Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Por mais de 200 anos, a partir de 1630, o Japão seguiu uma política de rígido isolamento nacional. Os cidadãos japoneses eram proibidos de deixar o país, e estrangeiros, com a exceção de navios holandeses em um único porto, eram impedidos de desembarcar. Uma estrutura social rígida sustentava um sistema feudal, e o poder político estava nas mãos do xogum, título reservado ao chefe do clã Tokugawa. Os imperadores, embora tratados com reverência sagrada, eram mantidos em isolamento.
Em 1853, uma frota americana apareceu na Baía de Tóquio, exigindo que o Japão se abrisse para relações diplomáticas e comércio com o mundo exterior. Essa diplomacia de canhoneira funcionou — logo o Japão estava em contato comercial e político com o resto do mundo —, mas isso teve um grande custo para o orgulho japonês.
Determinada a nunca mais ser submetida à coerção de estrangeiros, a classe dirigente japonesa decidiu mudar. O xogunato foi derrubado, o papel do imperador foi fortalecido, e costumes ocidentais, reformas militares e tecnologias foram adotadas. Um monarca constitucional emergiu, acompanhado por uma legislatura bicameral composta por políticos ansiosos para transformar o Japão em uma grande potência. Inspirando-se nos modelos britânico e alemão de guerra, o Japão havia desenvolvido, por volta de 1900, um exército e uma marinha excepcionais, capazes de enfrentar nações europeias, como a Rússia descobriu a duras penas na Guerra Russo-Japonesa.
No século XX, cresceram os clamores por expansão imperial. Coreia e Taiwan foram rapidamente anexados, e, após a Primeira Guerra Mundial, o Japão assumiu o controle de muitos antigos territórios alemães no Pacífico. Mas a China era o alvo mais ambicionado pelos oficiais do exército e grandes empresários. A política tornou-se cada vez mais violenta, e estadistas mais cautelosos com as ambições japonesas eram frequentemente assassinados por gangues ultranacionalistas. Na década de 1930, os militares dominavam o governo e os conselheiros do jovem imperador Hirohito.
Em Mukden, no norte da China, tropas japonesas, agindo sem ordens de Tóquio, encenaram um incidente de falsa bandeira, alegando terem sido atacadas pelo exército chinês. Isso serviu como pretexto para a invasão e conquista da Manchúria, onde, em 1932, os japoneses estabeleceram um estado fantoche chamado Manchukuo. Esse sucesso aumentou o apetite do público japonês por mais guerras e expansão, mas gerou grande oposição estrangeira. Em 1937, o Japão lançou uma invasão em larga escala, capturando vastas áreas de território, incluindo a capital Nanjing, onde seu exército cometeu atrocidades horríveis contra a população civil.
Nesse momento, o governo japonês estava comprometido com a política de se tornar a potência preeminente no leste da Ásia, substituindo os regimes coloniais europeus e americanos por governos nativos dispostos a cooperar com a hegemonia japonesa. Essa estratégia garantiria acesso ao petróleo, borracha, alimentos e outros materiais vitais que a economia doméstica não conseguia suprir, mas tornava inevitável um conflito com as potências ocidentais.
O início da Segunda Guerra Mundial na Europa foi encorajador para o Japão, pois significava que Reino Unido, França e Holanda teriam menos forças para proteger seus territórios asiáticos. Em 1940, o Japão se juntou à Alemanha nazista e à Itália fascista em um pacto de defesa mútua. A grande preocupação do governo de Hirohito, porém, era os Estados Unidos e suas poderosas bases nas Filipinas e no Havaí.
Os militares japoneses elaboraram planos detalhados para atacar essas bases, desenvolvendo novas armas e táticas de porta-aviões especialmente projetadas para destruir os ativos americanos. Generais e almirantes raciocinaram que, se os navios e aeronaves em Pearl Harbor fossem eliminados, o Japão teria um ano para conquistar a Ásia Oriental e apresentar um fait accompli a Washington quando os Estados Unidos finalmente reunissem uma nova frota no Pacífico. Restava apenas obter a aprovação final do imperador.
Após um mês de debates e documentos estratégicos, Hirohito deu sinal verde para a guerra contra americanos, britânicos e holandeses em 1º de dezembro de 1941. Uma frota de porta-aviões, que navegava sem ser detectada pelo Pacífico Norte, alcançou as águas próximas ao Havaí na manhã de 7 de dezembro. Ondas de bombardeiros horizontais, de mergulho, torpedeiros, caças e mini-submarinos atacaram aeródromos, navios e infraestrutura, afundando quatro couraçados e três cruzadores e destruindo 180 aeronaves. Mais de 2.400 americanos foram mortos, enquanto as perdas japonesas somaram 29 aeronaves, cinco mini-submarinos e 129 mortos.
O Japão planejava declarar guerra antes do ataque, mas um atraso na decodificação das instruções na embaixada em Washington impediu a entrega da declaração. Assim, suas ações foram retratadas como um “ataque surpresa” e um “dia que viverá na infâmia”.
Quarenta e quatro meses depois, com Tóquio em ruínas e Hiroshima e Nagasaki transformadas em montes radioativos, Hirohito anunciou ao povo japonês que “a situação da guerra não se desenvolveu necessariamente a favor do Japão” e ordenou que “suportassem o insuportável”. O Japão havia se rendido.
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