Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
“Lay me down in sheets of linen” ou “Deite-me em lençois de linho”, canta Elton John em sua canção clássica de 1971, “Tiny Dancer”. As palavras sugerem luxo, conforto, calma e cura após um dia agitado. Bernie Taupin escreveu a letra como uma homenagem à sua nova esposa, mas com a referência ao linho, ele explora uma história profunda que remonta a dezenas de milhares de anos.
O linho foi o tecido de luxo muito antes do algodão ocupar seu lugar no século XIX. Feito a partir da planta do linho, tinha fios firmes que eram usados para diversos fins, entre os quais lençóis. O linho é fundamental na nossa história. Sua raiz etimológica é linum, latim para linho. Daí vem as palavras em inglês “line”, para “linha”, (os fios usados para fazer uma linha na parede), “lining”, para “forro” (para a parte interna das roupas) e até “lingerie” (usado para roupas íntimas).
É o tecido dos faraós e príncipes, e também das múmias, o que explica por que seus envoltórios são tão duráveis. Além disso, o corpo de Jesus provavelmente foi envolto em linho, o mesmo tecido do Sudário de Turim. São dois milênios de durabilidade.
Uma amiga usa lençóis de linho passados de geração em geração. Tentando rastrear a compra original, ela chegou no ano de 1932. Eles têm sido usados desde então sem deterioração, um fato surpreendente para quem está acostumado a comprar novos lençóis de algodão a cada poucos anos. Sim, eles custam o dobro, mas serão os únicos lençóis que você precisará comprar, e depois poderá passá-los para seus filhos e netos.
Sem dúvida, os Pais Fundadores dormiram em lençóis de linho. O linho também era o lençol mais comum em todas as instalações médicas por séculos, em parte por sua reputação de ter propriedades curativas.
Por que isso seria verdade? Tem algo a ver com a frequência de vibração do tecido, que é muito alta no caso do linho. Posso relatar por experiência pessoal que a experiência de dormir é diferente e mais agradável, e até os sonhos são afetados: mais coerentes, mais vívidos.
Não, eu não acho que estou imaginando isso. Há uma diferença genuína na experiência.
Tendo usado linho em roupas por anos e, em seguida, me apaixonado por toalhas de mesa e lenços de linho, adotei de vez os lençóis de linho. Neste ponto, não há mais volta. Simplesmente não consigo imaginar de outra maneira, e mesmo os melhores algodões nos melhores hotéis não conseguem competir. Recentemente ouvi falar de proprietários de Airbnb que substituíram seus lençóis de algodão por lençóis de linho, e desfrutaram das celebrações e da fidelidade dos hóspedes como resultado.
Todo esse tópico de redescoberta de conhecimentos perdidos tem me intrigado. Nos últimos anos, experimentamos maneiras estranhas pelas quais a sabedoria histórica de alguma forma é apagada por eventos, novas prioridades e uma lacuna geracional de experiência.
Um excelente exemplo aqui é o assunto da imunidade natural. É como se a consciência pública disso estivesse presente num dia e, no outro, desaparecida. Grandes partes do mundo embarcaram em uma experiência insana de controle de vírus, enquanto a imunidade natural foi tratada como uma espécie de teoria da conspiração de direita. Foi tudo uma loucura.
Mas isso me faz pensar o quanto mais foi perdido. Sei com certeza que grandes autores do passado parecem ter desaparecido da terra (H.L. Mencken, Garet Garrett, Albert Jay Nock, John T. Flynn). O mesmo acontece com a música. E nos perguntamos sobre habilidades básicas também. Em uma época em que tudo é automatizado e o conhecimento e as habilidades públicas parecem não ser mais tão necessários, o que acontece com as habilidades musicais e a alfabetização básica? Isso está se tornando uma questão séria.
O problema do conhecimento perdido, no entanto, não é novo. A história do escorbuto é instrutiva a esse respeito. A solução para o escorbuto era conhecida no mundo antigo, mas uma vez que o problema desapareceu, a cura foi esquecida. Historiadores da medicina documentaram pelo menos três vezes em que a cura para o escorbuto teve que ser redescoberta porque o conhecimento foi esquecido ao longo das gerações, quando o problema parecia ter sido resolvido.
Cada vez, alguém tinha que descobrir que limões e outros cítricos o evitavam. Feito!
E esse fenômeno geral levanta uma perspectiva interessante de que existem muitas tecnologias ou práticas do passado que eram altamente eficazes e meritórias, mas que de alguma forma foram deixadas de lado e esquecidas ao longo do tempo.
Decidi testar isso com lençóis de linho. Até onde me interessa, este é um caso claro. Não consigo ver razão para preferir algodão, muito menos sintéticos, em vez de linho. Você pode não concordar (um conhecido rejeita porque acha que eles parecem primitivos), mas estou apostando que você concordará comigo se estiver disposto a experimentá-los.
E quanto ao cuidado dos lençóis de linho? Aparentemente, não há nada de errado em lavá-los e secá-los à máquina, embora sequem em uma fração do tempo do algodão, porque o tecido é muito poroso. Eu os tiraria muito antes do que de costume.
Da minha parte, deixo-os secar ao sol, porque acho prazeroso. E, por favor, não fique horrorizado: lavo os meus à mão na banheira, porque isso também me dá prazer. É super fácil e funciona maravilhosamente. Esse é o jeito antigo, mas não há nada de errado em escolher a modernidade da máquina também.
A questão da durabilidade me intriga mais. Será realmente o caso de que eles durarão gerações e até milhares de anos? Não tenho experiência pessoal para relatar, mas temos amostras intactas de tecido de linho de muitos milhares de anos atrás que se mantêm muito bem, sendo o Sudário de Turim o exemplo mais famoso, mas há também Ötzi, o Homem de Gelo, de 3.300 a.C. Se isso for verdade, o custo mais alto desses lençóis vale mais do que a pena.
Pense nisso de maneira mais filosófica e o que isso implica. Passamos um terço da nossa vida na cama. Fazemos isso há centenas de anos, desde que as camas se tornaram itens comuns nos lares. Você pensaria que já dominamos isso, que saberíamos o que funciona. E ainda assim, veja: as pessoas ainda usam edredons em vez de colchas, embora este último seja mais respirável e maravilhoso.
Havia conhecimento perdido aqui, então por que não nos lençóis também? Acho que é provável. O algodão caiu cada vez mais de preço a partir da década de 1830 e se tornou mais acessível. Assim, acabou empurrando o linho para fora do mercado. Depois de algumas gerações, todos esqueceram as propriedades curativas e a durabilidade do linho. Quase dois séculos se passaram e somente agora as pessoas estão redescobrindo o quão fantásticos os lençóis de linho realmente são.
Se essa observação estiver correta, ela diz algo sobre a capacidade humana de esquecer. Simplesmente não é verdade que o mais novo é o melhor. Coisas se perdem pelo caminho, e cabe a cada nova geração empreender essa empolgante caça ao tesouro para descobrir o que isso pode ser. Eu acrescentaria lençóis de linho à lista.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times