O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse neste sábado (24) que a ofensiva na região russa de Kursk não é uma “carta” a ser jogada em possíveis negociações com Moscou e ressaltou que nem todos os objetivos da operação podem ser tornados públicos.
“Algumas pessoas falam sobre o uso da zona tampão como uma carta a ser jogada no diálogo. Que tipo de diálogo? Vou lhe dizer quem diz isso, é (Vladimir) Putin”, comentou, aludindo ao presidente russo em entrevista coletiva em Kiev acompanhado do presidente da Polônia, Andrzej Duda, e da primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte.
“Nós não jogamos cartas. Somos muito abertos com nossos aliados. Falamos sobre como estamos nos movendo diplomaticamente em direção a uma paz justa e ao fim da guerra, e todos foram convidados para a plataforma da Fórmula da Paz”, declarou Zelensky.
O governante ucraniano enfatizou que vários objetivos da operação, que é “complicada”, mas está se desenvolvendo de forma “muito positiva”, não podem ser explicados publicamente para não prejudicar seu sucesso.
“Em primeiro lugar, o fundo de troca (de prisioneiros) é algo sobre o qual se pode falar publicamente. Ele foi coberto, o que é positivo. A segunda coisa é a suspensão das operações russas no norte, um ataque preventivo, e nossa operação cumpriu essa tarefa”, disse ele, descrevendo os objetivos que foram mencionados publicamente.
Outro objetivo, segundo Zelensky, é mostrar ao mundo “a realidade” de quem é Putin, que “não pensa e como proteger seu povo”, mas em como expandir seu controle sobre os territórios ucranianos.
Por sua vez, o presidente polonês, que veio a Kiev para participar das comemorações do Dia da Independência, enfatizou em seu discurso que, sem uma Ucrânia soberana, é difícil imaginar que outros países da região possam estar seguros.
“Não há necessidade de esconder o fato de que a história polonesa-ucraniana também contém páginas dolorosas. Não as relativizamos, não as apagamos, não as esquecemos. Queremos construir um futuro baseado na verdade e na reconciliação sincera”, declarou, referindo-se às relações entre os dois países.
Além disso, Duda foi favorável à decisão da OTAN de permitir que seus membros abatam projéteis russos sobre o território ucraniano.
“Espero que os membros da OTAN se convençam da necessidade dessa medida”, comentou, lembrando que os mísseis russos penetraram no espaço aéreo polonês em pelo menos duas ocasiões.
A primeira-ministra da Lituânia também disse que gostaria que os aliados discutissem ideias “mais corajosas” e não impusessem limitações a si mesmos.