Por Leonardo Trielli – Senso Incomum
Há um ano, a fabricante de brinquedos Hasbro relançou um dos seus mais famosos jogos de tabuleiro, Monopoly, que no Brasil se tornou conhecido como Banco Imobiliário.
Com o objetivo de agradar a lacrosfera, a empresa inventou uma versão que substituiu a imagem do velho magnata de cartola e bigode por uma mulher “empoderada” de tailleur, investidora de “empreendimentos e inovações femininos”, como investir em biscoitos de chocolate, por exemplo.
O divertido é que, ao contrário do que pretende, o jogo mais parece uma provocação do que um afago à turma do cabelo azul. Pra começo de conversa, a Ms. Monopoly, de acordo com a descrição do jogo, é sobrinha do magnata do jogo original. Ou seja, a herdeira mimada que quer “mudaromundo” com a ajuda do capital do tio malvadão.
Mas o absurdo é que as regras determinam que você comece com um montante de $1900 simplesmente por ter pepeca, já que os participantes com piu-piu iniciam com apenas $1500.
Logo, se você for mulher, neste jogo você foi institucionalizada como “café-com-leite” – que é como chamávamos irmãos e primos mais novos que queriam brincar conosco, mas pela idade eram menos capazes de jogar em pé de igualdade.
Você também pode pensar de outra forma: como as mulheres gastam mais, para que o jogo fique “equilibrado”, melhor abrir a carteira de uma vez.
Não se pensou também na possibilidade de humilhar duplamente a garota que jogar com um rapaz, que começou ganhando menos, e ainda venceu o jogo. Além do mais, que menino (além de mim e do Flávio Bolsonaro) vai querer participar de um jogo em que ele vai abrir uma “loja de chocolates” em vez de ter propriedades na Faria Lima ou uma Companhia Aérea?
O lacre saiu tão gostosamente pela culatra que desagradou gente de todos os espectros ideológicos. Uma jornalista escreveu na National Review que o jogo é o “mais imbecil do mundo.”
“Vocês estão fazendo isto por pensarem que as mulheres não são tão produtivas quanto os homens e precisam ser compensadas?”, disse Amy Peng, professora associada do departamento de Economia da Ryerson University.
“Não é útil retratar as mulheres como necessitando de vantagens especiais”, disse a feminista Christine Sypnowich, chefe do departamento de filosofia do Queens College. “O que as mulheres precisam é ser tratadas como iguais e com respeito.”
A cereja desse imenso bolo de fiasco que foi a invenção de Ms. Monopoly é o fato de que o jogo original, que se chamava The Landlord, foi criado por Elizabeth J. Magie Phillips, que teve sua ideia roubada e lançada pela empresa adquirida pela Hasbro em 1990.
Leonardo Trielli
Leonardo Trielli não é escritor, não é palestrante, não é intelectual. Também não é bombeiro, nem frentista, não é formado em economia e nem ciências políticas. Nunca trabalhou como mecânico e nem bilheteiro de circo. Twitter: @leotrielli
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As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times