COMENTÁRIO UM
O que é o Partido Comunista?
Introdução
Décadas após a queda da antiga União Soviética e dos regimes comunistas do leste europeu, o movimento comunista internacional tem sido repudiado em todo o mundo. É apenas uma questão de tempo para que o Partido Comunista Chinês (PCCh), principal referência do comunismo remanescente, chegue ao fim.
Entretanto, antes de seu colapso total, o PCCh tenta amarrar a civilização chinesa, com cinco mil anos de existência, ao seu próprio infortunado destino. É um desastre para o povo chinês — que agora precisa enfrentar dilemas sobre como compreender o Partido Comunista, como se estabelecer uma sociedade livre do comunismo e como recuperar e transmitir adiante a herança cultural chinesa. O Epoch Times publica, agora, a série editorial “Nove comentários sobre o Partido Comunista”. Antes que se feche o caixão do PCCh, desejamos expô-lo a um juízo derradeiro — ele e o movimento comunista internacional, que têm sido um flagelo para a humanidade há mais de um século.
Em seus mais de oitenta anos de história, tudo o que o PCCh tocou foi marcado por mentiras, guerras, fome, tirania, massacre e terror. Crenças e valores tradicionais foram violentamente destruídos. Conceitos éticos e estruturas sociais originalmente praticados foram desintegrados pela força. Empatia, amor e harmonia entre indivíduos se evaporaram, distorcidos para fazerem-se luta e ódio. Veneração e apreço pelos Céus e pela Terra foram substituídos por um desejo arrogante de “lutar contra os Céus e a Terra”.
O resultado foi um total colapso dos sistemas social, moral e ecológico, uma profunda crise para o povo chinês e, de fato, para a humanidade. Todas essas calamidades foram provocadas por planejamento, organização e controle deliberados do PCCh.
Como narra um famoso poema chinês: “Profundamente, suspiro em vão pelas folhas que caem”. O final está próximo para o regime comunista, cujo presente se limita à mera sobrevivência. Os dias para sua queda estão contados. O Epoch Times crê que o momento é propício para, antes da completa extinção do Partido Comunista Chinês, realizar uma retrospectiva abrangente para expor como essa maior seita da história veio a incorporar a totalidade dos males da Terra, do passado ao presente. Esperamos que aqueles que ainda permanecem enganados pelo PCCh enxerguem agora claramente sua natureza, expurguem seu veneno do espírito, libertem suas mentes de seu perverso controle, despojem-se das amarras do terror e abandonem para sempre todas as ilusões a seu respeito.
O regime do Partido Comunista é a mais sombria e absurda página da história da China. Entre sua infindável lista de crimes, o mais vil precisa ser a perseguição ao Falun Gong. Ao perseguir os princípios do Falun Gong de verdade, compaixão e tolerância, Jiang Zemin1 trouxe ao caixão do PCCh o último prego para selá-lo.
O Epoch Times acredita que, por meio da compreensão da verdadeira história do Partido Comunista Chinês, podemos ajudar a evitar que tais tragédias ocorram novamente. Simultaneamente, esperamos que cada um de nós possa empreender a introspecção, no profundo da consciência, e examinar: a covardia e a transigência fizeram de nós cúmplices nas tragédias que poderiam ter sido evitadas?
Prefácio
Há mais de cinco mil anos, o povo chinês criou uma esplêndida civilização sobre a terra nutrida pelo Rio Amarelo e pelo Rio Yangtzé. Ao longo do tempo, dinastias se estabeleceram e passaram, e a cultura chinesa teve momentos de florescimento e de decadência. Grandes e tocantes histórias tiveram a China como palco histórico.
O ano de 1840, considerado de modo geral pelos historiadores como o início da era contemporânea do país, marca o ponto de partida da jornada da China da tradição para a modernização. A civilização chinesa experienciou nela quatro grandes episódios de desafios e respostas. Os primeiros três desafios incluem a invasão de Pequim pelas forças da aliança anglo-francesa, nos primeiros anos da década de 1860, a Guerra Sino-Japonesa, em 1894 (também chamada de “Guerra Jiawu”), e a guerra Russo-Japonesa no nordeste da China, em 1906. Diante desses três episódios desafiadores, a China respondeu com o Movimento de Ocidentalização, que foi marcado pela importação de bens e armamentos modernos; com reformas institucionais por meio da Reforma dos Cem Dias, em 1898[2]; com a tentativa de implementação, ao final da Dinastia Qing, de uma monarquia constitucional; e, mais tarde, com a Revolução Xinhai (ou Revolução Hsinhai)[3], em 1911.
Ao final da Primeira Guerra Mundial, a China, embora tenha saído vitoriosa, não compunha a lista das principais potências da época. Muitos chineses acreditaram que os três primeiros episódios de resposta haviam falhado. O Movimento de Quatro de Maio[4] levaria a uma quarta tentativa de responder aos desafios prévios e culminaria na completa ocidentalização da cultura chinesa por meio do movimento comunista e de sua revolução extrema.
Este capítulo aborda os efeitos dessa última resposta: o movimento comunista e o Partido Comunista. É uma análise do resultado daquilo que a China escolheu ou, talvez se possa dizer, daquilo que foi imposto à China após gerações de tumulto, cerca de cem milhões de mortes não naturais, e da destruição de quase toda a cultura e civilização tradicional chinesa.
Fiando-se na violência e no terror para tomar e manter o poder político
“Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente”.[5] Essa citação é tirada do parágrafo final do Manifesto Comunista, o principal guia de todos os movimentos comunistas. A violência é o primeiro e o principal meio pelo qual o Partido Comunista obteve poder. Essa marca característica foi transmitida a todas as formas subsequentes do Partido que surgiram desde seu nascimento.
De fato, o primeiro Partido Comunista do mundo foi estabelecido muitos anos depois da morte de Karl Marx. No ano após a Revolução de Outubro de 1917, nasceu o Partido Comunista Russo (Bolchevique), posteriormente conhecido como Partido Comunista da União Soviética. Esse partido cresceu com o emprego da violência contra os “inimigos de classe” e se manteve por meio da violência contra membros do Partido e contra cidadãos comuns. Durante os expurgos de Stalin, na década de 1930, os comunistas soviéticos assassinaram mais de 20 milhões dos assim chamados espiões e traidores, além daqueles que foram considerados como tendo opiniões diferentes.
O Partido Comunista Chinês (PCCh) começou como um braço do Partido Comunista da União Soviética na Terceira Internacional Comunista. Portanto, herdou naturalmente seu ímpeto assassino.
Durante a primeira guerra civil da China entre o Partido Comunista e o Kuomintang[6], entre 1927 e 1936, a população da província de Jiangxi diminuiu de mais de 20 milhões para cerca de 10 milhões. Esses números são suficientes para que se veja o dano causado pelo uso da violência operada pelo PCCh. O uso da violência pode ser inevitável quando se tenta obter o poder político. Ainda assim, nunca existiu um regime tão voraz para o assassinato como o do Partido Comunista Chinês, especialmente em períodos de paz. Desde 1949, quando emergiu vitorioso da guerra civil contra o Kuomintang e unificou a China sob um mesmo governo, o número de mortes causadas pela violência do Partido Comunista Chinês superou o total de mortes ocorridas em todas as guerras travadas no planeta entre 1921 e 1949.
Um importante exemplo do uso da violência pelo Partido Comunista foi seu apoio ao Khmer Vermelho no Camboja. Sob o Khmer Vermelho, um quarto da população do Camboja, incluindo a maioria dos chineses imigrantes e seus descendentes, foi assassinado. Até hoje a China impede que a comunidade internacional coloque o Khmer Vermelho em julgamento, com o evidente propósito de encobrir a notória participação do PCCh no genocídio.
O Partido Comunista Chinês tem laços estreitos com as forças armadas revolucionárias e os regimes despóticos mais brutais do mundo. Além do Khmer Vermelho, incluem-se os partidos comunistas da Indonésia, das Filipinas, da Malásia, do Vietnã, da Birmânia, do Laos e do Nepal – todos eles estabelecidos com o apoio do PCCh. Muitos líderes desses partidos comunistas foram chineses e alguns deles ainda estão, até hoje, escondidos na China. Outros Partidos Comunistas derivados do maoísmo incluem o Sendero Luminoso, na América do Sul, e o Exército Vermelho Japonês, cujas atrocidades foram condenadas pela comunidade internacional.
Uma das teorias que os comunistas empregam é o darwinismo social. O Partido Comunista aplica às relações e à história humanas a ideia darwiniana da rivalidade entre as espécies, sustentando que a luta de classes é a única força motriz para o desenvolvimento da sociedade. A luta, portanto, transformou-se na “crença” fundamental do Partido Comunista, uma ferramenta para obter e manter o controle político. As famosas palavras de Mao Tsé-Tung, — “Com 800 milhões de pessoas, como pode funcionar sem luta?” —, por exemplo, evidenciam a lógica do Partido de “sobrevivência do mais apto”.
Outra afirmação conhecida de Mao é que a Revolução Cultural deve ser realizada “a cada sete ou oito anos”.[7] O reiterado uso da violência é um meio importante de o PCCh manter seu governo na China. O propósito do uso da violência é gerar terror. Cada luta e cada movimento serviram como um exercício de terror, de maneira que as pessoas na China estejam em um constante estado de medo, se tornem submissas, e sejam gradualmente escravizadas sob o controle do Partido.
Hoje, o terrorismo se converteu no principal inimigo do mundo livre e civilizado. O exercício do violento terrorismo pelo Partido Comunista Chinês, graças ao aparato do Estado, foi maior em escala, muito mais duradouro e mais devastador em suas consequências. Hoje, no século XXI, não devemos nos esquecer dessa característica congênita do Partido Comunista, já que, no devido tempo, ela terá um papel determinante do seu destino.
Utilizando mentiras para justificar a violência
O nível civilizacional de qualquer forma de governo pode ser medido pelo grau em que esta emprega a violência. Ao recorrer ao uso da violência, os regimes comunistas claramente representam um enorme retrocesso para a civilização humana. Ainda assim, desafortunadamente, o Partido Comunista tem sido visto como “progressista” por aqueles que creem que a violência é um meio essencial e inevitável para o progresso das sociedades. Essa aprovação da violência deve ser vista como fruto do uso hábil, além de comparações, de fraudes e mentiras pelo Partido Comunista, que é outra característica congênita do PCCh.
“Desde o início, pensamos que os eua são um país adorável. Acreditamos que isso se deve pelo fato de que os eua nunca ocuparam a China, nem lançaram ataques à China. De modo mais fundamental, os chineses têm uma boa impressão dos eua devido à tradição democrática e ao caráter generoso e aberto do povo americano.”. Assim começava um editorial publicado em 4 de julho de 1947, no jornal oficial do PCCh, o Xinhua. Três anos depois, o Partido enviou soldados para lutar contra as tropas norte-americanas na Coreia do Norte, descrevendo-os como os imperialistas mais malignos do mundo. Qualquer chinês da China Continental se surpreenderia ao ler esse editorial escrito há mais de 50 anos. O Partido proibiu publicações com passagens semelhantes e publicou versões reescritas das antigas matérias.
Desde que chegou ao poder, o PCCh tem utilizado artifícios semelhantes em cada um de seus movimentos, incluindo a supressão aos contrarrevolucionários (1950-1953), a “parceria” entre empresas públicas e privadas (1954-1957), o Movimento Antidireitista (1957), a Revolução Cultural (1966-1976), o Massacre da Praça da Paz Celestial (1989), e, mais recentemente, a perseguição ao Falun Gong, desde 1999. O caso mais infame foi a perseguição aos intelectuais, em 1957. O Partido pediu aos intelectuais que expressassem sua opinião, mas em seguida os perseguiu como “direitistas”, utilizando as próprias opiniões deles como evidência de seus “crimes”. Quando alguns criticaram a perseguição como uma conspiração, Mao disse publicamente: “Isto não é uma trama velada, mas uma artimanha ao ar livre”.
O engodo e a mentira desempenharam um papel muito importante na tomada de poder e na manutenção do poder pelo PCCh. Intelectuais chineses têm, desde tempos remotos, dado ênfase à percepção da história nacional. A China conta com o mais longo e bem documentado registro histórico do mundo — um repertório que o povo chinês referencia para avaliar sua realidade e até mesmo para a busca de melhoramento espiritual. Por isso mesmo o Partido Comunista Chinês fez da alteração e ocultação da verdade histórica prática comum, visando fazer com que a narrativa histórica sirva aos propósitos do regime comunista. Em suas propagandas e publicações, ele reescreve a história tanto de tempos remotos, como o período de Primavera e Outono (770-476 a.C.) e o período dos Estados Combatentes (475-221 a.C.), quanto de eventos recentes, como a Revolução Cultural. Tais alterações históricas são forjadas seguem desde que o PCCh assumiu o poder, e todos os esforços para restaurar a verdade histórica têm sido implacavelmente bloqueados e suprimidos pelo Partido.
Quando a violência, por si só, se torna insuficiente para manter o controle, o PCCh recorre à mentira e ao engodo, que servem para justificar e mascarar sua governança por meio da violência. As táticas do engodo e da mentira não foram, é claro, inventadas pelo comunismo, mas são artimanhas ancestrais e inescrupulosas que regimes comunistas têm utilizado desavergonhadamente. O PCCh prometeu terras aos camponeses, fábricas aos trabalhadores, liberdade e democracia aos intelectuais e paz para todos. Nenhuma dessas promessas jamais foi cumprida. Uma geração de chineses morreu enganada e outra geração de chineses continua a sofrer da trapaça. Esse é o maior sofrimento do povo chinês, e a miséria maior da nação chinesa.
Constante mudança de princípios
Durante um debate televisionado de candidatos à presidência dos EUA em 2004, um candidato disse que, enquanto uma pessoa pode mudar suas táticas para lidar com algo quando necessário, nunca deve mudar suas “crenças” ou seus “valores fundamentais”, já que de outra forma, ela não será credível7.
É uma afirmação sobre a qual vale refletir. O Partido Comunista constantemente muda suas “crenças” e “valores fundamentais”. Desde seu estabelecimento, o Partido realizou 19 convenções nacionais e modificou a Constituição do Partido cerca de 20 vezes. Nos mais de cinquenta anos após ter obtido o poder, o PCCh fez cinco grandes modificações na Constituição da China.
Um ideal declarado do Partido Comunista é promover igualdade social visando uma utopia comunista. A China hoje, sob o controle comunista, se tornou, inversamente, uma nação com as mais graves desigualdades econômicas do mundo. Muitos membros do PCCh se tornaram extremamente ricos, enquanto centenas de milhões de pessoas ainda vivem na pobreza no país.
As bases teóricas do Partido Comunista Chinês começaram com o marxismo-leninismo, ao qual foi adicionado o maoísmo; depois, o pensamento de Deng Xiaoping e, recentemente, as “Três Representações” de Jiang Zemin. O marxismo e o maoísmo não são em nada compatíveis com as teorias de Deng e a ideologia de Jiang; na verdade, eles são opostos. Essa miscelânea de teorias comunistas empregada pelo PCCh é, de fato, uma abominação histórica.
Os voláteis princípios do Partido Comunista se contradisseram amplamente ao longo de sua evolução. Invertem-se da busca por uma “integração global” que transcende os Estados nacionais ao nacionalismo extremo; do extermínio de toda propriedade privada e da “erradicação das classes exploradoras” à promoção da entrada de capitalistas no Partido. Os princípios de ontem se invertem nas políticas de hoje, enquanto se aguarda para saber as mudanças de amanhã. Mas, mude quantas vezes for seus princípios, as metas do Partido Comunista Chinês permanecem: adquirir e manter o poder e exercer controle social absoluto.
Na história do PCCh, houve mais de uma dúzia de movimentos aos moldes de “lutas de vida ou morte”. Na realidade, todos eles coincidiram com transferências de poder no país ocorridas após alterações em princípios elementares do Partido. Cada mudança de seus princípios ocorreu a partir de uma inevitável crise enfrentada pelo Partido, ameaçando sua legitimidade e sobrevivência. Seja a colaboração com o Kuomintang — o Partido Nacionalista —, a política externa pró-eua, a reforma econômica e a expansão do mercado ou a promoção do nacionalismo, cada uma dessas decisões ocorreu em momentos de crise, e todas estão relacionadas com a tomada e solidificação de poder. Cada ciclo de perseguição a um grupo, seguido da reversão da mesma perseguição, está conectado com mudanças nos princípios básicos do PCCh.
É bíblico que “Palavras verdadeiras resistem à prova do tempo, mas as mentiras logo ficam evidentes”. Há sabedoria nessas palavras.
Como a natureza do Partido substitui e elimina a natureza humana
O Partido Comunista Chinês se estrutura como um regime autoritário leninista. Desde o começo do Partido, estabeleceram-se três linhas básicas: a linha política, a linha intelectual e a linha organizacional. A linha intelectual se refere à base filosófica do Partido. A linha política se refere ao estabelecimento de metas. A linha organizacional se refere a como as metas serão alcançadas dentro de uma forma organizacional estrita.
O primeiro e mais importante requisito para todos os membros do Partido e daqueles que são regidos pelo Partido é obedecer comandos incondicionalmente. É disso que se trata a linha organizacional.
Na China, o povo conhece a dupla face dos membros do PCCh. Em âmbito privado, a maioria dos membros do Partido possui uma natureza humana comum, tem alegrias, raivas, preocupações e as satisfações de pessoas comuns. Eles possuem méritos e fraquezas de um ser humano comum. Podem ser pais, maridos, esposas e amigos. Porém, acima dessa natureza humana está a natureza do Partido, que, de acordo com suas exigências, transcende a humanidade. Assim, a natureza humana se torna relativa e mutável, enquanto a natureza do Partido se torna absoluta, além de qualquer dúvida ou questionamento.
Durante a Revolução Cultural, era comum que pais e filhos torturassem uns aos outros, maridos e esposas lutassem entre si, mães e filhas denunciem umas às outras, e estudantes e professores se tratassem como inimigos. A natureza do Partido motivou conflitos e ódio em cada um desses casos. Durante o momento inicial do regime do PCCh, muitos altos oficiais do Partido viram-se indefesos e desamparados conforme seus familiares eram rotulados “inimigos de classe”. É outro fenômeno que decorre da natureza do Partido.
O poder da natureza do Partido sobre o indivíduo resulta da prolongada doutrinação imposta pelo Partido Comunista Chinês, um condicionamento começa já no jardim de infância com a premiação de respostas sancionadas pelo Partido — respostas que contrariam tanto o senso comum, como a natureza humana da criança. Alunos recebem educação política do primário à universidade, e aprendem a seguir e reproduzir respostas padronizadas e sancionadas pelo Partido. Desviando-se disso, não podem passar em exames ou concluir graduações.
Um membro do PCCh deve permanecer consistente com a linha do Partido quando se expressar publicamente, não importa como se sinta em particular. A estrutura organizacional do Partido é uma gigantesca pirâmide, com o poder central no topo, controlando toda a hierarquia. Essa estrutura é uma das mais importantes características do regime do Partido e ajuda a produzir uma conformidade absoluta.
Hoje, o PCCh se degenerou completamente em uma entidade política que luta para preservar seus próprios interesses. Já não busca quaisquer altos ideais do comunismo. Ainda assim, a estrutura organizacional do comunismo permanece e sua exigência por obediência incondicional não mudou. Esse Partido, situando-se acima de toda a humanidade e da natureza humana, erradica quaisquer organizações ou indivíduos que entenda como prejudiciais, ou mesmo como potencialmente prejudiciais ao seu poder, sejam eles cidadãos comuns ou oficiais do alto escalão do Partido.
Um espectro maligno que se opõe à natureza e à humanidade
Todas as coisas sob os Céus passam pelo ciclo de nascimento, maturação, degeneração e morte.
Diferente do regime comunista, as sociedades não comunistas, mesmo aquelas que sofrem sob um regime totalitário ou ditatorial, geralmente possuem algum grau de auto-organização e autodeterminação.
A antiga sociedade chinesa era regida de acordo com uma estrutura binária. Nas áreas rurais, os clãs eram o centro de uma organização social independente, enquanto as áreas urbanas eram organizadas ao redor das guildas. O poder de imposição do governo não se estendia além do nível dos condados. Mesmo o regime nazista, provavelmente o mais atroz regime totalitário já estabelecido à exceção daqueles dos partidos comunistas, ainda permitia o direito à propriedade privada. Regimes comunistas, em contrapartida, erradicaram quaisquer elementos ou formas de organização social independentes do Partido em voga, substituindo-os por uma estrutura de poder altamente centralizada. Se estruturas sociais descentralizadas permitem que a autodeterminação de indivíduos ou grupos aconteça naturalmente, a governança comunista é, por essência, oposta a esse estado natural da sociedade.
O Partido Comunista não respeita verdades universais da natureza humana. Ele arbitrariamente manipula conceitos de bem e mal, bem como qualquer lei ou regulamento. Comunistas não permitem o assassinato, exceto para aqueles categorizados como inimigos do Partido Comunista. Piedade filial é bem-vinda, exceto para parentes considerados inimigos de classe. Os valores tradicionais de benevolência, retidão, propriedade, sabedoria e fé são bons, mas não são aplicáveis quando o Partido não deseja ou não quer considerar essas virtudes tradicionais. O Partido Comunista destitui os padrões universais da natureza humana e se ergue sobre princípios que se opõem à natureza humana.
Sociedades não comunistas geralmente consideram a dualidade do bem e do mal da natureza humana e confiam em contratos sociais fixos para manter o equilíbrio da sociedade. Em sociedades comunistas, entretanto, o próprio conceito de natureza humana é negado — nem o bem, nem o mal são reconhecidos. Eliminar os conceitos de bem e mal, de acordo com Marx, serve para derrubar completamente a superestrutura[8] da antiga sociedade.
O Partido Comunista não acredita no divino, nem respeita a natureza física. “Batalhe contra os Céus, brigue contra a Terra, lute contra os seres humanos – nisto reside infinita alegria”. Esse era o lema do Partido Comunista Chinês durante a Revolução Cultural, uma época em que sofrimento sem precedentes foi infligido ao povo chinês e a seu país.
Os chineses tradicionalmente acreditam na unidade entre o Céu e os seres humanos. Lao Tsé disse no Tao Te Ching: “O homem segue a Terra, a Terra segue o Céu, o Céu segue o Tao, e o Tao segue o que é natural”.[9] Os seres humanos e a natureza existem dentro de uma relação harmônica na totalidade do cosmos.
O Partido Comunista pode ser entendido como uma espécie de entidade que se opõe à natureza, aos Céus, à Terra e à humanidade. É um espectro maligno que se opõe ao universo.
Efeitos do espectro
As organizações do Partido Comunista, elas próprias, jamais participam de atividades produtivas ou criativas. Uma vez que conquistem poder, elas se aferram à população local para controlá-la e manipulá-la. O Partido estende sua influência até as unidades sociais mais básicas por medo de perder o controle. O que se segue é o monopólio dos recursos produtivos e a drenagem das riquezas da sociedade.
Na China, o PCCh se estende por todo lugar e controla tudo, mas ninguém nunca viu os registros contábeis do Partido, apenas os do Estado, dos governos locais e das empresas. Do governo central aos comitês das vilas nas áreas rurais, os servidores dos municípios são sempre classificados como inferiores aos membros do Partido da mesma alçada, então os governos municipais são obrigados a seguir as instruções do respectivo comitê do Partido Comunista. As despesas do Partido são supridas pelos municípios, mas sem prestação de contas independente, confundindo os registros contábeis dos governos locais com os do PCCh.
Esta organização permeia, como um malevolente espectro possessor, cada partícula da sociedade chinesa, perseguindo suas unidades mais ínfimas como se fosse sua sombra; penetra profundamente suas tramas e células como um parasita de vasos finos para a sucção do sangue, drenando a vitalidade do hospedeiro — cada célula da sociedade —, controlando e manipulando toda a sociedade. Esse tipo curioso de “possessão” perversa já ocorreu antes na história humana, parcialmente ou por curtos períodos. Mas jamais operou por tanto tempo e controlou tão completamente uma sociedade como sob o regime do Partido Comunista.
Por essa razão, recai o fardo da pobreza sobre os lavradores chineses — desgastados pelo trabalho árduo. Eles sustentam não somente os servidores públicos da administração local, mas também um número similar ou maior de oficiais do Partido.
Por essa razão, chineses perderam amplamente seus empregos. A estrutura onipresente e parasitária do PCCh tem extraído fundos das empresas do país há anos.
Por essa razão, os intelectuais chineses sentem tamanha dificuldade no livre exercício de seus ofícios. Além de seus gestores, há a sombra do Partido, à espreita por toda parte em constante vigilância sobre a população.
Um espírito possessor precisa controlar por completo a mente dos possuídos visando drenar energia para a sua sobrevivência.
Estudos de ciência política moderna comumente pontuam três fontes principais de poder: violência, riqueza e conhecimento. O Partido Comunista Chinês, sem hesitar, utiliza o monopólio da violência estatal para apreender a riqueza alheia, mas além disso — e com maior importância — ele suprime a liberdade de expressão e imprensa das populações. Para manter seu domínio absoluto do poder, ele violentou o espírito e os anseios populares. A possessão maligna do PCCh dificilmente pode ser comparada ao ocorrido em qualquer outro regime do mundo.
Examine a si próprio e se liberte da possessão do Partido Comunista Chinês
Em 1848, no Manifesto Comunista, o primeiro documento programático do Partido Comunista, Marx proclamou que “um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo”.[10] Um século depois, o comunismo é mais do que um espectro assombroso, ele adquiriu um corpo material e concreto. Espalhou-se pelo mundo como uma epidemia, matando dezenas de milhões e tomando propriedades e a liberdade mental e espiritual de centenas de milhões.
O princípio básico do Partido Comunista é o confisco de toda propriedade privada visando eliminar a “classe exploradora”. A propriedade privada é a base dos direitos sociais, e muitas vezes transmite a cultura nacional. Aqueles que são roubados de sua propriedade privada, eventualmente, também acabam privados de sua liberdade de pensar e crer e, por fim, podem perder sua liberdade de pleitear direitos sociais e políticos.
Diante de uma crise de sobrevivência, o Partido Comunista Chinês foi forçado a reformar a economia chinesa, na década de 1980. Alguns direitos à propriedade privada foram restituídos ao povo. Isto criou uma brecha na imensa máquina de controle minucioso do PCCh. Essa brecha se ampliou com a ambição desenfreada dos membros do Partido por acumular fortunas privadas.
O PCCh, um espectro maligno possessor sustentado por violência, mentiras e pela frequente mudança de sua aparência e imagem, agora começa a apresentar sinais de decadência, mostrando-se inquieto ao menor distúrbio. Ele tenta sobreviver, acumulando mais riqueza e acirrando seu controle, mas essas ações só servem para intensificar a crise. A China de hoje parece próspera, mas conflitos sociais se intensificaram a um nível nunca visto antes. Usando técnicas de intriga política do passado, o PCCh pode fingir alguma concessão, retratando-se em relação ao Massacre da Praça da Paz Celestial ou à perseguição ao Falun Gong, e então apontar outros grupos como seus inimigos escolhidos, para, dessa forma, continuar a exercer seu regime de violência e terror.
Os desafios enfrentados pela nação chinesa em sua história contemporânea foram respondidos com importação de armas, reformas de seus sistemas políticos e, por fim, com revoluções extremas e violentas. Inumeráveis vidas foram perdidas e a maior parte da cultura tradicional chinesa foi destruída. A China de hoje mostra que essa resposta final — a da revolução violenta — resultou em fracasso absoluto. Quando a inquietação e a ansiedade ocuparam o pensamento chinês, o PCCh aproveitou a oportunidade para entrar em cena, e, eventualmente, cooptou a última civilização ancestral existente no mundo sob seu controle.
Nos desafios futuros, o povo chinês terá inevitavelmente de escolher outra vez. E não importa qual escolha seja feita, cada chinês deve entender que qualquer vestígio de esperança no PCCh apenas piorará o dano causado à nação chinesa e injetará novas energias no espectro maligno e possessor do Partido.
Somente abandonando todas as ilusões, buscando dentro de nós mesmos em profunda introspecção, resolutamente inspirados a negar a influência de ódio, cobiça ou interesses, poderemos nos livrar por completo do terror e do controle exercidos pelo Partido Comunista Chinês — um pesadelo que dura mais de cinco décadas — e restabelecer, em nome de uma nação livre, a civilização chinesa pautada pelo respeito à natureza humana e pela compaixão ao próximo.
NOTAS:
[1] Jiang Zemin foi o Secretário-Geral do Partido Comunista Chinês entre 1989 e 2002. Em 20 de julgo de 1999 ele ordenou uma campanha para erradicar a disciplina espiritual Falun Gong.
[2] A Reforma dos Cem Dias foi uma reforma que durou de 11 de junho até 21 de setembro de 1898, totalizando 103 dias. Guangxu, o imperador da Dinastia Qing (1875-1908), encomendou uma série de reformas visando a abrangentes mudanças sociais e institucionais. A oposição à reforma era intensa entre a elite conservadora do governo. Apoiada pelos ultraconservadores e com o tácito suporte do político oportunista Yuan Shikai, a imperatriz viúva Cixi orquestrou um golpe de Estado em 21 de setembro de 1898, forçando Guangxu, o jovem proponente da reforma, à reclusão. Cixi tomou o governo como regente. A Reforma dos Cem Dias terminou com a anulação dos novos decretos e a execução de seis dos principais defensores da reforma.
[3] A Revolução de Xinhai, batizada em homenagem ao ano chinês de Xinhai (1911), foi a derrubada (10 de outubro de 1911 a 12 de fevereiro de 1912) da dinastia Qing, que governava a China, e o estabelecimento da República da China.
[4] O Movimento Quatro de Maio foi o primeiro movimento de massa na história moderna da China e começou em 4 de maio de 1919.
[5] www.marxists.org/archive/marx/works/1848/communist-manifesto/ch04.htm
[6] O Kuomintang, ou Partido Nacionalista Chinês, teve origem em 1912 e governou grande parte da China de 1928 até sua derrota pelo PCC em 1949.
[7] Carta de Mao Tsé-Tung para sua esposa, Jiang Qing (1966).
[8] O pensamento marxista divide a sociedade em duas partes: a base, que consiste em forças e relações de produção econômica, e a superestrutura, que consiste em todo o resto, inclusive política e cultura.
[9] Do capítulo 25 do Tao-Te Ching, um dos mais importantes textos taoístas.
[10] www.marxists.org/archive/marx/works/1848/communist-manifesto/ch01.htm