Por Petr Svab
A Marinha dos EUA enviou à China o que aparenta ser uma advertência de que é melhor que pare de assediar tropas americanas com lasers. A mensagem veio após um navio militar destróier chinês apontar um laser em direção a um avião de reconhecimento P8-A Poseidon, operado pela marinha americana.
“Você não quer brincar de ‘laser tag’ conosco”, postou a Marinha dos EUA em sua conta oficial no Instagram em 28 de fevereiro (N. do T.: “Laser Tag” é uma espécie de jogo, popular nos Estados Unidos, que simula um tiroteio, mas utiliza feixes de luz ao invés de projéteis.)
O incidente ocorreu no dia 17 de fevereiro em espaço aéreo internacional sobre o Oceano Pacífico, cerca de 400 milhas a oeste de Guam, um território estadunidense, de acordo com os militares [americanos].
“O laser, o qual não era visível a olho nu, foi capturado por um sensor a bordo do P-8A. Lasers de categoria militar podem possivelmente causar séria debilidade a tripulantes e fuzileiros, bem como aos sistemas de navios e aeronaves”, comentou a Marinha dos Estados Unidos em uma publicação de 28 de fevereiro, declarando o incidente como “perigoso e não profissional” da parte dos chineses.
A Marinha dos EUA vem também municiando cada vez mais suas embarcações com lasers – tanto com os de capacidade destrutiva, como com os ditos “dazzlers”, os quais podem iluminar a cabine de aeronaves de forma a cegar os pilotos.
O NAVSEA (acrônimo em inglês para Comando Naval de Sistemas Marítimos) publicou em um relatório de 20 de fevereiro que o “Optical Dazzling Interdictor” da marinha, também conhecido como a arma a laser “ODIN”, havia recentemente sido instalado no navio destroyer USS Dewey com misseis teleguiados.
O incidente de 17 de fevereiro aparenta haver envolvido um “dazzler” a bordo do que estima-se ser o Hohhot, um navio destroyer de categoria Type 052D, ou Luyang III, pertencente à frota da Marinha do Exército da Libertação Popular da China. Não há informações claras quanto a se os pilotos do avião P8-A sofreram cegueira temporária.
A Marinha dos Estados Unidos destacou que o incidente violava o Código Para Encontros Não-Planejados no Mar (CUES), “um acordo multilateral alcançado no Simpósio Naval do Oeste do Pacífico para reduzir a chance de incidentes no mar”.
A publicação das forças navais americanas no Instagram incluía uma fotografia feita no ar da Ilha Woody, um dos maiores entrepostos chineses no Mar do Sul da China, com uma figura anexa de lasers em um concerto musical. “Enquanto isso, no Mar do Sul da China…”, dizia o texto na imagem. A figura, é provável, seja meramente ilustrativa, dado que o incidente de 17 de fevereiro não ocorreu próximo à ilha.
Há anos a China vem sendo criticada por assediar aviões e embarcações com lasers.
Em 2018, os Estados Unidos acusaram as forças chinesas aportadas em Djibouti, nação do leste da África, de utilizar um laser contra um avião C-130J, ferindo pilotos estadunidenses.
Ano passado, o Departamento de Defesa da Austrália relatou múltiplos incidentes em que suas aeronaves e embarcações foram alvejadas com lasers de uso manual. Informantes de dentro das forças armadas australianas culparam barcos de pesca chineses operando como parte da Milícia Marítima da China, de acordo com a ABC.