“Nós nos tornamos um parceiro estratégico dos Estados Unidos”, declarou nesta quarta-feira o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, ao retornar a Buenos Aires após uma viagem a Nova Iorque e Washington, onde na terça-feira se reuniu com autoridades do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do governo do presidente Joe Biden.
“Não vamos estar com aqueles que são contra a liberdade e a democracia liberal, (não vamos estar) com autocratas e comunistas”, disse Milei, que teve uma reunião na Casa Branca com os assessores de Segurança Nacional, Jake Sullivan, e para a América Latina, Juan González.
O líder ultraliberal – que venceu no segundo turno o candidato peronista e ministro da Economia em fim de mandato, Sergio Massa – explicou em declarações à “Radio Rivadavia” que a viagem da delegação argentina aos Estados Unidos ainda não foi concluída, pois o ministro da Economia designado, Luis Caputto, e o futuro chefe de gabinete, Nicolás Posse, ainda estão na capital federal.
“Caputto está encarregado de desarmar a bomba que o governo (de Alberto Fernández) está deixando para trás, para que possamos evitar a pior crise da história da Argentina”, enfatizou o presidente eleito, que assumirá o cargo em 10 de dezembro.
Javier Milei destacou a intenção do governo Biden de apoiar seu futuro gabinete, “um governo que promove os valores da liberdade e que imediatamente traz consigo o alinhamento internacional”.
“Nossa posição foi muito bem recebida porque nos tornamos um parceiro estratégico (dos Estados Unidos) de grande valor”, analisou Milei, que reprovou os governos anteriores por “vinte anos de obscurantismo na política externa, exceto pelos quatro anos do presidente (Mauricio) Macri (2015-2019)”.
Sobre o apoio econômico e financeiro recebido do FMI e do governo dos EUA, Milei destacou especialmente a reunião com Jack Sullivan “porque ele foi ainda mais forte e enfático ao tentar acompanhar a Argentina com apoio financeiro e investimento, tanto impulsionando os do setor privado quanto diretamente do governo dos EUA”.
“Ficamos realmente surpresos”, comentou.
“Por acaso vamos continuar a falsificar dinheiro?”
Depois de enfatizar sua “posição firme a favor do equilíbrio fiscal e da solução do problema dos passivos remunerados do Banco Central”, Milei enfatizou que “quanto mais sucesso houver em colocar os números fiscais no caixa e resolver o problema monetário, mais rápida será a queda da taxa de juros e menos doloroso será o processo de ajuste.
Questionado sobre as exigências de recursos feitas pelos governadores e legisladores, Milei respondeu com firmeza.
“E como posso dar a eles o que não tenho? Ou vamos continuar falsificando dinheiro para enganar os mais vulneráveis? Não somos um país federal? As finanças das províncias não são de responsabilidade das províncias? Qual é a minha culpa pelos erros cometidos pela gestão anterior e pelo que os diferentes governadores fizeram? A culpa não é minha”, argumentou.
“Chegou a hora de ser sincero e dizer as coisas como elas são. Não podemos continuar assim. Entramos no século XX como o país mais rico do mundo e, desde aquele momento até hoje, em 113 anos tivemos um déficit fiscal e 22 crises”, frisou o presidente eleito, que fez alusão ao compromisso assumido nas urnas.
Segundo ele, “há um mandato, esta é a primeira vez na história da Argentina que um candidato vence dizendo a verdade, dizendo que temos que nos ajustar”.
“Hoje o ajuste tem uma aceitação de mais de 80% da sociedade, as pessoas entendem que o ajuste tem de ser feito e que esse ajuste tem de recair principalmente sobre as áreas onde os políticos roubam. Eu encaro isso como um trabalho e vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para fazê-lo da melhor maneira possível. Eu transpiro pragmatismo”, concluiu.
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