O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta sexta-feira a demissão de todos os responsáveis pelos gabinetes regionais de recrutamento do país devido ao elevado número de casos de corrupção nestes centros.
“O sistema deveria ser administrado por pessoas que sabem exatamente o que é a guerra e por que o cinismo e o suborno em tempos de guerra são constitutivos de traição”, afirmou Zelensky em seu canal no Telegram.
A decisão foi tomada em reunião do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia presidida por Zelensky e deve ser implementada pelo comandante-em-chefe das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny.
O presidente ucraniano explicou em sua mensagem que atualmente estão abertos processos de corrupção contra 112 oficiais desses centros de recrutamento, enquanto há suspeitas contra 33 deles, segundo dados das diferentes forças de segurança e do Ministério Público.
“Alguns aceitaram dinheiro, outros criptomoedas, essa é a (única) diferença. O cinismo é o mesmo em todos os lugares”, denunciou Zelensky em uma mensagem de vídeo também transmitida pelo Telegram e na qual prometeu que todos aqueles que aceitaram suborno devem assumir “total responsabilidade” perante a Justiça.
Segundo o presidente ucraniano, a gestão destes gabinetes corresponderá no futuro a “soldados que passaram pela frente de batalha ou que não podem estar nas trincheiras porque perderam a saúde, perderam os membros, mas preservaram a dignidade”.
Antes de sua nomeação, os novos funcionários também serão investigados pelos serviços de segurança ucranianos, acrescentou.
Nos últimos meses, estouraram vários casos de corrupção em que os responsáveis por esses centros adquiriram bens e propriedades de luxo graças a propinas pagas por quem quer se livrar do serviço militar obrigatório.
O vice-ministro da Defesa, Oleksandr Pavluk, anunciou em 26 de julho que a equipe especial que investiga essas instituições – criada em junho por ordem de Zelensky – recebeu mais de 2.300 denúncias por vários tipos de irregularidades.
No último dia 3 de agosto, o presidente ucraniano já havia criticado duramente o trabalho desses escritórios, onde, segundo investigações preliminares, foram detectados inúmeros casos de abusos “repugnantes”.