Por Carlos de Freitas – Senso Incomum
Se, conforme disse Cícero, o rosto é o espelho da alma (imago anime vultus), o editorial de um jornal é a imagem de seu princípio vital. E nada é mais revelador da atual indigência cognitiva do jornalismo profissional do que o último editorial do Estadão, que escancara a substância de seu sopro essencial: meia dúzia de perdigotos.
Inconformado com a aprovação alta de Bolsonaro nas últimas pesquisas, o Estadão, militando sobre os motivos dessa alta, já começa com um erro crasso de lógica no segundo parágrafo. Na sua tentativa de subverter a realidade, o jornal ultraesquerdista diz que “o presidente, ao isentar-se sistematicamente de qualquer responsabilidade no que diz respeito à doença e a seus efeitos sociais e econômicos, terceirizou a impopularidade” (???) e que governadores e prefeitos “foram, esses sim, obrigados a enfrentar os desafios da pandemia, contando com escassa ajuda federal”.
O brilhantismo da análise é, infelizmente, desmentido pela realidade – como ocorre normalmente quando um esquerdita se põe a combatê-la com seu arcabouço emocional de chavões. Desde o começo, o presidente alertou sobre o perigo de se trancar as cidades e os graves efeitos que isso causaria na economia, sendo rechaçado pelo nariz empinado da imprensa militante de ultra extrema esquerda, que gritava em uníssono “ciência, ciência!”. O modo Átila Tamarindo de errar previsões teve espaço enorme da imprensa.
Em seguida, o editorial alega que a alta aprovação se deve ao povo que tratou a pandemia como uma “gripezinha”, como Bolsonaro se referiu a ela. O índice ínfimo de mortalidade em pessoas com menos de 65 anos é um dado irrelevante para os autores do editorial, escandalizados com jovens e adultos que ousam sair de casa para cometer o gravíssimo crime – vejam que absurdo! – de trabalhar.
Durante esse mesmo período, a mídia ultraesquerdista endossou as manifestações “democráticas” dos torcedores organizados. É a realidade paralela, ou segunda realidade, que cega a cosmovisão dos ultra esquerdistas na mídia, insistindo em negar aquilo que todo mundo vê.
A própria atuação dessa mídia ultra jeca de esquerda radical é que contribui, e muito, para o alto índice de aprovação do presidente. Sua cruzada contra o mundo real e o bom senso tornou o brasileiro médio imune aos seus ataques de histeria. Curiosamente, esse jornalismo oficial só influencia uma classe relativamente abastada, que educou-se com suplementos de moda e esportes dos jornais diários e dá mais importância a aparência de conhecimento do que com o saber em si.
“Entre os entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo, a popularidade presidencial saltou de 19% para 35% desde dezembro. Entre os que estudaram até a 8.ª série, a aprovação de Bolsonaro passou de 25% para 44%. Nada semelhante a isso se verificou nas faixas socioeconômicas intermediárias e superiores da população.”
Foi essa mídia jeca ultraesquerdista e seu falso apelo à ciência – espécie de mantra repetido com toda a irresponsabilidade -que tentou criar um pânico sem precedentes, obrigando o todo mundo a mofar no sofá da sala, enquanto eles, nas ruas, caçavam os furões do lockdown permanente.
Mais ainda: “A escassa ajuda federal” de aproximadamente mil dólares (os ultra esquerdistas tentaram desmentir o presidente com mais fake news) para mais de 60 milhões de pessoas é vista pela mídia como populismo barato, a mesma que tecia loas aos programas assistencialistas dos governos petistas.
Carlos de Freitas
Carlos de Freitas é o pseudônimo de Carlos de Freitas, redator e escritor (embora nunca tenha publicado uma oração coordenada assindética conclusiva). Diretor do núcleo de projetos culturais da Panela Produtora e editor do Senso Incomum. Cutuca as pessoas pelas costas e depois finge que não foi ele. Contraiu malária numa viagem que fez aos Alpes Suíços. Não fuma. Twitter: @CFreitasR
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