ao sul da fronteira”, me disse um funcionário do Congresso, referindo-se a Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil e oponente de Lula na eleição de 2022.

Bolsonaro e Trump têm personalidades semelhantes e realmente estabeleceram uma parceria próxima enquanto lideravam as duas democracias mais populosas das Américas.

Mas isso é motivo para subverter os interesses americanos?

A última manobra que absolveu Lula de sua crescente governança autoritária aconteceu neste mês, quando a Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos, da Câmara dos Representantes, cancelou abruptamente uma audiência de direitos humanos que havia planejado para 12 de março com líderes da oposição brasileira, jornalistas e ativistas.

O deputado James McGovern (D-Mass.), co-presidente da comissão, bloqueou a audiência de forma incomum.

A comissão é uma raridade no Congresso. É estatutariamente apartidária e tem dois co-presidentes, ao invés de um presidente da maioria, como fazem outros comitês. É nomeada em homenagem ao falecido Tom Lantos, que foi um membro do Congresso da Califórnia conhecido por seu bipartidarismo.

O escritório de McGovern contestou a ideia de que bloqueou a audiência para proteger Lula, protestando que o fez porque os republicanos convidaram como testemunha um membro do Congresso brasileiro, Gustavo Gayer.

“O incomum e sem precedentes aqui foi convidar um parlamentar em exercício para testemunhar”, disse-me um funcionário do escritório de McGovern. Os republicanos contra-argumentaram que isso já havia acontecido no passado.

O que está claro é que foi uma oportunidade perdida, já que uma audiência teria recebido tanta atenção que poderia ter retardado a ascensão de Lula ao poder. Os brasileiros claramente ficaram aborrecidos com McGovern e saíram com a impressão de que Lula mais uma vez havia contatado seus amigos em Washington para evitar um exame de seu histórico.

Me disseram por um oficial brasileiro que ele e sua equipe estão em contato frequente por telefone com políticos americanos de esquerda, como o senador Bernie Sanders (I-Vt.).

O cancelamento ocorreu no último minuto, depois que cerca de 50 brasileiros, incluindo membros do Congresso brasileiro, já haviam feito a viagem a Washington para testemunhar. O especialista latino-americano da Heritage Foundation, Andres Martinez, também seria testemunha.

Um dos brasileiros que testemunhariam, o jornalista Paulo Figueiredo Filho, postou no X, antigo Twitter, em 8 de março: “Para minha surpresa, recebemos uma ligação ontem dizendo que a audiência foi bloqueada pelo deputado Jim McGovern e temporariamente adiada. Mais do que isso: a equipe do deputado [Chris] Smith mencionou que eles estavam perplexos, pois nunca tinham visto uma resistência tão grande para uma simples audiência.”

(<a href="https://twitter.com/realpfigueiredo/status/1766230052617039968">Paulo Figueiredo Filho/X</a>)

Os brasileiros, então, tiveram que se reunir para uma coletiva de imprensa do lado de fora do Capitólio em 12 de março, em uma área chamada de Triângulo da Câmara, com Smith (R-N.J.), o outro co-presidente da comissão, que criticou o histórico de Lula.

“Desde o final de 2022, os brasileiros têm sido vítimas de violações dos direitos humanos cometidas por autoridades brasileiras em grande escala”, disse Smith à multidão. “Violências documentadas ou credenciadas no Brasil incluem o abuso político de procedimentos legais para perseguir a oposição política, incluindo a prisão de opositores em acusações falsas; violações da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, incluindo a perseguição de jornalistas, o silenciamento da mídia de oposição, proibição de indivíduos nas mídias sociais; leis de censura veladas alegando combater ‘desinformação’ e muitas violações do Estado de direito e má conduta judicial.”

Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente e membro do Congresso brasileiro desde 2015 (que recebeu mais votos em sua reeleição de 2018 do que qualquer outro legislador na história brasileira), também fez a viagem e também falou à sombra do Capitólio.

“Meu país está em perigo de se tornar outra Cuba ou Venezuela”, disse Bolsonaro, citando os dois piores socialistas do hemisfério, que violam os direitos humanos e são casos de fracasso econômico.

“Os limites do ridículo não existem mais”, disse ele, explicando como seu pai está sendo investigado por supostamente assediar uma baleia jubarte enquanto andava de jet ski na costa do estado de São Paulo em junho passado.

Assim como Trump, o ex-presidente Bolsonaro tem sido alvo de várias acusações e investigações. O governo Lula inclusive tirou seu passaporte.

Figueiredo também foi vítima do novo declínio do Brasil na escuridão. Uma das personalidades televisivas mais conhecidas do Brasil e neto de um ex-presidente, Figueiredo foi desplataformado (perdendo 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais) e o Estado confiscou seu passaporte e congelou todos os seus ativos.

A administração Biden não apenas deixou de condenar Lula, mas o abraçou. O presidente Joe Biden telefonou para ele apenas 45 minutos depois que ele conquistou 50,9% dos votos contra os 49,1% de Bolsonaro na eleição de 31 de outubro de 2022 — resultados contestados pelos apoiadores de Bolsonaro.

“Como Lula da Silva retribuiu todos esses bons serviços?” perguntou Figueiredo na coletiva de imprensa. “Ele antagonizou cada interesse americano globalmente, alinhando o Brasil com o Hamas, Venezuela, Cuba, Rússia, Irã e, claro, China. Sob sua liderança com os BRICS (um grupo liderado por Brasil, Rússia, Irã, China e África do Sul), o Brasil tem trabalhado ativamente com a China para acabar com a dominância do dólar como moeda de comércio internacional.”

A administração Biden tem uma reputação bem estabelecida não apenas por abraçar líderes estrangeiros como Lula, mas também por antagonizar outros líderes que se identificam com os valores tradicionais americanos, como Javier Milei da Argentina, Viktor Orban da Hungria, Benjamin Netanyahu de Israel e Santiago Peña do Paraguai.

Mas encorajar o anti-americanismo por motivos ideológicos mesquinhos não é a melhor política externa.

Originalmente publicado pela Disenso em Madri; republicado com permissão do The Daily Signal, uma publicação da Heritage Foundation.

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times