COMENTÁRIO QUATRO
O Partido Comunista é uma força que se opõe ao Universo
Prefácio
O povo chinês dá grande valor ao Tao, o — “Caminho”. Em tempos remotos, por exemplo, um imperador tirânico seria considerado “um governante decadente que carece do Tao”, e qualquer atitude que estivesse em desacordo com o padrão de moralidade, que em chinês é representado pelos caracteres “Dao” e “De” — respectivamente “Caminho” e “Virtude” — seria considerada uma que “não segue os princípios do Tao”. Mesmo os camponeses ao se rebelar em protesto, estendiam faixas que diziam “atenha-se ao Tao em respeito aos Céus”. Lao-Tsé[1] disse: “Há algo misterioso e pleno, que existia antes mesmo do Céu e da Terra. Silencioso, sem forma, completo e imutável. Permeando todos os lugares em eterna perfeição, mãe de todas as coisas. Eu não sei seu nome; eu o chamo de o Caminho”. Essa afirmação de Lao-Tsé sugere que o mundo é oriundo do Tao.
Nos últimos cem anos, a súbita invasão do espectro comunista no mundo criou uma força que viola a natureza e a humanidade, causando uma sequência infindável de agonia e tragédia enquanto empurra a civilização humana para a beira da destruição. Tendo cometido todo tipo de atrocidades que violam o Tao e se opõem ao Céu e à Terra, esse espectro se tornou uma força extremamente maligna que é contrária ao universo.
“O homem segue a Terra, a Terra segue o Céu, o Céu segue o Tao e o Tao segue o que é natural”[2] dizia Lao-Tsé. Desde a antiga China, permeada por crença, era comum pensar sobre consentir, se harmonizar e coexistir com os Céus, e que a humanidade, o Céu e a Terra estão integrados e são interdependentes.
Considerava-se que “o Tao do universo é imutável” — que tudo no universo circula de forma ordenada, em conformidade com o Tao; que a Terra acompanha as transformações dos Céus, por isso tem quatro estações distintas; que, analogamente, respeitando os arranjos divinos, a humanidade desfruta de uma vida harmoniosa com bênçãos e gratidão pelas dádivas que recebe. Isso está sintetizado na noção de “harmonia entre o Céu, a Terra e o Homem”, dominante na cultura chinesa.[3] De acordo com o pensamento chinês, esse entendimento permeia todos os campos do conhecimento, incluindo a astronomia, a geografia, o calendário, a medicina, a literatura e as estruturas sociais.
Mas o Partido Comunista promove, [ao invés], “o homem sobre a natureza” e uma “filosofia de luta”, que despreza os Céus, a Terra e a natureza. Mao Tsé-Tung disse que “É uma alegria infinita lutar contra os Céus, é uma alegria infinita lutar contra a Terra e é uma alegria infinita lutar contra a humanidade.”. Talvez, de fato, o Partido Comunista tenha adquirido alguma alegria com essas lutas, mas o povo tem pagado por isso, a duras penas, um preço caro e doloroso.
A Luta Contra o Povo e o Extermínio da Natureza Humana
Confundindo bem e mal e eliminando a humanidade
Um ser humano é primeiro, um ser natural, e depois, um ser social. “Os homens, ao nascer, são bons por natureza” e “Todas as pessoas tem um coração de compaixão”[4] estão entre muitas das diretrizes que seres humanos carregam inatamente. Entretanto, para o Partido Comunista Chinês (PCCh), os seres humanos são como animais ou mesmo máquinas, e a burguesia e o proletariado são apenas forças materiais.
O propósito do Partido é controlar as pessoas e gradualmente transformá-las em revolucionários violentos. Karl Marx disse: “As forças materiais devem ser derrubadas pela força material; mas a teoria também se torna uma força material assim que ela domina as massas”.[5] Ele acreditava que toda a história humana não passa da contínua evolução da natureza humana, e que a natureza humana é definida pela natureza de classe — nada é inerente ou inato e tudo é produto do meio. Marx acreditava que o ser humano era um “homem social”, em desacordo com o conceito de “homem natural” postulado pelo filósofo alemão Ludwig Feuerbach.
Vladimir Lênin acreditava que o marxismo não se desenvolveria de forma natural entre o proletariado, mas que ele precisaria ser instigado por um elemento externo. Lênin, apesar de seus esforços, não conseguiu que os trabalhadores passassem da “luta econômica” para uma batalha política pelo poder. Então, ele fixou suas esperanças na “Teoria do reflexo condicionado” publicada por Ivan Petrovich Pavlov, ganhador do Prêmio Nobel. Lênin disse que essa teoria “tem um significado importante para o proletariado do mundo inteiro”. Leon Trotsky[6] até esperou, em vão, que o reflexo condicionado pudesse ser usado não só para mudar uma pessoa psicologicamente, mas também fisicamente — fazendo com que, da mesma forma como os cachorros salivam ao ouvirem o sino que os chama a comer, soldados avançassem bravamente ao ouvirem tiros, e dedicassem suas vidas ao Partido Comunista.
Desde tempos antigos, acredita-se que esforço e trabalho são recompensados, e que por meio do trabalho duro, pode-se ter uma vida próspera. A indolência era desprezada e receber recompensas sem trabalhar era considerado imoral. Entretanto, após o Partido Comunista infectar a China como uma praga, a escória da sociedade e os ociosos foram incentivados pelo PCCh a “dividir” terras, roubar propriedade privada e tiranizar homens e mulheres — de forma aberta e sob a graça da lei
É senso comum que o cuidado com os mais jovens e o respeito para com os mais velhos e os professores é positivo. A educação ancestral confucionista é dividida em duas etapas: a “Xiao Xue” (Pequeno Aprendizado) e a “Da Xue” (Grande Aprendizado). A educação Xiao Xue, é para as crianças até os 15 anos, e se foca principalmente em bons hábitos pessoais, abrangendo higiene, interação social, bons modos e comunicação. A educação Da Xue enfatiza os aspectos da virtude e da obtenção do Tao.[7] Um antigo ditado chinês dizia: “Um dia como seu professor, e deve-se respeitá-lo por toda a vida como respeita-se a um pai”.
Quando o Partido Comunista Chinês promoveu campanhas criticando Lin Biao[8] ou Confúcio, ou mesmo a dignidade dos professores, ele eliminou completamente esses padrões elevados da mente da geração mais jovem.
Em 5 de agosto de 1966, Bian Zhongyun, uma professora do Colégio Feminino Afiliado da Universidade Normal de Pequim, foi forçada por suas alunas a desfilar na rua usando um chapéu humilhante, com suas roupas manchadas por tinta preta, e carregando no pescoço um quadro com insultos escritos nele, enquanto as estudantes batiam em latas de lixo usadas como tambores ao redor dela. As alunas a obrigaram a se ajoelhar no chão, a espancaram com uma tábua espetada por pregos e a queimaram com água fervendo. Ela foi torturada até a morte.
A diretora do Colégio Afiliado da Universidade de Pequim foi forçada pelos estudantes a bater contra uma pia quebrada e a gritar: “Eu sou um mau elemento”. Para humilhá-la, eles cortaram seu cabelo de forma desordenada. Sua cabeça foi golpeada até jorrar sangue enquanto a fizeram rastejar pelo chão.
O Partido reformulou a mentalidade da população sob seu regime — do respeito aos mestres à higiene básica. Pelo senso comum a higiene pessoal é considerada boa, e a sujeira ruim, mas o Partido Comunista Chinês incentiva que se “tenha lama por todo o corpo e calos nas mãos” elogiando quem tem as “mãos sujas e pés cobertos com estrume de vaca”.[9] Pessoas assim eram consideradas as mais revolucionárias e podiam frequentar universidades, juntar-se ao Partido, ser promovidas e finalmente se tornar líderes do Partido.
A humanidade progrediu através do acúmulo de conhecimento. Mas sob o regime do Partido Comunista Chinês, obter conhecimento foi considerado algo ruim, e os intelectuais foram classificados como “a fétida nona categoria[10]” — a pior em uma escala de um a nove. Era dito aos intelectuais que aprendessem com os analfabetos e que fossem reeducados pelos camponeses pobres, assim eles seriam reformados e poderiam começar “vida nova”.
Para a “reeducação” dos intelectuais, professores da Universidade de Tsinghua foram exilados na Ilha das Carpas, em Nanchang, na província de Jiangxi. A esquistossomose[11] era uma doença comum nessa área e até um campo de trabalho que originalmente ficava lá teve que ser realocado. Esses professores, após terem contato com as águas da região da ilha, foram imediatamente infectados e desenvolveram cirrose hepática e ascite. Com a saúde debilitada acabaram perdendo a capacidade de trabalhar e se sustentar.
Instigado por Zhou Enlai, o Primeiro-Ministro chinês à época, o Khmer Vermelho — Partido Comunista do Camboja — realizou uma cruel perseguição aos intelectuais de seu país. De 1975 a 1978, um quarto da população do Camboja foi assassinada: pensar de forma independente foi motivo para o extermínio — fisicamente e espiritualmente. Alguns foram mortos pelo simples fato de terem marcas de óculos em suas bochechas.
Em 1975, tão logo o Khmer Vermelho tomou o poder no país, seu líder, Pol Pot, avançou com seu plano de implementar o socialismo — seu suposto “paraíso na sociedade humana” — com a “estrutura social” do país sendo remodelada. Não existiria mais diferença de classes, divisão entre a população urbana e rural, nem moeda ou comércio. O resultado de seu dito “Céu na Terra”, foi a destruição de famílias, separadas e substituídas por “grupos de trabalho” masculinos e femininos, com seus membros sendo forçados a trabalhar e alimentar-se juntos com os mesmos uniformes negros, revolucionários ou militares. Maridos e mulheres podiam se encontrar somente uma vez por semana, depois de serem autorizados a isso.
O Partido Comunista declara não temer nada, nos Céus ou na Terra, e tem tentado com arrogância “reformar os Céus e a Terra”. É a completa desconsideração a todos os elementos retos e forças do universo. Mao Tsé-Tung, enquanto estudante na província de Hunan, escreveu:
“Ao longo dos séculos, as nações fizeram grandes revoluções. O velho é removido e as coisas são imbuídas com o novo; grandes mudanças ocorreram, envolvendo vida e morte, sucesso e ruína. É a mesma coisa com a destruição do universo. A destruição definitivamente não é a destruição final, e não há dúvida de que a destruição aqui será o nascimento lá. Todos nós antecipamos essa destruição porque, destruindo o velho universo, nós traremos o novo. Ele não é melhor do que o velho?!”[12]
O afeto é uma emoção humana natural. O afeto entre marido e mulher, crianças, pais, amigos e terceiros na sociedade é geralmente normal. Mediante incessantes campanhas políticas, o Partido Comunista Chinês transformou humanos em lobos ou até mesmo em um animal mais feroz e cruel que o lobo — o mais feroz dos lobos não deseja devorar sua prole, mas sob o regime do PCCh tem sido comum pais e filhos, maridos e esposas denunciarem uns aos outros; as relações familiares foram frequentemente renunciadas.
Em meados da década de 1960, uma professora em uma escola primária em Pequim, quando ensinava caracteres chineses aos estudantes, acidentalmente juntou os caracteres chineses para “socialismo” e “cair”. Os alunos a denunciaram. Depois disso, ela foi criticada todos os dias e esbofeteada pelos meninos estudantes da escola. Sua filha rompeu relações com ela. Sempre que a “luta revolucionária” ficava mais intensa na escola, sua filha criticava sua mãe no “novo movimento na luta de classe” durante as “sessões políticas”. Por vários anos após o incidente, o único trabalho da professora foi a faxina da escola e dos banheiros.
As pessoas que passaram pela Revolução Cultural nunca irão esquecer Zhang Zhixin, uma dissidente que foi enviada para a prisão. Ela criticou Mao pelo fracasso no Grande Salto para Frente. Muitas vezes, os guardas da prisão tiraram suas roupas, amarraram suas mãos atrás das costas e jogaram-na nas celas da prisão masculina, deixando que os prisioneiros a violentassem. Ela foi estuprada até enlouquecer. Depois disso, ela foi encaminhada para a execução, mas temendo que ela gritasse slogans de protesto no momento derradeiro, os guardas da prisão pressionaram sua cabeça contra um tijolo e cortaram sua traqueia seletivamente sem anestesia, assegurando que ela pudesse respirar, mas não falar.
Recentemente, na perseguição ao Falun Gong, o Partido Comunista Chinês continua a usar os mesmos velhos métodos de incitação do ódio e da violência.
O Partido Comunista suprime a natureza virtuosa dos seres humanos, e promove, encoraja e instrumentaliza o que há de perverso na humanidade para fortalecer seu regime. Em uma campanha após outra, quem quer que possua uma consciência é forçado ao silêncio por temor à violência. O PCCh destruiu sistematicamente os padrões morais universais na tentativa de demolir completamente os conceitos de bom e mau, e de honra e vergonha, que têm sido mantidos pela humanidade por milhares de anos.
O Mal que Transcende a “Lei da Mútua Geração e Inibição Recíproca”
Lao-Tsé disse:
Sob os Céus, todos podem ver a beleza como beleza apenas porque existe a feiura. Todos podem reconhecer o bom como bom porque há o mau.
Assim, o ter e o não ter surgem juntos; Difícil e fácil se complementam;
Longo e curto se contrastam;
Alto e baixo repousam um no outro; Voz e som se harmonizam;
Frente e verso seguem um ao outro.[13]
Colocado simplesmente, há a lei da “mútua geração e inibição recíproca” no mundo humano. Não somente os seres humanos são divididos em indivíduos bons e maus, mas o bem e o mal também coexistem dentro de uma mesma pessoa. Dao Zhi, um ícone dos bandidos na antiga China, [pode ser interpretado como exemplo concreto do conceito — o fora da lei que] disse aos seus seguidores: “Os bandidos também devem seguir o Caminho”. Para ele, ao ser um bandido também era necessário ser “honrado, corajoso, correto, sábio e benevolente”; mesmo um bandido não poderia fazer o que quer que lhe conviesse — teria de seguir certas regras.
A história do Partido Comunista Chinês pode ser dita uma de trapaça e traição irrestrita. O que os bandidos mais honram tradicionalmente é “Yi” (義 — um senso de “retidão” ou “justiça”, de compromisso mútuo com os cúmplices). Até o lugar onde eles dividem os espólios é chamado de “o saguão da retidão (義) para dividir os espólios”. Mas sempre que surge uma crise entre os “camaradas” dentro do Partido Comunista, eles expõem e acusam uns aos outros, e até mesmo fabricam acusações falsas para implicar uns aos outros, somando insultos às injúrias.
O General Peng Dehuai é caso pedagógico do modus operandi. Mao Tsé-Tung, sendo de origem camponesa, sabia certamente que era impossível produzir 130 mil jin de grãos por mu[14] e que o que Peng dizia era verdade[15]. Ele também sabia que Peng não tinha intenção de tomar seu poder — o general havia salvado a vida de Mao por várias vezes quando enfrentou a tropa de mais de 200 mil soldados de Hu Zongnan, do Kuomintang, somente com cerca de 20 mil soldados, durante a Guerra Civil Chinesa. Entretanto, assim que Peng expressou discordância, Mao imediatamente explodiu de raiva e anulou o poema que escreveu elogiando Peng: “Quem ousa cavalgar adiante com espada em mãos — apenas nosso General Peng!” Ele estava determinado a condenar o general à morte, apesar da nobreza da “camaradagem” de Peng, que havia salvado a sua vida.
O Partido Comunista Chinês mata brutalmente ao invés de governar com benevolência; persegue os próprios membros, desprezando “camaradagem” e lealdade pessoal; ele negocia covardemente território chinês; faz-se inimigo da fé e da retidão, mostrando falta de sabedoria; lança movimentos de massa, violando o modo dos sábios de governar a nação. O PCCh chegou ao ponto de abandonar o mínimo padrão moral em que “mesmo bandidos seguem o Caminho”. Sua maldade já extrapolou em muito a lei da mútua geração e inibição recíproca presente no universo. Ele se opõe completamente à natureza e à humanidade com o propósito de confundir os critérios de bem e mal, e subjugar a lei do universo. Sua arrogância desenfreada atingiu seu apogeu — ele está condenado ao colapso completo.
O Combate contra a Terra — A Geração Infindável de Desastres
A luta de classes se estende à natureza
Jin Xunhua, em 1968, era um aluno que há pouco formara-se no ensino médio na Escola Intermediária Wusong Nº 2, de Xangai, e um membro do Comitê Permanente dos Secundaristas da Guarda Vermelha na cidade. Em março de 1969, ele foi mandado para o interior da província de Heilongjiang. Em 15 de agosto de 1969, uma violenta enchente desceu de uma cadeia de montanhas e rapidamente inundou as áreas próximas ao Rio Shuang. Jin pulou nas águas turvas para resgatar dois postes elétricos que viu à deriva para sua equipe e se afogou. Seguem abaixo duas anotações do diário de Jin antes de morrer[16]
4 de julho
Estou começando a sentir a severidade e a intensidade da luta de classes no campo. Como um guarda vermelho do Presidente Mao, eu estou totalmente preparado para lutar de frente contra as forças reacionárias, tendo como minha arma o invencível Pensamento de Mao Tsé-Tung. Estou disposto a fazer isso, mesmo que signifique sacrificar minha vida. Eu vou lutar, lutar e lutar com o máximo da minha habilidade para consolidar a ditadura do proletariado.
19 de julho
Os inimigos de classe naquela brigada de produção ainda são arrogantes. A juventude educada veio para o campo precisamente para participar dos três principais movimentos revolucionários no campo: primeiro e acima de tudo, a luta de classes. Devemos contar com a classe pobre e a classe média-baixa dos camponeses, mobilizar as massas e acabar com a arrogância dos inimigos. Nós, a juventude educada, devemos sempre sustentar as grandes bandeiras do Pensamento de Mao Tsé-Tung, nunca esquecer a luta de classes e nunca esquecer a ditadura do proletariado.
Jin foi ao interior com o pensamento de lutar contra os Céus e a Terra, e reformar a humanidade. Seus diários revelam que sua mente estava cheia de “lutas”. Ele estendeu a ideia de “lutar contra os seres humanos” a “lutar contra os Céus e a Terra”, e, ao final, perdeu sua vida por isso. Jin é um caso típico de fé na filosofia da “luta” e, sem dúvida, tornou-se sua vítima.
Engels disse uma vez18 que a “liberdade é a percepção da necessidade”. Mao Tsé-Tung acrescentou “e a reforma do mundo”. Esse toque final traz à luz a visão da natureza pelo Partido Comunista Chinês — a de algo a ser alterado. A dita “necessidade”, como compreendida pelos comunistas, é, infundadamente, algo material; “padrões” cujas origens não podem ser explicadas. Eles assumem que a natureza e a humanidade podem ser “conquistadas”, mobilizando-se a consciência subjetiva humana para interpretar esses padrões objetivos. O movimento comunista, consequentemente, causou desastres na Rússia e na China — suas duas cobaias — em seus esforços para mudar a natureza.
As canções entoadas durante o Grande Salto para Frente mostram a arrogância e a estupidez do Partido Comunista Chinês: “É eu quem sou o Imperador de Jade, é eu quem sou o Rei Dragão. Abram alas as montanhas e rios, marcho adiante!”[17]
E adiante o Partido Comunista marchou! E com ele veio em marcha a destruição do equilíbrio natural e da possibilidade de um mundo harmonioso.
O desrespeito à natureza faz o Partido Comunista Chinês colher o que plantou
Sob sua política agrícola de manter os grãos como “a chave”, o PCCh converteu grandes áreas de declives montanhosos e de pastos impróprios em terras cultiváveis — a seu bel prazer — e aterrou rios e lagos para o plantio. Como resultado, o Partido alegou que a produção de grãos, em 1952, superou a do período nacionalista, mas o que não revelou foi que, até 1972, o total da produção de grãos na China não havia superado a do pacífico governo do Imperador Qianlong (1735-1796), da Dinastia Qing. Até hoje, a produção de grãos per capita da China ainda está bem abaixo daquela da Dinastia Qing e é somente um terço daquela da Dinastia Song, quando a agricultura estava em seu auge na história chinesa.
O corte indiscriminado de árvores, o nivelamento de rios e o preenchimento de lagos resultaram em drástica deterioração ecológica na China. O ecossistema chinês está hoje à beira do colapso. A redução das águas do Rio Hai e do Rio Amarelo e a poluição dos Rios Huai e Yangtzé cortam os provimentos dos quais a nação chinesa tem dependido para sua sobrevivência. Com o desaparecimento das pastagens em Gansu, Qinghai, Mongólia Interior e Xinjiang, as tempestades de areia chegaram às planícies centrais.
Na década de 1950, sob a orientação de especialistas soviéticos, o Partido Comunista Chinês construiu a barragem hidrelétrica de Sanmenxia, no Rio Amarelo. Até hoje, essa estação só tem a capacidade geradora de um rio de nível médio, apesar de o Rio Amarelo ser o segundo maior rio da China. Para piorar as coisas, esse projeto causou um acúmulo de lama e areia na parte superior do rio e provocou a elevação de seu leito. Por causa disso, até enchentes moderadas trazem enormes custos humanos e patrimoniais para as comunidades ribeirinhas de ambas as margens do rio. Na enchente do Rio Wei (grande tributário do Rio Amarelo) de 2003, o pico do fluxo de água foi de 3.700 metros cúbicos por segundo — um nível que pode ocorrer a cada três ou cinco anos — e foi suficiente para uma enchente que causou um desastre sem precedentes nos 50 anos anteriores.
Foram construídos vários grandes reservatórios na cidade de Zhumadian, província de Henan. Em 1975, as represas desses reservatórios romperam uma após a outra. Dentro de somente duas horas, 60 mil pessoas se afogaram. O total de mortos chegou até 200 mil pessoas.
O Partido Comunista continua com seus atos deliberados de destruição da terra da China. Projetos como a Represa das Três Gargantas no Rio Yangtzé e o Projeto de Transferência de Água Sul-Norte são tentativas do Partido de mudar o ecossistema natural com investimentos que chegam a centenas de bilhões de dólares — isso sem mencionar os projetos de pequeno e médio porte de “combate contra a Terra”. Certa vez já foi sugerido dentro do Partido que uma bomba atômica fosse usada para abrir uma passagem no Platô Qinghai-Tibete para mudar o meio ambiente no oeste da China. Embora a arrogância do PCCh e seu desdém pela Terra tenham chocado o mundo, essas não são atitudes inesperadas.
Nos hexagramas do Baguá, no Livro das Mutações, os ancestrais chineses consideravam os Céus como “Qian”, ou fator de criação, e o reverenciavam como o “Tao celestial”. Eles consideravam a Terra como “Kun”, ou fator receptivo, e respeitavam suas virtudes de receptividade.
“Kun”, o hexagrama depois de “Qian”, é assim explicado no Livro das Mutações: “Estando no hexagrama Kun, a natureza da Terra é se estender e responder. Em correspondência, as pessoas superiores conduzem e sustentam todas as coisas com virtudes abundantes”.
O comentário de Confúcio sobre o Livro das Mutações20 diz: “A grandiosidade de Kun é perfeita; ela permite o nascimento de todos os seres”.
Em mais comentários sobre a natureza de “Kun”, Confúcio acrescenta: “Kun é a mais suave, ainda assim, ao mover-se, é firme. É a mais serena, porém, em natureza, abrangente. Seguindo seu Soberano Celestial, obtém sua ordem e abarca todas as coisas, vasta na transformação. Esta é a natureza de Kun — quão dócil é ela, seguindo os passos do Céu e se movendo com o tempo”.
É um apontamento de que, somente por meio de “Kun De” — as virtudes receptivas da “mãe Terra” — de suavidade, serenidade, e constância na obediência à ordem divina, podem todas as coisas se manterem e florescerem na Terra. O Livro das Mutações ensina ao homem a atitude apropriada sobre “Qiandao”, o “Tao Celestial”, ou “Característica dos Céus”; e “Kun De”, as “virtudes terrenas”: seguir os Céus, obedecer à Terra e respeitar a ordem natural.
O Partido Comunista Chinês, entretanto, violando “Qian” e “Kun”, promove “a batalha contra os Céus e o combate contra a Terra”. Ele tem saqueado os recursos naturais à vontade. No final, será inevitavelmente punido pelos Céus, pela Terra e pela ordem natural.
Batalhando Contra os Céus – Extermínio da fé e rejeição da crença
Como pode uma vida limitada entender um espaço-tempo ilimitado?
Eduard, filho de Albert Einstein, uma vez perguntou ao pai por que ele era tão famoso. Einstein respondeu: “Quando um besouro cego rasteja sobre um galho curvo, ele não percebe que o trajeto pelo qual ele rastejou era curvo. Eu tive a sorte de percebê-lo”. A resposta de Einstein tem verdadeiramente implicações profundas. Um provérbio chinês tem significado semelhante: “Você não sabe a face verdadeira do Monte Lu precisamente porque você está na montanha”. Para compreender um sistema, é preciso sair dele para observá-lo. Entretanto, usando noções limitadas para observar o infinito espaço-tempo do universo, a humanidade nunca poderá compreender sua composição completa e, assim, o universo permanecerá para sempre um mistério para a humanidade.
O domínio não percorrido pela ciência pertence à espiritualidade ou à metafísica — e recai naturalmente no domínio da “fé”.
A fé, uma atividade mental que envolve experiência e um entendimento da vida, do espaço-tempo e do universo, repousa além do que pode ser manipulado por um partido político. Então, “Dai a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”.[18] Entretanto, baseado no seu patético e absurdo entendimento do universo e da vida, o Partido Comunista chama de “superstição” tudo o que está fora de suas próprias teorias e submete à lavagem cerebral e conversão os que acreditam em Deus. Aqueles não dispostos a mudar sua crença são insultados, humilhados ou até mortos.
Os verdadeiros cientistas têm uma visão abrangente do universo e não negarão o ilimitado “desconhecido” com noções individuais limitadas. O célebre cientista Isaac Newton, em seu livro Principia Mathematica, publicado em 1687, explicou em detalhes princípios da mecânica, da formação das ondas, do movimento planetário, e calculou os movimentos do sistema solar. Newton, que foi tão eminentemente bem-sucedido, disse repetidamente que seu livro oferecia uma mera descrição de fenômenos superficiais e que ele absolutamente não ousou falar sobre o real significado do Deus Supremo em criar o universo. Na segunda edição da obra, ao expressar sua fé, Newton escreveu: “Este mais lindo sistema composto do sol, planetas e cometas poderia vir somente do conselho e domínio de um ser inteligente e poderoso… Como um homem cego não tem nenhuma ideia das cores, assim nós também não temos ideia da maneira pela qual o Deus Todo-Poderoso percebe e compreende todas as coisas”[19].
Deixe-se de lado o assunto da existência de reinos celestes que transcendem este espaço-tempo e de se aqueles que procuram o Caminho podem retornar à sua origem divina e a seu ser verdadeiro. Há algo de concordância universal: os seguidores crenças virtuosas[20] acreditam que o bem produz o bem e que o mal será punido. As fés retas desempenham um papel muito importante na conservação da moralidade humana em certo nível. Ao longo dos tempos, muitos — de Aristóteles a Einstein — têm acreditado na existência de uma lei que prevalece no universo. A humanidade jamais abandonou a investigação ou busca, por vários meios, pela verdade do universo. Além da exploração científica, por que não podem a religião, a fé, e o cultivo ser aceitos como outras abordagens para a descoberta de verdades universais?
Destruindo a Ortodoxia da Humanidade
Todas as nações historicamente acreditaram em Deus. Justamente devido à sua crença em Deus e na relação causal cármica entre o bem e o mal, os seres humanos se restringiriam e manteriam o padrão moral da sociedade. Em todos os tempos e em todo o mundo, as religiões ortodoxas no Ocidente e o confucionismo, o budismo e o taoísmo no oriente, todas ensinaram às pessoas que a verdadeira felicidade vem da fé no divino, da adoração aos Céus, da compaixão, da gratidão pelo que se tem e da recirpocidade à bondade alheia.
A premissa básica do comunismo tem sido o ateísmo — a crença de que não há Buda, não há Tao, não há vidas passadas, não há vida depois da morte e não há retribuição causal cármica. Por isso, comunistas, em diferentes países, todos disseram aos pobres e ao lumpemproletariado[21] que eles não precisam acreditar em Deus, não precisam pagar pelos seus atos, não precisam obedecer às leis ou se comportar adequadamente. Ao contrário, dizem-lhes que devem usar do ardil e da violência para adquirir riqueza.
Na antiga China, os imperadores, considerados a suprema nobreza, colocavam-se abaixo dos Céus, dizendo-se “filhos dos Céus”. Controlados e contidos pela “vontade dos Céus”, de tempos em tempos, eles emitiam editais imperiais se responsabilizando e se arrependendo perante o divino acima deles. Os comunistas, entretanto, tomam para si a representatividade da vontade celeste. Sem se sentirem restringidos pela lei ou pelos Céus, eles estão livres para fazer o que lhes convier. O resultado é a criação, na Terra, de um inferno após o outro.
Marx, o patriarca do comunismo, acreditava que a religião era o “ópio do povo”. Ele tinha receio de que o povo acreditasse no divino e em Deus e se recusasse a aceitar seu comunismo. O primeiro capítulo do livro Dialética da Natureza, de Engels, tem uma crítica a Dmitri Mendeleyev e a seu grupo de estudo do misticismo. Engels declarou que tudo durante e antes do período da Idade Média teria de justificar sua existência mediante um tribunal da razão humana. Ao fazer essa observação, ele considerou a si mesmo e a Marx como os juízes deste julgamento. Mikhail Bakunin, um anarquista e amigo de Marx, fez o seguinte comentário sobre o conhecido: “O Sr. Marx não acredita em Deus, mas acredita profundamente em si mesmo. Seu coração está repleto não de amor, mas de rancor. Ele tem muito pouca benevolência quanto aos homens, e torna-se furioso […] quando alguém ousa questionar a onisciência da divindade que ele adora, ou seja, o próprio Sr. Marx.”[22].
As fés tradicionais ortodoxas constituem um obstáculo natural à arrogância comunista.
O Partido Comunista Chinês perdeu toda a compostura na perseguição frenética à religião. Durante a Revolução Cultural, numerosos templos e mosteiros foram derrubados e monges foram levados às ruas, forçado a desfilar em humilhação. No Tibete, 90% dos templos foram danificados ou destruídos. Até hoje, o PCCh continua a perseguição religiosa, prendendo dezenas de milhares de cristãos de igrejas clandestinas. Gong Pinmei, um padre católico de Xangai, foi preso por mais de 30 anos pelo Partido. Ele foi aos EUA na década de 1980. Antes de morrer, aos 98 anos, ele pediu: “Mudem meu túmulo para Xangai quando o Partido Comunista Chinês não mais governar a China”. Nos mais de 30 anos de confinamento solitário impostos a ele por causa de sua fé, o Partido Comunista o pressionou inúmeras vezes para que renunciasse à sua crença e aceitasse a liderança do “Comitê Patriota Trino”[23] em troca de sua liberdade.
Recentemente, a perseguição do Partido Comunista Chinês aos praticantes de Falun Gong, que atêm-se aos princípios de verdade, compaixão e tolerância, tem sido uma extensão da sua doutrina de “batalhar contra os Céus”; bem como um resultado inevitável de seu ímpeto para forçar o povo a agir contra a própria vontade.
Os comunistas ateístas tentam canalizar e controlar a crença das pessoas em Deus e têm prazer em “batalhar contra os Céus”. A absurdidade da premissa está além das palavras — “arrogância” ou “pretensão”, sequer começam a descrever.
Conclusão
Na prática, o comunismo falhou completamente por todo o globo. Jiang Zemin, antigo líder do último regime comunista de grande porte no planeta, disse a um correspondente do Washington Post, em março de 2001: “Quando eu era jovem, eu pensava que o comunismo viria muito rapidamente, mas agora eu não penso assim”.[24] Atualmente, o número dos que realmente acreditam no comunismo é pequeno e esparso. O movimento comunista está fadado a falhar, uma vez que ele viola a lei do universo e se opõe ao divino. Uma força tão oposta ao universo caminha, por certo, a uma punição por força maior — por vontade divina.
Embora o Partido Comunista Chinês tenha sobrevivido a crises pela constante transmutação de sua aparência e pelo desesperado agarrar de suas últimas maquinações, seu destino sinistro e inevitável está claro diante do mundo. Com suas máscaras caindo, uma a uma, o Partido está revelando sua verdadeira natureza de ambição, brutalidade, desfaçatez, maldade e oposição ao universo. Mas ele continua a controlar a mente das pessoas e a deformar a ética humana, destruindo, assim, a moralidade, a paz e o progresso humanos.
O vasto universo carrega consigo a irrefutável vontade dos Céus, também chamada de a vontade divina; e lei ou ordem natural. A humanidade somente terá um futuro se respeitar a vontade divina, seguir o curso da natureza, observar a lei do universo e amar a todos os seres sob os Céus.
NOTAS:
[1] “Tao-Te Ching”, Capítulo 25, tradução livre. Lao-Tsé, também conhecido como Lao Zi, Lao-Tzu, Li Er ou Li Dan, foi um filósofo chinês que viveu no século VI a.C. Ele é autor do Dao De Jing (Tao-Te Ching), o principal livro do taoísmo.
[2] ibid.
[3] “San Zi Jing (Rimas de Três), um texto tradicional chinês para o ensino fundamental. Tradução livre.
[4] Dos ensinamentos de Mêncio, livro VI, tradução livre. Mêncio (Mengzi) foi um filósofo chinês que viveu no século IV a.C.,
[5] Karl Marx, Uma contribuição à crítica da Filosofia do Direito de Hegel. MARX, Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os Pensadores). p. 55.
[6] Leon Trotsky (1879-1940) foi um teórico comunista russo, historiador, líder militar e fundador do Exército Vermelho Russo. Ele foi morto em 22 de agosto de 1940, na Cidade do México, por agentes de Stalin.
[7] De acordo com Zhu Xi ou Chu Hsi (1130-1200), da Dinastia Song, também conhecido como Zhu-zi ou Chu-tzu, um estudioso do neoconfucionismo, o Pequeno Aprendizado ensina qual seria o comportamento adequado, enquanto o Grande Aprendizado expõe os princípios por detrás daqueles comportamentos. Mais informação em: Conversas Secretas do Mestre Zhu (Zhu Zi Yu Lei), Vol. 7 (Aprendizado 1).
[8] Lin Biao (1907-1971), um dos importantes líderes do Partido Comunista Chinês, serviu sob Mao Tsé-Tung como membro do Politburo da China, Vice-Presidente (1958) e Ministro da Defesa (1959). Lin é considerado o arquiteto da Revolução Cultural na China. Ele foi designado sucessor de Mao em 1966, mas perdeu seu favoritismo em 1970. Pressentindo sua queda, Lin se envolveu em uma tentativa de golpe e tentou fugir para a URSS assim que a trama foi descoberta. Durante sua tentativa de fuga, seu avião caiu na Mongólia, resultando em sua morte.
[9] Mao, Zedong. 在延安文艺座谈会上的讲话 (Zài Yán’ān Wényì Zuòtánhuì Shàng de Jiǎnghuà) [Discursos sobre literatura e arte no Fórum de Yan’an], 1942. Tradução para o português livre pelo autor da citação.
[10] Quando o Partido Comunista Chinês iniciou a “reforma agrária”, subdividiu a população do país em grupos. Entre as classes definidas como “inimigas”, os intelectuais estão, depois dos proprietários de terras, reacionários, espiões etc., na posição número 9.
[11] A esquistossomose é uma doença causada por vermes parasitas. A infecção ocorre após o contato com água doce contaminada. Os sintomas comuns incluem febre, calafrios, tosse e dores musculares. Em casos mais graves, a doença pode causar danos ao fígado, ao intestino, aos pulmões e à bexiga e, em casos raros, convulsões, paralisia e inflamação da medula espinhal.
[12] De Mao Zedong, Capítulo 3, publicado pela Chinese Archive Publishing House. Originalmente publicado em inglês em The People’s Emperor, Mao: A Biography of Mao Tse-Tung (1980), de D. Wilson. Tradução livre.
[13] “Tao-Te Ching”, Capítulo 2, tradução livre.
[14] “Jin” é uma unidade chinesa de peso. Um jin equivale a meio quilograma. “Mu” é uma unidade chinesa de área, um mu equivale a 0,165 acres.
[15] O General Peng Dehuai — tido como um dos principais líderes militares da história moderna chinesa — criticou o Grande Salto para Frente de Mao Tsé-Tung, amplamente visto, dentro e fora da China, como um desastre econômico. Como consequência, ele foi exonerado de todas as suas funções e colocado sob constante supervisão e prisão domiciliar. A sua humilhação e infortúnio continuaram depois, alvejado pela Guarda Vermelha e pelo aparato do Partido Comunista durante a Revolução Cultural. Ele sofreu perseguição e assédio até sua morte em 1974, causada por problemas no fígado.
[16] Traduzido pelos editores.
[17] Tanto o Imperador de Jade como o Rei Dragão são figuras mitológicas chinesas. O Imperador de Jade, formalmente conhecido como o Augusto Personagem de Jade e informalmente chamado no jargão popular de “Vovô do Céu”, é o governante do Céu e um dos mais importantes deuses do panteão taoista chinês. O Rei Dragão é o divino governante dos quatro mares. A mitologia mantém que que cada mar, correspondendo a um dos pontos cardeais, é comandado por um Rei Dragão. Os Reis Dragões moram em palácios de cristal, são guardados por soldados camarões e por generais caranguejos. Além de governarem a vida aquática, os Reis Dragões também controlam as nuvens e a chuva. Dizem que o Rei Dragão do Mar do Leste tem o maior território.
[18] Mateus 22:21.
[19] Newton, I. The Mathematical Principles of Natural Philosophy. Translated by Andrew Motte. London: Benjamin Motte, 1729. Tradução para o português livre pelo autor da citação.
[20] Do mandarim 正統, ou “Zhang Tong”. O termo remete a sistemas “retos”, não “desviados” ou “corretos”. Pode ser traduzido como “ortodoxia”, “ortodoxo”, ou ocasionalmente “tradicional”. Aqui, traduzido intermitentemente também como “Fés retas” e “crenças virtuosas”
[21] O lumpemproletariado é traduzido rudemente como trabalhadores miseráveis ou desprezíveis. Esse termo refere-se à classe dos “desprezados”, a elementos sociais desmoralizados e de submundo pertencentes à população dos centros industriais. Abrange-se nisso ladrões, prostitutas, gângsteres, chantagistas, trapaceiros, pequenos criminosos, vagabundos, desempregados crônicos ou imprestáveis, pessoas rejeitadas pela indústria e afins. O termo é visto em obras de Marx e Engels a partir da década de 1840 e ganha mais definição por Marx em As Lutas de Classe na França de 1848 a 1850 e obras posteriores.
[22] De Sobre a Associação Internacional dos Trabalhadores e Karl Marx, escrito originalmente por Mikhail Bakunin em 1872. Tradução livre a partir da edição em inglês disponível em Bakunin on Anarchy, editada por Sam Dolgoff, 1971
[23] O Comitê Patriota Trino (ou Movimento Patriótico Trino — MPT) é uma criação do Partido Comunista Chinês. “Trino” significa “autogoverno, autossuficiência e autopropagação”. O Comitê é um órgão estatal para a supervisão do cristianismo protestante na China. Historicamente, opõe que cristãos chineses tenham laços com cristãos fora da China. O MPT, junto a outros departamentos governamentais, controla todas as igrejas oficiais, estendendo-se às católicas, na China. Igrejas que não aderiram ao MPT ou à estrutura estatal para assuntos religiosos foram já obrigadas a fechar. Líderes e seguidores de igrejas independentes, ou “clandestinas”, são perseguidos e geralmente sentenciados a cumprir penas de prisão. Acrescenta-se, em virtude de nova edição de Os 9 Comentários: aspectos da estrutura do regime comunista chinês para lidar com pessoas de fé foi nominalmente reformada por vezes após a publicação da primeira edição desta obra, mas mantém fundamentalmente seu aparato persecutório.
[24] John Pomfret. “Jiang Has Caution For U.S.; China’s Leader Says Taiwan Arms Deal Would Spur Buildup.” The Washington Post, 24 de março de 2001.