Agenda 2030: como os governos estão usando a produção de alimentos como forma de poder | Opinião

Por Danielle Dutra
01/06/2023 17:30 Atualizado: 05/06/2023 17:36

Quem controla a produção de alimentos, controla o mundo. A capacidade de alimentar, e de racionar a comida, é garantia mais do que suficiente de autoridade civilizacional, afinal, um povo faminto é facilmente subjugado, ou manipulado. Essa é uma tática não só aplicada historicamente por regimes comunistas, mas hoje empregada utilizando outras ferramentas. De maneira sutil, erguem-se cortinas de fumaça para tentar disfarçar um desejo de domínio absoluto da população mundial que perpassa o controle da agropecuária.

Os slogans são sempre os mesmos: “nós estamos salvando a humanidade”, “nós estamos cuidando do nosso planeta”. São causas nobres, afinal, a mudança climática urge, bate à porta! E a Agenda 2030 precisa de você para implementar práticas agrícolas radicais. Quem não as segue, é um egoísta. Quem vai contestar que precisamos preservar nosso meio ambiente para o bem da humanidade? 

Acontece que na prática, o produtor rural — alvo prioritário desse tipo de apelo — é o que mais preserva, cuida e mantém o equilíbrio ecológico em sua propriedade; e que falar de agronegócio e meio ambiente é muito mais complexo do que levantar bandeira.

Eu mesma fui ludibriada pela dita agenda verde durante a faculdade de Agronomia. No mestrado, jovem e querendo mudar o mundo, desenvolvi uma pesquisa para ajudar a tornar a agricultura mais sustentável. Claro, a ideia de utilizar água residuária da suinocultura (ARS), devidamente tratada para suprimir doença fúngica no tomate, além da sua função como adubo orgânico, parece ser uma alternativa muito viável e barata para o produtor, mas a longo prazo isso pode ser catastrófico. 

Isso porque, em longos períodos de tempo, a aplicação da ARS em um mesmo local tem alto potencial poluidor. O monitoramento das propriedades físicas e químicas do solo deve ser constante, mesmo com o manejo correto, pois isso pode gerar a contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas e causar toxicidade. Sim, estou contestando a minha própria pesquisa de mestrado. 

No doutorado, já mais ciente do problema e trabalhando com testes de cana-de-açúcar provenientes do melhoramento genético para controlar doenças, percebi algo que deveria ter entendido antes: é impossível produzir alimentos seguindo as exigências da agenda verde ou da Agenda 2030! Mesmo que a produção mundial se torne orgânica, algo beirando ao impossível em minha visão, ela não conseguiria alimentar a população mundial. Essa visão do caráter técnico não inclui a real intenção do problema: a Agenda Verde é apenas mais uma ferramenta de poder.

Mas voltando aos objetivos da agenda verde, adotar boas práticas no manejo agrícola é muito diferente do que “combater a crise climática” e falar de boas práticas de manejo, os produtores rurais dominam! No Brasil, mais de 66,3% do território é área preservada, isso equivale a 28 países da Europa juntos apenas em vegetação nativa. Em comparação, a Europa sem a Russia detinha 7% da vegetação nativa, hoje, esse número encontra-se em 0,1%.

Mas os produtores rurais seguem sendo taxados de vilões que desmatam para criar gado e contribuir com o “aquecimento global”, “crise ecológica” e qualquer outro nome que os ambientalistas utilizem para remeter ao apocalipse climático.

Em dois exemplos práticos que dimensionam o rumo dessa agenda: na Holanda, a cortina de fumaça foi o Nitrogênio. Para diminuir a emissão de nitrogênio, o rebanho de gado deve reduzir em 30%, caso contrário, o Estado terá o “direito” autoimposto de adquirir a propriedade, ou seja, 3000 produtores correm o risco de perder suas terras para o governo. No Sri Lanka a cortina de fumaça foi banir a utilização dos fertilizantes sintéticos na lavoura. O plano de mudança radical para agricultura orgânica em 10 anos, causou uma crise agrícola e econômica no país. Fome, escassez e caos dominaram a pequena ilha indiana

Porém, não é a agenda verde um aparato utilizado como cortina de fumaça para o controle da produção agrícola, outras estratégias também são utilizadas como a reforma agrária. 

No Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, a relação entre o governo do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e os produtores rurais tem sido cada vez mais tensa. Como manter a estabilidade na produção agrícola em um país em que o presidente caracteriza os produtores rurais como fascistas? Mas a hostilidade vai além das palavras. Em poucos meses de governo, há recordes nas invasões de terra pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) – grupo enraizado e mantido pela esquerda e apoiado pela atual gestão – utiliza a reforma agrária como justificativa para invadir terras produtivas. A consequência é a piora da insegurança jurídica que tem afetado produtores brasileiros nos últimos anos. 

E se não fosse o bastante, o Executivo está promovendo a demarcação de terras indígenas, onde áreas produtivas e privadas há gerações, podem ser retiradas de seus proprietários por preços estipulados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O projeto ainda está em tramitação, porém, é como nele, a reforma agrária tivesse se convertido em um manifesto comunista contra a propriedade privada.  

A contradição na agenda verde, ou na amálgama desses discursos, não tem precedentes. Seja qual for a cortina de fumaça utilizada – nitrogênio, gases do efeito estufa, fertilizantes ou a reforma agrária – o fato é que não é sobre preservar o meio ambiente, ou redistribuir terras. Utilizando essas políticas ambientais, os governos têm total autonomia para “adquirir gentilmente” as propriedades rurais e assim, mais uma política de controle é implementada. Seja na Holanda, Sri Lanka ou no Brasil, os agricultores não têm opção, o governo joga contra todos eles.

 

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